opinião

O vereador de Gravataí que achou o Queiróz

Dilamar Soares é vereador em segundo mandato

Na categoria criada pelo Facebook, os ‘superfãs’ de meus artigos são meus maiores críticos. Os políticos também, invariavelmente reclamam. Mas de uma coisa não podem me acusar: de ser caça cliques, usar o mau humor do eleitor para permitir a eles apenas a presunção de culpa ou julgá-los ignorantes.

– O menos burro está eleito! – é uma máxima provada.

Sempre busco enxergar método nas ações de cada um, inteligência, intuição, que seja. Mesmo onde às vezes a argumentação resta confusa, deserta ou errante.

Não é o caso de Dilamar Soares, estudioso vereador de Gravataí, por um bom tempo meu amigo, por outro meu inimigo de infância, ao qual dedico este artigo.

Nas explicações pessoais, que nas sessões da Câmara são tipo o acréscimo pelo uso do VAR, o parlamentar encontrou o Fabrício Queiróz. Aquele, que se tudo que falam dele e do clã Bolsonaro for verdade, é um ‘PC Farias do baixo clero’.

Dilamar citou reportagem de O Globo, que você lê clicando aqui, que revela áudio do miliciano que foi assessor na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro do hoje senador Flávio Bolsonaro, “negociando cargos”.

–Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara e no Senado. 20 continho caía bem – diz a personagem ‘Where's Wally’ do 2019 da política nacional.

Dilamar, riam nossos amigos em comum, adentrou em uma das polêmicas onde mais apanho, quando chamo a tal ‘nova política’ de fake news.

– Para mim não há velha ou nova, há a boa política – resumiu, dando um pau em Bolsonaro, o ‘mito’ que recebeu sete em cada dez votos em Gravataí nas eleições do ano passado, e em seu ‘principado’.

– É o mais puro patrimonialismo que já vi. É quase um ano de falta de preparo na Presidência da República – disse, lembrando que, ao criticar, não tentava tirar proveito político da queda de popularidade do presidente, já que nas eleições nacionais de 2018 não abriu apoio a ninguém (aqui faço meu adendo: vale para Dilamar o mesmo que comento sobre o irmão dele, também vereador, Dimas Costa: os dois ficaram não ‘em cima’, mas ‘atrás do muro’).

Dilamar também lembrou as denúncias de Joice Hasselmann, líder bolsonarista na Câmara dos Deputados, de que no Palácio do Planalto haveria um bunker de disseminação de fake news, o “gabinete da maldade”.

– Sérgio Moro já foi vítima – exemplificou sinuoso achando um jeito de alertar para o uso, nas eleições do ano que vem, das notícias falsas, ou produzidas por interessados e interesseiros, em páginas e comunidades de Facebook alheias à candidatura que apoia, de Anabel Lorenzi e de Rosane e Daniel Bordignon, do PDT, para onde vai, na janela de março, que permite a transferência partidária sem a perda do mandato.

Ao fim, obviamente há método nas declarações de Dilamar, que falou porque quis, ou poderia como os pares ter saído da sessão para vestir o terno e a gravata obrigatórios para a sessão solene de logo a seguir, para entrega do prêmio Destaque da Aldeia.

No discurso, em resumo, ele alertou para os ‘golpes’ da ‘nova política’, que vende o bolor como fresco.

Inegável é que, talvez para tantos, mas não para mim, Dilamar e Daniel Bordignon hoje têm opiniões bem parecidas.

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