crise do coronavírus

Os 15 mil covidiotas e a demitida do Leblon entre nós

Cachoeirinha segue até dia 14 na bandeira vermelha do Distanciamento Controlado do Governo do RS

Como antecipei ainda no sábado em É inútil recorrer da bandeira vermelha; Cachoeirinha vai, Gravataí não, o Estado não aceitou o recurso de Cachoeirinha para retornar da bandeira vermelha para laranja no Distanciamento Controlado do Governo do RS. Por mais uma semana, por mais fake que sejam as quarentenas brasileiras, comércios e serviços não-essenciais terão que permanecer fechados.

Como costumo dizer, não é torcida ou secação, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos. É a ‘ideologia dos números’.

Cachoeirinha e Gravataí tinham 400 casos no fim de junho. Nos primeiros 6 dias de julho, uma já chega a 524, outra a 535 – e contando. Vidas perdidas, inclusive. Cachoeirinha tem 8 óbitos, Gravataí confirmou nesta noite a 18ª morte. Em toda região a curva é ascendente em julho, notório início da estação das UTIs lotadas antes mesmo da pandemia.

A Prefeitura de Cachoeirinha tinha como pilar do recurso o hospital de campanha, “cujos índices de ocupação e de utilização estão ainda distantes de um limite crítico”.

Conforme o documento, são 63 leitos, todos cadastrados no Sistema de Gerenciamento de Internações, sendo: 12 de isolamento com pontos de O2 de média complexidade; 8 unidades de tratamento intensivo com ventiladores mecânicos para alta complexidade; e mais 43 de enfermaria, para casos de baixa complexidade.

No sábado, data do recurso, a Prefeitura informava ocupação de cinco leitos de média complexidade: “desde o início da pandemia, foram 32 pacientes de internados no hospital de campanha sendo que apenas três necessitaram de internação em leito de Unidade de Terapia Intensiva com ventilação mecânica”.

O problema é que não somos uma ilha. E os casos graves seguem referenciados em hospitais de Porto Alegre (Clínicas e Conceição) e Canoas (Universitário). O mapa dos leitos na Região Porto Alegre, a qual pertencem Gravataí e Cachoeirinha, registrava 76.5 como taxa de ocupação de leitos de UTIs. Dia 30 de junho era 74.6%. Já são 30% dos internados com a COVID-19. Eram 9.1% há 30 dias. É a pressão do vírus para lotação nas UTIs, como tratei na noite de domingo em  UTIs lotadas ou próximas à lotação em Gravataí e região; é ’bandeira roxa’.

Ao fim, reputo que a ação do prefeito Miki Breier, assim como foi de Marco Alba em Gravataí na semana passada, é apenas uma satisfação para os insatisfeitos, já que – desconfio – sabiam eles os recursos não seriam aceitos. Ambos são informados de que a região está mais perto da bandeira preta do que da laranja.

Não basta, na maior pandemia da história da humanidade, abrir 100 leitos, quando nos municípios sem fronteiras, mesmo sob a bandeira vermelha, cerca de 60% das pessoas estão longe do isolamento, em analogia com dados de Porto Alegre, que fica ‘roxa’ a partir desta terça, como tratei nesta segunda em Mini lockdown de Porto Alegre é prévia para Gravataí e Cachoeirinha. Por óbvio, não quase 200 mil com necessidade, ou obrigados a circular pelas ruas.

Chego a pelo menos 15 mil potenciais covidiotas, ao aplicar nas duas cidades a última pesquisa feita pela Prefeitura de Cachoeirinha, que mostra que mais de 4% responderam que “não ajuda nada” ficar em casa e “as pessoas estão exagerando os riscos reais de pegarem o vírus”.

A demitida do Leblon está entre nós.

 

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