opinião

Políticos de Glorinha ’se dão’ aumento; ’Vice’ de Dimas ganhou. É a ’conexão Gravataí’

Darci Lima da Rosa, prefeito de Glorinha

Se inflação é “onde comem dois, come um”, quem come primeiro em Glorinha é o prefeito, o vice, os vereadores e os secretários municipais.

Mesmo que os balanços analisados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) mostrem que o município se apaga ao ritmo das caldeias da Fibraplac, neste abril os políticos aprovaram aumento de 7,6% nos salários.

Para quem acha que um dígito é troco, a inflação oficial em 2018 ficou em 3,75%.

Ah, mas o funcionalismo, onde estão os nobres professores, merecem o aumento! Sim, concordará até o Jornal da Véia – quem conhece o ‘paraíso entre a Capital, a Serra e o Mar’ sabe do que estou falando.

Minha análise é sobre o comportamento dos políticos, num Brasil de 12 milhões de desempregados e uma perspectiva de crescimento zero: o prefeito Darci Lima da Rosa (PRB) está ganhando mais de R$ 10 mil mensais; o vice Jean Medinger (PSD) R$ 7 mil; os secretários municipais R$ 6 mil e os 9 vereadores R$ 5 mil cada.

São salários – fora o dos vereadores, que são um pouco mais baixos – próximos aos pagos em Gravataí, que tem orçamento que logo chega ao bilhão. Hoje, Glorinha tem orçamento anual que não banca um mês na ‘terra da GM’.

Grosseira, mas é uma comparação: imagine que Gravataí seja a Coca-Cola e tenha como seu principal executivo o prefeito Marco Alba (MDB). Ele ganha R$ 12 mil. Se Glorinha for a Fruki, é justo seu CEO, no caso, o prefeito Darci, ganhar quase a mesma coisa?

Quem acompanha minhas análises sabe que não faço o tipo moralista que defende salário mínimo para político (até porque não pagar políticos é o que todo rico quer, porque aí fica mais fácil de correr os ‘maloqueiros da política’, aqueles que vão às vilas não só para pegar um fumo ou um pó).

Quem me lê sabe que, tantas vezes, mais defendi a política do que os políticos acovardados pelas metralhas do Grande Tribunal das Redes Sociais. Mas entendo a política como uma arte da negociação, do bom senso, da boa representação do eleitorado.

No caso de Glorinha, me permitam: faltou bom senso!

Acho que ando ouvindo tanto as diatribes de Olavo de Carvalho que acabei cedendo ao uso de expressões chulas, mas que, infelizmente, parecem traduzir bem esses nossos tempos: “se todo mundo está fodido, os políticos tem que dar exemplo!”, grito.

Bonito seria – se Glorinha tivesse realmente condições financeiras (volto a isso, porque não tem) – dar aumento para os professores e congelar os salários dos políticos direcionando o milhão que sobraria para alguma obra.

Vou me incomodar com os fãs do popular vereador, mas é inevitável ao Seguinte: linkar Glorinha com Gravataí: Dimas Costa, que sempre votou contra aumentos e privilégios dos políticos, não poderia ter dado um toque para Régis Fonseca, procurador-geral de Glorinha, não embarcar nesse bonde? Afinal, o advogado é cotado para em 2020 ser seu candidato a vice-prefeito…

Mais: o grande articulador da candidatura de Régis a vice de Dimas em Gravataí – Cláudio ‘impeachment’ Ávila – foi à justiça em 2016 e barrou aumento análogo para a Câmara de Gravataí.

E, ao seu estilo de ‘Roger Stone’ da aldeia, criticou a prática que agora beneficia seu bom moço com uns – tão poucos que não vale o pênalti e melhor seria pedir demissão – pilas a mais por mês.

A não ser que a diferença entre ser oposição e governo reduza na mesma proporção da data da posse.

Darci não atendeu ao telefone, mas gostaria de ouvi-lo.

Se Dimas quiser falar, também. Afinal, pode ser prefeito e seu vice gostou de ganhar aumento.

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