Da série me cortem os tubos! Me aguentem ou…
Motivado pela incursão da semana que passou à fábrica da General Motors de Gravataí, em que pilotei um carro da marca, 100% elétrico e top em tecnologia embarcada, recordei com meu fiel escudeiro Guilherme Klamt de algo que aconteceu em março de 2010, há mais de oito anos, portanto.
Fui a São Paulo participar do Chevrolet Flexpedition, expedição destinada a jornalistas com duração de quatro dias, mais de mil quilômetros rodados e passagem por três fábricas e um centro de distribuição da marca, para lançamento do novo modelo, o Agile.
E, claro, mordomias mil no fabuloso clube de campo Jambeiro, no município de Caçapava, local destinado ao alto escalão da General Motors no Brasil, ou por onde passávamos, com bons hotéis e excelentes restaurantes.
O clube de campo tinha, e ainda deve ter, cabanas confortáveis, pelo menos três lagos para competições de pesca artesanal, restaurante finíssimo e um salão de eventos como poucos já vi por este Brasil.
Com um defeito: à época – não sei hoje! – sem qualquer conexão com o mundo via celular. Internet, nem pensar.
Como eu tinha que produzir material para enviar para o Correio de Gravataí, que ainda era do seu Roberto Gomes de Gomes, tinha que descer a uma praça no centrinho de Caçapava, simpatiquinha cidade que tinha, ou tem, até coreto na praça central (você sabe o que é um coreto?).
Ficamos por lá duas noites.
Na segunda, jantar com pompas e circunstâncias.
Como sempre gostei de banhos prolongados, atrasei-me para o jantar em que estaria o alto comando da GM em terras verde-amarelas. Quando sai do banho já estava escuro, na rua, e me dei conta que estava sozinho, abandonado, sem pai nem mãe para me deslocar ao local do jantar. Distante uns dois quilômetros, a pé.
Mas, como tenho um pouco de sorte…
Já pensando em ir dormir com fome mesmo, ouvi vozes. Esperei que se aproximassem e perguntei se o grupo, três homens, iria para o jantar. Resposta positiva, questionei se poderiam me dar uma carona e expliquei o porquê do meu atraso.
Cumprimentei os três e me apresentei, pedi desculpas pelo inconveniente e, quando estava me aproximando do carro, um parrudão, fortão, abriu a porta para que entrasse um meio baixinho, meio entroncadinho, bem vestido…
Só quando entrei, e com a luz interna do carro, pude ver que estava sentado ao lado de ninguém mais, ninguém menos, que o então presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto.
Fiquei quase sem voz, as mãos gelaram e eu não sabia o que dizer.
Ele foi extremamente gentil e logo puxou conversa, querendo saber se eu estava gostando do Jambeiro, se estava sendo bem tratado, se as acomodações eram boas e o que eu estava achando do Agile, o carro que era motivo da nossa estada por lá.
Eu sentado atrás do motorista e ele à minha direita. Ao lado do motorista estava o parrudão que, vim saber depois, era o segurança do homem.
A viagem não durou cinco minutos mas, para mim, foi uma eternidade, muito embora estivéssemos a bordo de um Malibu, o carro mais chique da Chevrolet.
Me disseram que até blindado era. Não sei se é verdade.
Quando o carro parou, o motorista desceu para abrir a porta do meu lado e o segurança abriu a do presidente Pinheiro Neto.
Desci agradecendo, educadamente, apertando a mão, primeiro, do presidente, e não esqueci de abraçar também o motorista e o segurança…
Foi o dia em que andei ao lado de um presidente. Inesquecível. Muitas vezes o entrevistei antes e algumas depois desse episódio, pessoa super-gentil, mega-educado, um gentleman, cavalheiro…
Mas que suei frio quando me dei conta de onde eu estava, ah suei. Às bicas…
Por essas e outras que eu digo: Para o mundo que eu quero descer.
Por favor, aproveita e me corta os tubos!