RAFAEL MARTINELLI

O risco do vale-alimentação para Câmara de Vereadores se tornar ‘vale em cascata’ em Gravataí; A coerência do líder do governo

Alex Peixe fala com Dilamar da Silva, pelos discursos de 20223 possivelmente o único voto contrário à criação do vale

Há um risco do pagamento de vale-alimentação para os servidores da Câmara de Vereadores de Gravataí ser tornar um ‘vale em cascata’. Resta colocada a polêmica, assim como no ‘piso em cascata’ para os professores. A proposta – que o Seguinte: reportou nesta quinta-feira em Câmara de Vereadores de Gravataí vai pagar vale-alimentação para servidores – pode nem ser levada ao plenário.

Explico.

Não sem antes apontar que, num momento em que o prefeito Luiz Zaffalon (PSDB) alerta ser “impagável” o ‘piso em cascata’ para o magistério, é coerente o líder do governo Alex Peixe (PTB) ao me comunicar a pouco que não vai assinar o projeto de resolução proposto pelo presidente Alison Silva (MDB).

Peixe argumenta que, regimentalmente, sem a assinatura dele, que é o primeiro secretário da mesa diretora do legislativo, o projeto não pode entrar em tramitação.

– A fonte de recursos é a mesma, a Prefeitura. Se não dá para pagar o ‘piso em cascata’, como propor vale-alimentação somente para os servidores da Câmara? Sou contra – questiona.

Onde entra o ‘vale em cascata’?

O líder do governo alerta para o risco do ‘efeito cascata’ a partir de ações judiciais de outros funcionários do Executivo pedindo paridade com os do Legislativo.

Se o cálculo é de que o vale-alimentação de R$ 25/dia custaria cerca de R$ 600 mil/ano para os servidores da Câmara, a extensão para os funcionários da Prefeitura chegaria a R$ 30 milhões anuais.

Para efeitos de comparação, o ‘piso em cascata’ – que é piso para os 200 professores que hoje ganham abaixo (R$ 4 milhões), mais a repercussão na carreira dos 2 mil professores, a partir de leis de 2019 que o governo quer revogar por garantirem o reajuste automático com uma distância de 10% entre os diferentes níveis da categoria – custa R$ 40 milhões, além de outros R$ 20 milhões para inativos e o aumento de R$ 100 milhões no déficit previdenciário em 15 anos.

Ao fim, resta aí a coerência de Peixe.

Estranho seria apoiar um benefício para servidores da Câmara, ao menos enquanto o governo se esforça para demonstrar para a sociedade que é mais correta a opção por manter outros investimentos e não destinar R$ 60 milhões para o ‘piso em cascata’ dos professores.

Se a intenção de Alison, que é a favor do ‘piso em cascata’, foi criar constrangimento político para Zaffa, seu adversário figadal e de seu padrinho e candidato a prefeito Marco Alba (MDB), a aprovação de um benefício somente para servidores da Câmara pode ter efeito contrário, atraindo também para os vereadores a ira do magistério e demais servidores da Prefeitura.

Da sociedade, que deve começar a sentir uma greve dos professores a partir de terça-feira, nem se fala. ‘Aumento’ para a Câmara, mesmo que não seja para políticos, invariavelmente é mal visto.


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