Pompeo de Mattos convidou Luiz Zaffalon (sem partido) para se filiar ao PDT. O deputado federal, que é presidente licenciado do partido no Rio Grande do Sul, visitou a Prefeitura nesta segunda-feira para fazer o convite.
Peculiar personagem da política gaúcha, pilchado como sempre, até poema recitou, dedicado ao prefeito, que o recebeu junto a seu líder do governo na Câmara de Vereadores, Dilamar Soares, que ainda é filiado ao partido, apesar de ter garantido o mandato na justiça eleitoral, assim como Bino Lunardi, também da base governista.
Assista ao vídeo do poema para o “amigo Zaffa” na SEGUINTE TV e, abaixo, sigo.
É – mesmo que ainda nos bunkers – mais um episódio da III Guerra Política de Gravataí: Zaffa x Marco Alba, pós Abílio x Oliveiras e Bordignon x Stasinski. Permite antecipar que o movimento, se não restar em filiação, aproxima o partido do governo; e, por consequência, pode ser mais um reforço para uma nova base de governo de Zaffa – o vereador Thiago De Leon, que presidente o PDT no município, é o único que sempre foi oposição.
– Zaffa é um prefeito do tamanho de Gravataí. É hoje uma liderança estadual. E o PDT quer resgatar o protagonismo. O convite está feito – confirmou Pompeo ao Seguinte:, nesta terça-feira, dizendo que não conversou ainda com De Leon e a direção municipal do partido.
– Se houver um sinal positivo do prefeito, o Thiago, que é um jovem companheiro que valorizamos muito, com certeza será ouvido. Por enquanto temos debate apenas entre dirigentes estaduais – disse o deputado, que articula com Romildo Bolzan Jr. uma chapa de consenso para comandar o PDT gaúcho a partir de julho, quando encerra o mandato de Ciro Simoni.
O prefeito não retornou contato do Seguinte: até o fechamento do artigo. O presidente municipal Thiago De Leon também não. Aparentemente contrariado, o vice-presidente José Amaro Hilgert informou apenas que uma reunião da executiva local vai debater o assunto.
Zaffa tem mantido reservas sobre suas conversas com os partidos para uma filiação, que precisa ser feita em até seis meses antes da eleição de outubro de 2024, para concorrer à reeleição.
Além da especulação de sempre, de que poderia se filiar ao PP pelas mãos do amigo de infância e presidente estadual Celso Bernardi, o PSDB de Eduardo Leite já o convidou oficialmente: o presidente municipal e vereador Demétrio Tafras fez o convite; reportei nos artigos PSDB convida Zaffa e Dr. Levi e é primeiro partido a manifestar apoio à reeleição do prefeito; A III Guerra Política de Gravataí e os dois senhores, Se Zaffa filiar ao PSDB para concorrer à reeleição, como fica ‘Embaixador do governo Leite em Gravataí’, que já é candidato: larga? O “bem-vindo ao lado certo da História” para a “direita bolsonarista” e Zaffa nega acerto para filiação no PSDB de Leite, mas elogia governador: “É uma das maiores expressões políticas do país no momento. Moderno, íntegro, inteligente”; Eu te amo política!.
Reputo, no ‘bem-vindo à política!’, que antecipei no rompimento em Declarada III Guerra Política de Gravataí: Zaffa vai sair do MDB para enfrentar Marco Alba; Bem-vindo à política, prefeito! e Bomba em Gravataí! Nota do MDB é um aceite da guerra entre Zaffa e Marco Alba, além da necessidade de montar uma base de governo que garanta ao menos a maioria de 11 votos e um partido e coligação estruturada para concorrer mantendo como vice Dr. Levi Melo (Republicanos), Zaffa enfrenta um dilema ideológico.
Sincericída, o prefeito, que em entrevista descreveu o seu ‘Grande Eleitor’ de 2020 Marco Alba como um ‘camaleão’ das cores ideológicas, sempre se apresenta como um político de direita – e direita não é o PSDB e, muito menos, o PDT.
Quando o comunicador Chico Pereira noticiou como certa uma filiação de Zaffa no PSDB, uma série de leitores identificados com a direita gravataiense criticou, ou ao menos questionou se não havia caminho melhor; quem já não viu bolsonaristas – principalmente os que falam ‘Dudu Milk’ e napoleões de hospício em batalha contra o ‘comunismo’ – identificarem o PSDB de Fernando Henrique Cardoso como “de esquerda”?
Com o PDT não deve ser diferente. Nacionalmente o partido apoiou Lula no segundo turno de 2022 e, em Gravataí, enfrentou Zaffa com a candidatura de Anabel Lorenzi, com Rosane Bordignon como vice, em 2020, além de, com Daniel Bordignon, ter vencido Marco Alba na eleição anulada de 2016 e ficado em segundo lugar com Rosane na eleição suplementar em que o ex-prefeito foi reeleito em 2017.
Perguntei a Pompeo de Mattos sobre a questão ideológica, já que, além da autodefinição, Zaffa e Levi apoiaram Onyx Lorenzoni (PL) e Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno e são oposição a Lula e ao PT.
– Quem olha para trás não olha para frente. E vira estátua de sal – disse, referindo-se à passagem bíblica sobre a transformação da esposa de Ló em um memorial da preservação do mal de Sodoma (Gênesis 19:17, 23-24, 26) e, de seu jeito característico, concluindo num repente de metáfora automobilística:
– É como um carro: tem um para-brisa grande para olhar para frente e dois retrovisores e um espelhinho bem pequenos para olhar para trás.
Ao fim, por obvio a decisão de Zaffa não será exclusivamente ideológica, mas ideologia também terá; é um fenômeno mundial redivivo, nosso Zeitgeist, o ‘espírito do tempo’ que assombra, com o ‘comunismo’ e o ‘fascismo’, desde a família ao escritório, do bar à igreja.
É uma pressão social inevitável, e o sociólogo Zaffa sabe bem, mesmo governe sob a ‘ideologia dos números’, e tenha ou não a ver o lenço maragato sempre usado por Pompeo, com o lenço vermelho que Lula usou na visita ao tumulo de Getúlio, em São Borja.