Resolução aprovada há pouco por unanimidade pelo PSD de Gravataí define que candidatos ou integrantes do partido com ‘ficha suja’ não participarão da campanha do candidato a prefeito Dimas Costa nas eleições 2020.
A resolução trata como ‘ficha suja’ qualquer um que tenha condenação judicial sem possibilidade de recurso.
Como jornalismo é dar nome às coisas, lá vou eu: é um movimento que busca desgastar a indicação de Daniel Bordignon como coordenador geral da campanha de Anabel Lorenzi (PDT) à Prefeitura, anunciada há uma semana.
É que o ex-prefeito está com os direitos políticos suspensos até 29 de setembro deste ano, ainda como parte da pena de cinco anos por irregularidade em mais de mil contratações emergenciais quando governou Gravataí.
Ao fim, seja xadrez ou dama, é mais uma peça empurrada em direção ao afastamento irreconciliável entre as duas forças de oposição ao governo Marco Alba (MDB). Fica cada vez mais improvável uma candidatura oposicionista única, como tratei em Cenários malucos que mudariam eleição em Gravataí; tertius gaudens.
Dimas, no passado apontado como ‘filho’ político de Bordignon, vai mesmo disputar a eleição apartado e como alternativa ao velho ‘GreNal da Aldeia’, que não será travado nas urnas, mas ainda nos bastidores entre Daniel Bordignon e Marco Alba.
Lembro Millôr, 89:
“(…) Que foi isso, de repente? Nada; dez anos se passaram. Não diga! Se somaram? Se perderam? Algumas relações se aprofundaram? Se esgarçaram? Onde estávamos? Onde estamos? E… aonde vamos? O tempo, em lugar nenhum e em silêncio, passa. É inegável – todos temos mais dez anos agora. Ainda bem – poderíamos ter menos dez. Tudo nos aconteceu. Amamos, disso tenho certeza. E fomos amados – onde encontrar a certeza? Avançamos aqui materialmente, ali não, nos realizamos neste ponto, em outros queríamos mais, algumas coisas tivemos mais do que pretendíamos ou merecíamos – mas isso é difícil reconhecer. Perdemos alguém – “Viver é perder amigos”. No meio do feio e do amargo, no tumulto e no desgaste, tivemos mil momentos diminutos de felicidade, no ar, no olhar, na palavra de afeto inesperado, que sei? Espera, eu sei. É a única lição que tenho a dar; a vida é pequena, breve, e perto. Muito perto – é preciso estar atento (…)”.