O Plano Plurianual que prevê R$ 4,4 bilhões em 3 eixos, 20 programas e 17 ações entre 2022 e 2025 foi aprovado nesta terça pela Câmara de Vereadores por 16 votos a 5.
Para quem quer conhecer mais do PPA, apresentei os grandes números e uma entrevista com o secretário da Fazenda Davi Severgnini nesta segunda, em PPA de 4,4 bi: Gravataí será ’ilha de investimentos’ nos próximos 4 anos; votação é hoje.
Sigamos na sessão de hoje.
Governistas defenderam a preparação da ‘Gravataí metrópole’ em um PPA que é uma ‘carta de intenções realista’. Oposicionistas cobraram falta de recursos para assistência social, cultura, esporte e funcionalismo, criticando um ‘orçamento matemático’ que ‘não prioriza os mais pobres’.
– É um projeto que começou com meu pai (Acimar), foi consolidado por Marco Alba e segue com Luiz Zaffalon. Preparamos o município para o futuro e os investimentos estão acontecendo – disse o líder do governo, Alison Silva (MDB).
– De 2012 para cá arrumamos a casa, pensamos Gravataí como uma metrópole e hoje tem uma gestão que virou case. Fizemos as reformas que precisavam ser feitas e apresentamos agora no PPA o projeto que venceu a eleição com 52% dos votos – disse Alan Vieira (MDB), presidente do legislativo que também vota em questões orçamentárias e não apenas em caso de empate.
– Este PPA é uma carta de intenções que não vende ilusões. Vivi épocas de orçamentos superestimados, onde se apresentavam peças maravilhosas que não eram executadas – disse o cada vez mais próximo do governo Dilamar Soares (PDT), fazendo uma analogia com o futebol:
– O presidente do meu Colorado é simpático à esquerda, mas já avisou que precisa pagar R$ 600 milhões em dívidas e resultados talvez demorem 3 anos. O Cruzeiro caiu com 800 milhões em dívidas. A gestão fiscal passou a ser um farol em qualquer atividade. Não posso admitir uma Prefeitura gastar mais do que arrecada. O governo poderia financiar até R$ 1 bi, mas não faz, porque tem os pés no chão. Um dia precisa pagar a conta.
Citando a Olimpíada, Thiago De Leon (PDT) criticou recursos ínfimos projetados para esporte e cultura.
– Uma cidade não vive só de pontes e asfalto.
O vereador de oposição também alertou para a falta de garantias de reposição salarial para o funcionalismo:
– Se falou que após a Reforma da Previdência poderia haver ganhos, mas, se Gravataí crescer nos 6% projetados, só haverá reposição da inflação.
Cláudio Ávila (PSD) também criticou a falta de recursos para assistência social.
– Essa carta de intenções do governo é que me preocupa. É a cara do MDB. Muita matemática e pouco ser humano. É um orçamento para os que menos precisam – disse, cobrando a falta de recursos para cestas básicas, renda mínima e formação de mão de obra.
– Empresas como a GM não tem gravataienses em seus cargos diretivos e cada vez menos em outras funções porque não qualificamos nossos trabalhadores – disse, também alertando para a pouca capacidade de investimentos sem a contração de empréstimos.
Anna Beatriz da Silva (PSD) também criticou a falta de recursos para a assistência social.
– Falam em plano para garantir o futuro. Pergunto: de quem? Dos empresários? Não tem mulheres, juventude e pessoas com deficiência no plano.
A vereadora também criticou os poucos recursos para o tratamento das sequelas da covid, “que já matou mais de 800 gravataienses”, e a projeção de verbas que garantiriam atender apenas 150 famílias por mês com cestas básicas.
– Um governo se conhece pelas prioridades de seu orçamento – concluiu.
Já Bombeiro Batista (PSD) criticou “os gastos do governo com publicidade”.
Sigo eu.
Reputo foi um debate tímido, de poucos dados e alternativas, mas muito justo. A oposição demarcou sua crítica na falta de recursos para a assistência social, antecipando que os vereadores vão ser ‘fiscais da fome’ no pós-pandemia.
Salvo engano, percebi inclusive a estratégia de criar um ‘nós contra eles’, onde os ‘ricos’ são o governo e os ‘pobres’ a oposição – mas isso é do jogo político e cada um tem a Inquisição que merece.
Já a crítica à falta de recursos é uma rotina nos governos do MDB, que apostam em captar patrocínios privados, ao invés de usar recursos públicos.
Inclusive, o ex-prefeito Marco Alba, logo após a reeleição em 2017, extinguiu a Fundação de Arte e Cultura (Fundarc), sob a crítica do meio artístico.
E, dos Grandes Lances dos Piores Momentos, o próprio Claudio Ávila, hoje crítico ao PPA ‘cultura orçamento zero 2.1’, se envolveu em polêmica com artistas como Paulo Adriane, quando em 2011 foi secretário de Acimar, do MDB, e para economizar cortou verbas para a Paixão de Cristo, um dos espetáculos mais tradicionais de Gravataí.
A cultura é o Cristo de sempre a ser crucificado nos orçamentos.
Ao fim, sustento, apesar da contestação de Ávila durante a sessão, que se cumprir o PPA Luiz Zaffalon será reeleito. E com financiamentos sim, porque só assim prefeituras – que não emitem moeda – investem, desde a minha pequena Ipiranga do Sul até a megalópole São Paulo.
Não se trata de gostar ou não do prefeito.
Inegável é que seus planos são uma continuidade de Marco Alba. E o ex-prefeito encerrou o governo com aprovação de 8 a cada 10 gravataienses e foi o ‘Grande Eleitor’ de Zaffa, um outsider da política eleito em 2020 com 52% dos votos – mais do que a soma do voto dos adversários.
Ao fim, com 15 votos a ‘carta de intenções’ de Zaffa, Marco & Cia resta aprovada projetando Gravataí como uma ‘ilha de investimentos’ na Região Metropolitana. E os significativos 6 votos contrários da oposição nos convidam a cobrar para que ninguém seja vítima da fome em Gravataí.
OS VOTOS
: A favor do PPA – Alan Vieira (MDB), Alison Silva (MDB), Áureo Tedesco (MDB), Claudecir Lemes (MDB), Márcia Becker (MDB), Carlos Fonseca (PSB), Paulo Silveira (PSB), Demétrio Tafras (PSDB), Fábio Ávila (Republicanos), Mario Peres (PSDB), Policial Federal Evandro Coruja (PP), Roger Correa (PP), Alex Peixe (PTB), Bino Lunardi (PDT) e Dilamar Soares (PDT).
: Contra o PPA – Anna Beatriz da Silva (PSD), Bombeiro Batista (PSD), Cláudio Ávila (PSD), Clebes Mendes (MDB), Fernando Deadpool (DEM) e Thiago De Leon (PDT).
Assista à íntegra da sessão que votou o PPA
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