opinião

Ontem os políticos de Gravataí salvaram uma bebê de 39 dias

A compra de um leito pela Prefeitura de Gravataí para uma bebê que corria risco de vida foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais e no meio político entre a noite de domingo e a madrugada desta quarta.

Só vou comentar porque recebi uma série de WhatsApps, todos esperando que eu atirasse em um vilão.

Triste, porque poucos me informaram que a criança estava bem…

Para entender, é preciso assistir aos vídeos postados pelo vereador Dimas Costa (clique aqui) e pelo secretário da Saúde Jean Torman (clique aqui).

À noite, o Conselho Tutelar Oeste publicou ‘nota oficial’ sobre o caso.

Siga a íntegra e depois comento.

 

“(…)

Vimos por meio desta nota esclarecer o vídeo postado pelo Sr. Vereador Dimas Costa em suas Redes Sociais no último dia 27 de maio no qual insinua que graças a sua intervenção foi conquistada vaga na UTI Pediátrica para bebê de 38 dias.
Informamos que a conselheira Íris Cristiane foi acionada pelo Hospital Dom João Becker na noite de sábado, dia 25 de maio, informando que uma bebê de 38 dias necessitava com urgência de vaga de UTI PEDIÁTRICA. No mesmo instante a conselheira providenciou o ofício requerendo a liminar que daria a vaga almejada, por se tratar de "plantão de final de semana" a conselheira Iris fez questão de entregar em mãos o ofício para o plantonista do judiciário, em torno de 30min após o protocolo a liminar já estava liberada para a Conselheira. Os familiares da criança todo tempo foram extremamente parceiros, ligando para hospitais, vendo a disponibilidade de leitos e interagindo constantemente e diretamente com a conselheira que neste momento já havia feito contato com o MP, Judiciário, Secretário municipal da Saúde, central de regulação, Pediatra e os enfermeiros / administrativos do hospital Becker, veja bem, toda "rede" empenhada em conseguir o leito para a criança.
E assim passou o domingo e parte da manhã de segunda, foi então que surgiu a possibilidade de transferência para o hospital Presidente Vargas no município de Porto Alegre, a conselheira imediatamente entrou em contato com o secretário de saúde que ASSINOU a transferência, assim a menina foi transferida e começou o tratamento que necessitava. Reforçamos que a família foi incansável na conquista do leito, bem como todo o aparato da rede. 
Enfim, em nenhum momento o senhor vereador Dimas Costa fez qualquer intervenção para a efetivação do procedimento de transferência, pois tudo já havia sido encaminhado pelo Conselho tutelar, família e secretaria de saúde, não temos a intenção de nos promover ou medir forças ao noticiar essa NOTA, mas queremos travar e barrar pessoas que querem se promover com a saúde fragilizada de uma infante, também queremos lembrar que garantir e lutar por direitos de crianças e adolescentes é papel de todos, mas principalmente do Conselho Tutelar que é órgão de proteção e sempre fará seu serviço zelando especialmente pela vida assim como nos garante o Art. 5° da constituição Federal. Diariamente lidamos com esse tipo de necessidade e nem por isso usamos dessas conquistas para promover politicamente qualquer pessoa ou entidade, nossa luta é a favor das crianças e adolescentes, nosso lado é o da proteção e do cuidado. 
Sendo assim, agradecemos todos os envolvidos, bem como desejamos uma breve recuperação a saúde da menina.

(…)”

 

Analiso.

Acusado de usar do risco de morte de uma criança para fazer demagogia política, já que é notório candidato a prefeito em 2020, Dimas disse ao Seguinte::

– Bah, meu, escreve o que tu quiser. Eu estou tranquilo.

Com muita insistência, respondeu:

– Tá. Te digo que quando for deitar com minha companheira Anna Beatriz e meu filho Lorenzo eu dormirei feliz, porque com o vídeo que fiz na frente do hospital, ajudei a salvar uma criança. Pode chamar de demagogia, não estou nem aí.

Meu comentário sobre essa polêmica, que acho que nem deveria ter essa dimensão, é simples. Casos assim chegam à Prefeitura quase todos os dias. Há um protocolo, que imagino ser acompanhado de perto, para que a burocracia que libera leitos não dê um ok só após a morte de uma criança.

Não lembro a última morte de bebê em Gravataí, me informem.

Não creio que a informação de que uma menininha morrendo não sensibilizasse desde quem digita no sistema, até o secretário que recebe os orçamentos e no caso de não ter vagas no SUS, teria o poder de mandar: “compra!”, para a vaga de R$ 10 mil, 20 mil, na UTI particular.

Conheço o secretário Jean Torman. É uma pessoa sensível que, quem testemunha Gravataí nas últimas duas décadas como eu, lembrará que foi cria e se formou advogado como o principal assessor do vereador de cinco mandatos que se tornou prefeito Acimar da Silva. Assessor não: era aposta de um ídolo seu, e esse ídolo era seu fã. Se completavam.

De uma humildade politicamente envolvente, o falecido Acimar influenciou na escolha de todo seu secretariado como ‘prefeito-tampão’, ao assumir após a cassação de Rita Sanco, mas partiu de uma única escolha, como da sua 'cota pessoal': Jean Pierry Torman. 

Jean sempre foi cérebro e coração.

Jean não é um burocrata.

Como também conheço Dimas, não posso crer que tenha usado de uma tragédia para aparecer. Pode ter realmente achado que a criança poderia morrer antes de um leito ser liberado pelo SUS, ou ser comprado pela Prefeitura.

Avaliando depois de a criança estar internada – e aí poderia eu colher depoimentos do secretário da saúde, do vereador, do diretor do hospital, de conselheiras tutelares envolvidas e etc. etc para saber os meandros da burocracia – acho que Dimas não deveria ter feito o vídeo.

Deveria ter confiado em Jean, que é adversário político, mas um conhecido de anos e anos, que, acredito eu, não deixaria uma criança morrer por falta de insistência para conseguir um leito. Não consigo ver Jean como um vilão medindo vidas em tabelas de receita e despesa.

Acharia ainda mais deplorável se Dimas, caso a criança perdesse a vida antes de chegar até um leito, usasse a tragédia para repercutir o que, certamente, seria a pauta do dia para a atuação do ‘Mota’, no Balanço Geral.

Ao fim, porque me considero um cronista da aldeia, que gosta de escrever sobre nossas coisas e personagens, dou os parabéns a todos, porque a criança passa bem!

Confio no Jean e, por isso, recomendo a Dimas que acredite que o governo não deixaria uma criança morrer. Da próxima vez, liga para o Jean. Se ele não atender ao vereador, ou não der bola, mete pau!

Mas, desde que é secretário, eu não testemunhei nenhuma criança morrer por omissão de Jean.

Ao fim, só há duas pessoas que sabem se agiram como deveriam para salvar a menininha de 39 dias: Jean e Dimas.

Eu apostaria nos dois.

Os dois agiram certo.

E a Lívia está viva.

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