Em viagem à Brasília na quinta-feira, a deputada estadual de Gravataí Patrícia Alba (MDB), representando o Movimento RS-118 Sem Pedágio, apresentou a parlamentares o projeto de duplicação com custeio por emendas de bancada e individuais.
A proposta foi acolhida pelos deputados federais Dionilso Marcon (PT), líder da bancada gaúcha no Congresso, e Alceu Moreira (MDB), que levarão a pauta para discussão na reunião da bancada gaúcha.
Em uma série de artigos sobre a ameaça do pedágio no trecho urbano – como Governo Leite confirma projeção de ‘pedágio gourmet’ em bloco onde estão ERS-118 e ERS-020 de Gravataí; O advogado do diabo ; Free flow: cancelas abertas para ‘pedágio gourmet’ na ERS-118 e 020; As forças de Gravataí, o agora, o depois e o advogado do diabo ; Audiência pública: ninguém quer pedágio e Leite é “mentiroso”. Ok, mas o que fazer da ERS-118?; O advogado do diabo e Deputada de Gravataí Patrícia Alba reforça contrariedade a pedágio na ERS-118, ‘gourmet’ ou não; O advogado do diabo – cobro a apresentação de soluções daqueles que fazem oposição à privatização da rodovia, para além das críticas à verdade múltipla do governador que disse na campanha que não pedagiaria, mas incluiu a rodovia em estudos do plano de parcerias-público privadas.
Inegável é que o movimento de Patrícia e o RS 118 Sem Pedágio oferece uma alternativa. Se não para manutenção da rodovia, para a duplicação do trecho restante.
Reputo há, porém, uma distância maior que 16 quilômetros entre o sonho e a realidade.
Explico.
Antes vamos às informações.
Responsável por articular a reunião, Alceu Moreira destacou que a rodovia tem se consolidado como um importante corredor econômico do Estado, recebendo importantes investimentos, além de ligar diversas atividades e setores produtivos da nossa região metropolitana.
– Nossa bancada gaúcha será parceira nessa construção, seja qual for a alternativa – afirmou.
Segundo Patrícia Alba, a proposta do Movimento RS-118 Sem Pedágio busca propor uma alternativa para duplicação do trecho de 16 quilômetros da ERS-118, entre Gravataí – no entroncamento com a Freeway –, e o acesso à ERS-040, em Viamão, sem a necessidade de pedagiamento.
Em fevereiro, o DAER recebeu a sinalização de que o projeto, estimado em R$ 3 milhões, será custeado por emendas de Patrícia Alba, Capitão Martim (Republicanos), Rodrigo Lorenzoni (PL).
– Com a viabilidade de financiamento nesta abordagem, não apenas aliviamos o ônus financeiro do governo, mas também eliminamos a justificativa de que a instalação de pedágios na ERS-118 seria indispensável e a única alternativa viável para realizar a duplicação – disse.
Vamos agora à análise. Mais uma vez como ‘advogado do diabo’, assim como fiz no artigo mais recente, em Patrícia Alba e os ‘antipedágio’ propõe custear restante da duplicação da ERS-118 com emendas parlamentares; Ainda, o advogado do diabo.
Reputo há uma distância entre o sonho e a realidade porque o custo dos 21 quilômetros já duplicados tinha orçamento inicial de R$ 70 milhões, apesar de, pelos escandalosos 20 anos pelos quais se arrastaram as obras, ter consumido 400 MILHÕES!.
Significa que para duplicar os 16 quilômetros restantes seria preciso captar pelo menos R$ 50 milhões em emendas parlamentares ao longo das obras.
Para efeitos de comparação, a bancada federal gaúcha indicou no Orçamento-Geral da União para 2024 cerca de R$ 300 milhões para 17 prioridades.
Sou eu o chato, ou é uma complicada engenharia política mobilizar 33 deputados, parte do interior do Estado, para captar R$ 50 milhões para duplicar um trecho ‘marginal’ da rodovia?
Inegável é, porém, que o movimento de Patrícia Alba e o RS 188 Sem Pedágio tem força política no combate contra o ‘pedágio gourmet’ que o governo Leite vai sim propor para a 118 – não só para duplicar o trecho que falta, mas, principalmente, sob argumento de que o DAER não tem orçamento para manutenção da rodovia.
Pressiona o governador a deixar claro para a sociedade se o pedágio é ou não sua convicção.
Ao fim, resta apresentada uma alternativa, para pelo menos parte do problema: a conclusão da duplicação.
Mais próxima do sonho que da realidade, mas positiva para o debate sobre a ‘privatização à brasileira’ da ERS-118: aquela que após R$ 400 milhões em investimentos públicos na duplicação – e, agora, mais a elevada em Gravataí, de R$ 27 milhões, e a iluminação completa, por R$ 20 milhões –, entrega a rodovia para exploração pela iniciativa privada.