crise do coronavírus

Onde foi o dinheiro do socorro federal para Gravataí; O que ’CPI do Bolsonaro’ encontraria se investigasse

Foto RAFAEL MARTINELLI

E se a CPI da Pandemia, que começa a funcionar quinta no Congresso Nacional, baixasse em Gravataí, o que encontraria, usassem ‘investigadores’ crachás identificados como CPI do Genocídio, CPI do Covidão ou CPI do Fim do Mundo?

– Aqui fomos Joãozinho do passo certo – diz o secretário da Fazenda, Davi Severgnini.

Conforme o ‘homem do cofre’ de Marco Alba, e agora do governo Luiz Zaffalon, o dinheiro que ‘sobrou’ do socorro federal foi para a saúde em 2020 e, em 2021, sem ajuda governamental, os recursos próprios usados no enfrentamento à pandemia já permitem prever que o orçamento zera em agosto.

A previsão é ainda pior do que o 24 de fevereiro em que Davi foi prestar contas à Câmara de Vereadores, e reportei em  Furou a bolha da COVID: Orçamento da Saúde termina em setembro; 2021 não será um ano bom.

Vamos à ‘ideologia dos números’.

Em 2020 Gravataí recebeu R$ 41 milhões, em quatro parcelas, para compensar a perda de receita com ICMS. Só que dos R$ 162 milhões estimados no retorno de impostos, R$ 156 milhões foram realizados. Ou seja: a queda foi de R$ 6 milhões, fazendo que com a compensação ‘sobrassem’ R$ 34 milhões. Outros R$ 3,2 milhões foram repassados para uso na COVID e mais R$ 1,8 milhão na Lei Aldir Blanc, para socorrer artistas.

E o principal: recebeu autorização para ‘pedalar’ a previdência, o que evitou gastar R$ 70 milhões.

– Não é um dinheiro que ficou numa conta – reafirma Davi Severgnini.

– Dos R$ 216 milhões investidos na saúde colocamos mais de R$ 120 milhões em recursos próprios.

Só no Hospital de Campanha e no contrato com o Dom João Becker foram R$ 30 milhões, exemplifica, lembrando que a obrigação constitucional é de 15%, mas Gravataí investiu em média 22% nos últimos oito anos e, no 2020 da pandemia, 27%.

Em 2021 o Hospital de Campanha está sendo mantido apenas com dinheiro da Prefeitura, ao custo de R$ 1,5 milhão mensais. E não há previsão de fechar, já que pandemia segue tirando uma média de 5,5 vidas de gravataienses a cada 24h.

– A projeção é de que seja necessário um aporte de R$ 50 milhões na saúde; 30 milhões para a COVID. Honestamente: ainda aguardamos algum auxílio governamental estadual e federal – diz o secretário, que explica que o Orçamento de 2021 não previa a piora da pandemia e a necessidade de gastar quase 3 a cada 10 reais com a saúde.

– A ideia era em 2021 fechar serviços que não são mais necessários com outros abertos. Temos uma nova UPA, que cobre serviços e tem custo permanente, todo pago pela Prefeitura.

Só que, para enfrentar março, o pior mês da pandemia, foi necessário, por exemplo, ao invés de ‘fechar’ o PAM 24 Horas, quintuplicar o número de leitos, ao custo mensal de quase meio milhão de reais.

Ao fim, enquanto a CPI passará longe de Gravataí – já que só desinformados ou informados do mal inquirem “o que foi feito com o dinheiro que o Bolsonaro mandou?”, em delírio acusatório de Grande Tribunal das Redes Sociais – o amargo remédio da realidade logo pinga na Câmara de Vereadores: é a “mãe de todas as reformas”, como chama o secretário da Fazenda; a da previdência municipal.

– É a principal estratégia para financiar essa diferença no orçamento. Contamos com a responsabilidade de todos para aprová-la – confirma Davi.

O tamanho do Golias já detalhei ano passado, em Previdência custará 30 Pontes do Parque até 2022; Marco Alba fará reforma?.

– Farei – já respondeu Zaffa em 2021, no balanço dos primeiros meses de governo, o que reportei semana passada em 90 dias de Zaffa: ’Gravataí é o melhor lugar para morar e investir’; 10 coisas que o prefeito disse na Acigra.

Sem torcida ou secação, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: em algum momento a ‘ideologia dos números’, a vida real, se impõe aos delírios caça-cliques, memes ou whatsapps do tiozão, seja isso bom ou ruim, queiramos ou não.

Tudo vai de pior em mal, já dizia o otimista.

 

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