Quando Levi Melo (PRB) desistiu de concorrer a deputado estadual, Patrícia Bazotti Alba (MDB) foi quem ganhou – e muito, como o Seguinte: já analisou na época em que deu a notícia com exclusividade.
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Não apenas por serem identificados na cidade como ‘anti-PT’ – conceitualmente falando, em uma conta que inclui os quatro governos petistas na cidade e as experiências estaduais e nacionais, já que hoje o PT de Gravataí é um Walking Dead –, o médico e a primeira-dama pertencem ao mesmo campo ideológico e qualquer pesquisa mostra mais compatibilidades que diferenças entre os simpatizantes de um e outro.
Nas urnas, em 2014 Levi foi o candidato a deputado estadual de Patrícia e do prefeito Marco Alba pelo PMDB. Fez 15.620 votos em Gravataí. Em 2016, concorreu a prefeito pelo PSD mas, na eleição suplementar de 2017, abriu o voto e fez campanha na rua pela reeleição de Marco, com 48.211 votos.
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Agora é a desistência de Rosane Bordignon que mexe com o cenário eleitoral de Gravataí. A vereadora – que perdeu a eleição para Marco por apenas 4.016 votos após, como era a brincadeira corrente, representar o ‘poste da vez’ do ‘Grande Eleitor’ Daniel Bordignon – não vai mais disputar a eleição para assembléia legislativa.
Os ‘Bordignons’ certamente farão campanha para alguém, mas já confirmaram que não será para ninguém da cidade – apesar do PDT ter como candidato local o vereador Alex Peixe.
– Nenhuma chance – foi a resposta.
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Aparentemente, aquele que mais ganha com a saída de Rosane da eleição é Dimas Costa, vereador pelo PSD que concorre a deputado estadual. A análise é semelhante a da saída de Levi, bastando trocar os nomes do Dr., Patrícia e Marco por Rosane, Dimas e Bordignon.
Dimas tem um eleitorado muito parecido com Bordignon, com quem vive uma relação de proximidades e afastamentos. Na prática, em 2012 foi eleito vereador pelo PT de Bordignon, a quem apoiou para prefeito. Em 2014, foi o único dos vereadores petistas a acompanhar o ex-prefeito na campanha frustrada para reeleição a assembléia.
Se em 2016 se descolou, ao sair do PT para não ficar sem legenda partidária quando Bordignon foi para o PDT levando os candidatos mais fortes à câmara, e apoiou timidamente Levi a prefeito, em 2017 recebeu o ex-prefeito em seu gabinete e anunciou apoio a Rosane como candidata a prefeita na eleição suplementar.
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Em resumo, da mesma forma que Levi, Patrícia e Marco são claramente identificados com um ‘lado’, Dimas, Rosane e Bordignon representam outro. Apesar da ‘flauta’ que os ‘Bordignons’ tocam em Dimas por ele estar no PSD, que tem José Cairoli como vice de Sartori, o vereador nega voto no gringo da mesma forma que os professores Daniel e Rosane abominavam a participação do PDT no governo.
E, se reduzirmos a análise a Gravataí, a última amostra que temos é o ‘segundo turno’ de 2017 da ‘eleição que não terminou’ em 2016: Marco, Patrícia e Levi de um lado, Bordignon, Rosane e Dimas de outro.
Em entrevista ao Seguinte:, Rosane alegou que 99% da desistência se deveu à falta de dinheiro para campanha. Negou que a candidatura de Dimas tivesse peso na decisão, já que o ex-aliado poderia disputar votos no mesmo campo político e estabelecer uma espécie de prévia dentro da oposição, para medir se ela ou ele sairiam das urnas de 2018 com mais votos para se credenciar a representar o ‘anti-Alba’ na disputa pela prefeitura em 2020.
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Mas a análise das perdas e ganhos não é tão simples. Por isso, o “aparentemente”, usado parágrafos acima para avaliar que Dimas é beneficiado. É que, por trás da desistência, além da óbvia preservação do nome e dos 44.195 votos de Rosane para 2020 (o que a própria admitiu na entrevista), pode estar uma jogada – arriscadíssima – de Bordignon.
Aparentemente enfraquecido, como um Lula no cárcere influenciando nas eleições, o ex-prefeito parece ter bebido em A Arte da Guerra, de Sun Tzu, cujos 65 ensinamentos recita com a mesma desenvoltura que solfeja o hino da Internacional Socialista.
– A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar – é a ‘lei’ de número 9.
Bordignon claramente recua frente aos ‘Albas’, um inimigo que conhece e tem o poder, e a Dimas, um adversário o qual ainda não conhece, mas assusta como um fenômeno da política local nas redes sociais (o que, se traduzirá em votos, só depois das 17h do dia 7 de outubro para saber).
A aposta de Daniel ‘Sun Tzu’ Bordignon parece ser apenas observar das colinas um combate entre Patrícia e Dimas nas imprevisíveis planícies da campanha de rua, preparando sua candidata, Rosane, para em 2020 surgir das cinzas dessa guerra.
Só que, para isso dar certo, Patrícia e Dimas têm que se dar mal nas urnas. Aí, sem lutar, ele enfraquece os inimigos.
É que, se a primeira-dama não for bem em Gravataí, acende o sinal de alerta para Marco fazer o sucessor, já que a performance de Patrícia nas urnas é indissociável de uma avaliação do governo.
Se Dimas for mal, é candidato à reeleição a vereador, esquece a prefeitura e deixa caminho livre para Rosane.
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O grande problema para os ‘Bordignons’ é Dimas fazer uma boa votação, porque aí, mesmo que as urnas não tenham os votos de Rosane para comparação, ele se constrói como principal alternativa da oposição.
Já a grande tragédia para os 'Bordignons' é Patrícia e Dimas irem bem.
Ao fim, até abrir as urnas, quem ganha com a desistência de Rosane é Dimas.
Aparentemente.
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