RAFAEL MARTINELLI

O vídeo do Miki: ‘Enriquecimento ilícito, sacolas de dinheiro, nada foi mostrado ou provado’; A Ressurreição

Miki Breier ressurgiu em Cachoeirinha divulgando um vídeo onde reafirma ser vítima de “injustiça”, tanto eleitoral, quanto criminal.

– Fui impedido de continuar na Prefeitura contra a vontade da população que me reelegeu. Não há nada que prove qualquer envolvimento meu em algo ilícito, nada – disse, lamentando que seu processo esteja “parado”.

Em 9 de abril a desembargadora Gisele Anne Vieira de Azambuja, a pedido do Ministério Público, e após a negativa de recursos, determinou o envio do processo para a primeira instância, já que o político perdeu o foro privilegiado.

– Respeito quem acusa, mas estou pagando desde o ano passado por algo que sequer transitou em julgado. Não houve sentença – lamentou.

O prefeito foi afastado do cargo em 30 de setembro de 2021 pela 4ª Câmara do Tribunal de Justiça (TJ), sob suspeita de corrupção em contratos de limpeza urbana investigados pelas operações Proximidade e Ousadia, do Ministério Público.

Em 19 de abril, Miki e seu vice Maurício Medeiros foram cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por abuso de poder político e econômico durante o ano eleitoral de 2020, quando buscavam a reeleição e teria reestabelecido vantagens de servidores retiradas no início do primeiro mandato, além de distribuírem licenças-prêmio supostamente em troca de apoio político.

Miki foi condenado a uma inelegibilidade de 8 anos; Maurício não.

– A história já teve muitos exemplos de acusações midiáticas, sem provas, e só o tempo mostrou a injustiça cometida. Acusar é fácil, difícil é provar, e, mais ainda, recuperar o dano que uma injustiça dessa causa na vida da gente – lembrou o prefeito cassado, apelando “pelo velho e bom direito constitucional da presunção da inocência e do direito de defesa”.

– Fui cassado por supostamente permitir vantagens a servidores para ganhar a eleição, quando apenas cumprimos o que determinava o Ministério Público de Contas e o Tribunal de Contas: repor uma vantagem a quem tinha direito – argumentou.

– Fui acusado de enriquecimento ilícito, de carregar sacolas de dinheiro, mas nada foi mostrado, nada foi provado, e hoje o município paga mais caro pelo recolhimento de lixo em relação aos contratos que existiam quando eu era prefeito – comparou o hoje professor em duas escolas, que disse “estar atendo ao que acontece em Cachoeirinha”.

– A verdade será reposta. Acredito justiça divina e dos homens, apesar de lenta e de ter seus defeitos.

Ao fim, Miki resta em uma Sibéria política. Sua cassação na justiça eleitoral parece ter servido como uma condenação criminal, não só no Grande Tribunal das Redes Sociais. O político, ou, ao menos se mantida sua pena, ex-político, não é réu de nada, ainda.

Se está congelado um caso notório, de milhões em supostos desvios e propinas envolvendo um prefeito e deputado por dois mandatos, nunca antes suspeito de corrupção, o que dizer das mais de 217 mil pessoas colocadas atrás das grades sem terem antes direito a um julgamento.

Essa loteria de toga e beca jeans me lembra Ressurreição, de Tolstói, talvez já lido pelo professor de filosofia, que está com a casa à venda.

– Qual é o sentido da justiça? – indaga a Nekhliúdov o seu cunhado, um alto funcionário da Justiça.

– A manutenção dos interesses de uma classe. O tribunal é apenas um instrumento administrativo para manutenção do estado de coisas vigentes, vantajoso para nossa classe – responde Nekhliúdov.

A ideia viera a Nekhliúdov pouco antes e ele hesitava em acreditar: “Não era possível que um fenômeno tão complexo tivesse uma explicação tão simples e terrível, não era possível que todas aquelas palavras sobre a justiça, o bem, a lei, a fé, Deus etc. fosse apenas palavras e encobrissem a crueldade e o egoísmo mais grosseiro”.


Assista ao vídeo do Miki na SEGUINTE TV

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