De treinador e palpiteiro, todo mundo tem um pouco. Ainda mais em Copa do Mundo. Mas na manhã desta quinta, quando Colômbia e Senegal entrarem em campo na Rússia para uma das partidas que definem o Grupo H, por aqui, haverá um palpiteiro um pouco diferente. Carlos Aguiar é um brasileiro, de Canoas, adotado pelos colombianos que hoje vivem em Gravataí. Ele já encarou o Senegal como treinador duas vezes nos últimos dois anos. Perdeu as duas, mas tem a receita que pode ajudar os sul-americanos nesta quinta.
— Se a Colômbia conseguir impor o seu jeito de jogar, com toques de bola, muita tabela, entrando na área, quebra a forma de Senegal jogar e eu acho que teão grandes chances. Não pode é alongar demais a bola e querer fazer correria. Aí perde mesmo, porque os senegaleses são muito fortes e rápidos — diz.
Calma. O Carlos nunca trabalhou na comissão técnica da Seleção da Colômbia. Muito menos morou no país. Ele organizou e comandou como técnico o time da Colômbia na Copa dos Refugiados, em Porto Alegre. No mês passado, o país foi representado por um grupo de colombianos que, em sua maioria, moram em Gravataí. Encararam os senegaleses, que vinham de Caxias do Sul, logo na estreia. Jogaram bem, tiveram a iniciativa, mas acabaram derrotados por 2 a 0, sendo logo eliminados.
: Os colombianos de Gravataí jogaram bem, mas perderam para Senegal | EDUARDO TORRES
— Essa gurizada era muito boa. Focaram bastante para serem os representantes da Colômbia em uma eliminatória que fizemos com os times de colombianos de Canoas e de Porto Alegre. Mas lá no momento da Copa dos Refgiados, eles não se adaptaram ao campo do Passo d'Areia, que é muito rápido e acabou favorecendo o estilo de Senegal. Teve ainda um pouco de nervosismo, eu acho, do pessoal. Mas acredito que não jogaram mal — comenta Aguiar.
E ele tem razão. Quem levou perigo nos primeiros movimentos daquele jogo foi a Colômbia, mas na metade do primeiro tempo, veio a bobeada da defesa em uma tentativa de domínio da bola. O senegalês, mais rápido, tomou a bola e ali surgiu a jogada do primeiro gol.
— Aí não teve jeito. Eu pedia para o nosso time se aproximar mais, tocar a bola, mas naquele momento, perdido por um perdido por 10. Adiantamos todo o time e arriscamos — lembra o treinador.
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Deu sono a estreia do Brasil e do Miguel
A Colômbia criou oportunidades, mas outra vez sofreu no contra-ataque o segundo gol. Senegal acabaria conquistando o bicampeonato. No ano anterior, os africanos haviam derrotado justamente a Colômbia, já comandada pelo Carlos Aguiar, nos pênaltis.
Na quinta, ele espera que os representantes do país de tantos amigos rasgue essa touca. Pelo que viu até agora do mundial, pelo menos uma certeza este colombiano por adoção tem certeza: vai ser um jogão.
— São dois times com muita qualidade técnica. O Japão tocou a bola e mostrou algns problemas defensivos de Senegal. E a Colômbia, depois do susto na estreia, acordou e vai com muita moral para esse jogo. Os colombianos rendem muito quando jogam com alegria — diz.
Além de Colômbia e Senegal, também jogarão Japão e a eliminada Polônia. Assim como na Copa dos Refugiados, só a vitória interessa à Colômbia. O Carlos Aguiar está na torcida. E se o José Pekerman precisar de algum conselho, é só ligar.