eleições 2018

OPINIÃO | O oportunismo de Cláudio Ávila; e os outros

Cláudio Ávila e Dimas Costa, em foto tirada do facebook

DAS URNAS #3 | Após a cobertura 'minuto a minuto' da votação de domingo, o Seguinte: traz desde segunda análises, números, fotos, vídeos e links relacionados às eleições de 2018, com foco em Gravataí e Cachoeirinha. 

 

Começo a analisar os recentes apoios de segundo turno ao vagalhão bolsonarista com uma figura periférica, mas influente nas eleições dos últimos dez anos em Gravataí, porque em jornalismo a notícia é o poste mijando no cachorro e não o contrário. Cláudio Ávila – a ‘Janaína Paschoal’ de Rita Sanco (PT) no golpeachment de 2011, o número 1 de Anabel Lorenzi (PSB) em 2012 e 2014 e o vice de Daniel Bordignon (PDT) na eleição vencida nas urnas, mas anulada no tapetão, em 2016 – anunciou apoio a Jair Bolsonaro (PSL).

Inscrevo o advogado na coluna dos oportunistas. E registro sua manifestação principalmente pelo grau de ascendência que tem hoje sobre o candidato a deputado estadual mais votado de Gravataí, o vereador Dimas Costa (PSD) – já auto-anunciado candidato a prefeito em 2020.

Escrevi na primeira análise sobre os resultados eleitorais, no artigo Na eleição do ‘contra o que está aí’, perderam os políticos tradicionais:

(…)

Em Gravataí, o vereador Dimas Costa foi quem melhor encarnou o ‘Bolsonaro’, apesar de, com eleitores que vão de bolsonaristas a professores identificados mais com o centro e a esquerda, fugir da pergunta sobre quem apoia. Foi o candidato a deputado estadual mais votado, com 18.013. São 5.300 a mais que Patrícia Alba, primeira-dama que fez 12.713 em sua primeira campanha como candidata oficial do governo.

Do ‘contra’, Dimas faz oposição ao governo Marco Alba (MDB), ao governo José Ivo Sartori (MDB) – mesmo que seu PSD tenha como vice José Cairoli – e ao governo Michel Temer (MDB). Sua origem petista parece ter sido apagada como um post de facebook na timeline do eleitor, no momento em que rompeu com outro veterano, o ex-prefeito Daniel Bordignon (PDT).

Fenômeno nas redes sociais da aldeia, como Bolsonaro, Dimas teve a página no face com o maior envolvimento entre os candidatos à assembléia legislativa.

(…)

 

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Inegável que o ponto fora da curva, mesmo que seja por respeito a seus eleitores bolsonaristas, é a atração de Dimas para um campo que briga com sua biografia – e, por tabela, com a trajetória da esposa e conselheira tutelar mais votada Anna Beatriz da Silva, também uma ex-petista. Se for realmente candidato a prefeito em 2020, Dimas pode disputar não mais o eleitorado de centro-esquerda, como um herdeiro do ex-prefeito Daniel Bordignon (PDT), mas sim os eleitores mais conservadores. É risco para Jones Martins (MDB), ou qual seja o candidato do governo e do prefeito Marco Alba, que podem sentir o mesmo efeito que fez praticamente desaparecer o centro político no país, engolindo o MDB, o PSDB e inclusive políticos de biografias praticamente irrepreensíveis, como Geraldo Alckmin.

Esquerdistas históricos, mesmo que críticos ao PT, tanto que saíram do partido, o ex-prefeito Daniel Bordignon (PDT), e as candidatas a prefeitura nas últimas eleições Rosane Bordignon (PDT) e Anabel Lorenzi (PSB), ao fazerem posts apoiando Fernando Haddad são o cachorro mijando no poste – e aqui não vai qualquer referência jocosa ao candidato de Lula, ou à candidata do ‘Grande Eleitor’. Da mesma forma o são o MDB do prefeito Marco Alba, o PTB do ex-prefeito Edir Oliveira ou a câmara de vereadores ao aderir ao bolsonarismo, com raras exceções – talvez apenas, além de Rosane, Alex Peixe (PDT), Paulo Silveira (PSB), Carlos Fonseca (PSB), Wagner Padilha (PSB) e Airton Leal (PV), já que Demétrio Tafras (PDT) é uma incógnita cuja esposa trocou o avatar do facebook para ‘Bolsonaro 17’.

 

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A grande novidade é sim o movimento de bastidores de Ávila arrastando Dimas para o bolsonarismo e – aguarde os próximos dias – aproximando-o do candidato a governador Eduardo Leite (PSDB), sob a desculpa de que é adversário de Marco, mesmo que uma vitória de José Ivo Sartori praticamente garanta a ascensão de Dimas, primeiro suplente, a deputado. Ávila é um profissional liberal que vive de seu trabalho e tem todo direito de apoiar quem quiser, mas indesmentível é que sua guinada não o coloca junto a fanáticos da parte do eleitorado que concorda com tudo que Bolsonaro fala, nem com o eleitor revoltado com a política e nem com os antipetistas históricos. Aliado a uma de suas características táticas eleitorais, que é apostar no esquecimento das pessoas, age por um clássico oportunismo eleitoral, já que no primeiro turno postou apoio a Haddad, depois defendeu Ciro Gomes (PDT) como único que garantiria o #EleNão e, após os votos contados, agora quer o ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’.

Com Bolsonaro fazendo seis de cada 10 dos votos válidos de Gravataí, muita gente vai ganhar eleitoralmente ao se colar ao ‘mito’ – caso, por óbvio, os bolsonaristas de 2018 não cheguem a 2020 como os colloridos de 1989 – ou mesmo por aproveitar a orfandade dos antibolsonaristas. O que independe de vitória ou derrota é a biografia de cada um. A história se encarrega de separar as versões e fakenews dos fatos.

 

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