Paulo Silveira é candidato não só a deputado estadual, mas a ser deputado estadual. É uma das – poucas – 'estrelas' do PSB do Rio Grande do Sul que disputam a eleição de 2022. O vereador de Gravataí mostrou na sua festa de aniversário de 38 anos, neste sábado, num CTG Aldeia dos Anjos por onde, conforme sua assessoria, passaram 2 mil pessoas. Ao lado de José Stédile, ex-prefeito de Cachoeirinha, o gravataiense é o nome da região metropolitana para ser eleito.
O vice-presidente nacional do PSB e pré-candidato a governador, Beto Albuquerque, participou do evento, assim como o presidente estadual do partido, Mário Bruck, e o deputado estadual Dalciso Oliveira, além de outras lideranças socialistas como a secretária estadual de Mulheres do PSB, Maria Luiza Loose; o vereador de Caxias do Sul Wagner Petrini; o ex-vice-prefeito de Santa Rosa, Dr Benvegnú; o presidente do PSB de Porto Alegre, vereador Airto Ferronato; além de comitivas com vereadores, ex-vereadores e secretários de municípios da Zona Sul, Noroeste e Serra.
De Gravataí, foram levar um abraço aí aniversariante os vereadores Dilamar Soares e Bino Lunardi, ambos do PDT, e, deveria valer de exemplo para o país, o Policial Federal Evandro Coruja (PP), bolsonarista raiz que mantém relação civilizada com o vereador que, hoje, é o representante da chapa Lula-Alckmin na eleição de 22.
No discurso, Paulo, sempre fidelíssimo ao PSB, louvou Beto, lembrando quando se filiou ao partido em 2005 e ouviu que “a política só faz sentido se for pra melhorar a vida das pessoas”.
– Esse homem vai ser o próximo governador do Rio Grande!
Fiel também aos amigos, ao saudar a festa como uma oportunidade de reencontrar amigos e celebrar a vida após dois anos de pandemia, lembrou de Zilmar Pedroso da Silva, que atuou na coordenação das suas três campanhas a vereador e faleceu em 2021 vítima da covid-19.
– Se o Zilmar estivesse vivo, estaria a semana toda aqui no CTG ajudando a organizar a festa.
Paulo fez o link com Beto na pauta da educação, para a eleição deste ano. Citou como exemplo a contradição vivida pelos moradores da região da Caveira, ao lado da GM, “um expoente do capital”, mas onde não há acesso ao ensino médio perto de casa.
– Queremos que tragas uma escola de ensino médio para a Caveira, Beto – disse Paulo.
Filho de pai mecânico e mãe costureira, Beto deu a garantia:
– Quero ser um governador que não fica só cortando direitos como fôssemos máquinas. Um governador que quer ver os mais pobres, os que mais precisam, em escolas do estado decentes, com tecnologia, com inovação.
Paulo, que na Câmara de Vereadores de Gravataí é presidente da Frente Parlamentar contra o Pedágio, também gritou sua contrariedade à proposta de pedagiar a ERS-118 após um investimento público superior a R$ 400 milhões na duplicação.
– Não podemos pagar a conta duas vezes – disse.
Ao fim, Paulo vive uma aparente contradição política, que na verdade pode ser vista hoje como uma evolução. Ele faz parte do governo Luiz Zaffalon (MDB), prefeito que, tão ideologicamente à direita, ao menos no discurso, faz o ex, e seu ‘Grande Eleitor’, Marco Alba, parecer comunista.
Não deixa, porém, de associar-se ao PSB na filiação de Geraldo Alckmin e na aliança como vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contra Bolsonaro.
Dou um exemplo, para além dele, Paulo, não ter votado favoravelmente ao golpeachment da prefeita petista de Gravataí, Rita Sanco, cujo vice, Cristiano Kingeski é seu coordenador de campanha e vice-presidente do partido, e nem se manifestado a favor do golpeachment contra Dilma, como o fizeram colegas de partido como os prefeitos de Cachoeirinha José Stédile e Miki Breier:
O vereador Thiago De Leon (PDT) compartilhou no Twitter post do deprimente da república que escreveu “kkkkkkkkk” sobre a foto de Lula e Alckmin, e escreveu “como explicar a política brasileira”.
Paulo foi lá e defendeu a união contra Bolsonaro, o mal maior.
Inegável é que a candidatura de Paulo é ‘MarxDonalds’, como chamei a chapa Dimas-Evandro, na eleição para a Prefeitura de Gravataí de 2020, já que unia um canhoto e um destro. Afinal, Paulo integra um governo cujo prefeito é declaradamente de direita, faz piada com Lula como aquele que, quando criança queria ser boxeador e nunca perdeu um assalto na presidência, como reportei em O ’My Way’ de Zaffa em Gravataí, mas, corajosa e ideologicamente, defende para os cargos maiores da nação Lula e Alckmin.
Não acho feio.
É, na política, possivelmente, a parceria necessária para a evitar a extrema direita. Um pouco à direita, um pouco à esquerda, uma paradinha no centro, mas nunca tiozão do churrasco.
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