oi, filho

O que fazer com os filhos no dia da eleição?

Falar do futuro dos brasileirinhos e brasileirinhas parece ser um dos principais pilares de campanha dos candidatos a cargos públicos. E a moda tem ganho força nos horários eleitorais Brasilzãoa fora: gente falando de ideologia de gênero (????) nas escolas, pedindo escola sem partido (??????????), falando sobre diminuição de idade penal, escola em tempo integral… Enfim, as crianças e adolescentes estão cada vez mais em pauta tanto nos programas de rádio e tv dos candidatos, quanto na candidatura de muito político que apesar de ser adulto, tem cabeça e proposta tão infantil quanto uma criança. 

O tema da coluna de hoje não quer discutir o mérito dessas candidaturas e sim lançar um questionamento: o que você faz, ou vai fazer, com seus filhos durante a eleição de domingo?

Bem, se eu não fosse mesário nesta eleição, com toda a certeza faria o que o TSE desaconselha: levaria meu filho para votar comigo. E embora eu tenha que passar a informação, como mesário, que na hora do voto as crianças devem ficar afastadas da cabina de votação, eu como pai faria questão de levar o meu filho junto comigo, lá dentro, e quando for mais grandinho, vai digitar os votos para mim pelo menos uma vez, para matar a curiosidade e saber como é votar, que a urna eletrônica não morde, não dá choque e principalmente: é a única capaz de mudar a realidade das pessoas. 

Foi assim que meu pai sempre fez comigo, quando ele voltava lá no bairro Azenha, em Porto Alegre. Todas as eleições cumpriamos o mesmo ritual: ir até a sessão do pai e na saída passar no armazém da tia Chica, quase do lado da escola, para tomar um picolé. Pegavamos a fila juntos, e lá na cabina ele me ditava alguns votos para que eu digitasse no painel. Os candidatos? Eram secretos. Um segredo só meu e dele. 

Durante a campanha assistia com atenção ao horário eleitoral e uma vez até colecionei os santinhos dos candidatos. Era um barato! E as musiquinhas???? Aquela do ex-prefeito de Porto Alegre que concorre ao senado este ano é uma das mais marcantes, mas claro, com uma leve adaptação na segunda estrofe, que ganhava um "APERTA A BUNDA E SAI FUMAAAÇAAAAAAAAA", sem nem perceber o quanto soava um pouco bagaceiro. Para criança, tudo é festa!

Legal mesmo era ganhar bandeira dos cabos eleitorais nas ruas. O pai sempre pegava pra mim, dizia para os caras que ia votar neles só por causa da bandeira, que depois de sacudir um pouco na rua virava uma bela espada para duelar com o Gabriel, meu irmão.

Eu não estudei psicologia, portanto não sou especialista no  assunto, mas tenho a impressão que viver as eleições com tanta intensidade durante a infância colaborou muito para a construção do cidadão consciente que eu virei. 

Espero que o Beni cresça com essa mesma vontade, de enxergar o processo eleitoral como algo bacana, atrativo e que ele perceba que cada voto conta. Por mais que os sucessivos escândalos de corrupção dos últimos anos tenham desencadeado um forte sentimento de despertencimento, desilusão e falta de perspectiva de futuro, é preciso ensinar nossos filhos que a democracia é o nosso melhor instrumento para conseguir um Brasil melhor, mais justo e igualitário.

Leve seu filho votar sempre que conseguir e o ensine desde pequenininho que os verdadeiros super-heróis não vestem capas e muito menos estão estampados em santinhos e horários eleitorais: eles só precisam de um título de eleitor e apertar com sabedoria alguns botões para salvar os próximos quatro anos de nossas vidas.

 

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