Para evitar a reprovação, o vereador Bombeiro Batista (Republicanos) pediu arquivamento de seu Projeto de Lei 48, que “reconhece os rodeios campeiros com patrimônio cultural, prática esportiva e de relevante importância social e econômica para Município de Gravataí”.
Não bastou a gineteada desde a oposição de paleteada que fazia ao prefeito Luiz Zaffalon até ser laçado pela base do governo; leia em Vereador mais votado, Bombeiro se filia ao Republicanos com Zaffa, Dr. Levi e presenças-surpresa; Mais ‘Choquei’ da III Guerra Política de Gravataí, Quincas Borba e as batatas.
O freio – no caso, não de ouro – partiu de um dos principais líderes da oposição na Câmara, Cláudio Ávila.
O vereador reviu decisão anterior e deu parecer contrário ao projeto na Comissão de Justiça e Redação.
Caso o autor não optasse pelo arquivamento, o PL 48 seria extinto sem nem mesmo ir a voto. A estratégia de Bombeiro permite a reapresentação, com algumas alterações, ainda neste ano; talvez às vésperas do Rodeio do Mercosul de novembro, o que renderia mais cliques nas redes sociais.
Perguntado pelo Seguinte: se reapresentará o projeto, Bombeiro visualizou o whatsapp, mas não respondeu até o fechamento deste artigo.
Clique aqui para acessar o projeto arquivado.
Nos bastidores do legislativo, as informações são de que o tiro de laço que derrubou o projeto partiu de um pedido feito a Ávila por Márcia Becker (MDB), a ‘vereadora da causa animal’, que apoiou ação judicial da ONG Princípio Animal que teve como consequência o pinote dos organizadores da etapa de Gravataí do Circuito Nacional de Rodeios Festa do Peão Boiadeiro 2022; leia sobre a polêmica, em ordem cronológica, em Ação judicial pede proibição de animais em rodeio de Gravataí; Os cowboys e a porteira aberta, A verdade sobre o cancelamento do rodeio em Gravataí, Advogado do Rodeio denuncia ’sumiço’ de guias que liberariam uso de touros em Gravataí; Virou caso de polícia e ONG repudia denúncias de advogado do rodeio de Gravataí; ’O fracasso foi de público’.
Fato é que Bombeiro corcoveia politicamente, em sua nova pilcha de ‘base do Zaffa’, que também chamo ‘Situação A’, que são os vereadores – de governo e oposição – que ficaram ou foram atraídos pelo prefeito após a deflagração da III Guerra Política de Gravataí: Zaffa x Marco Alba, pós Abílio x Oliveiras e Bordignon x Stasinski.
No dia em que o PL 48 seria votado, Alan Vieira (MDB), com a garantia do presidente da Câmara, Alison Silva (MDB), de que desempataria a votação votando com ele, fez um ‘pedido de vistas’, dispositivo do Regimento Interno que permite ao vereador analisar o projeto até a próxima sessão.
Bombeiro foi contra o adiamento da apreciação em plenário. Mesmo governista, perdeu no voto por 12 a 6, como já aconteceu com projetos seus quando fazia oposição.
Votaram com ele apenas Alex Peixe (PTB), Clebes Mendes (MDB), Demétrio Tafras (PSDB), Fábio Ávila (Republicanos) e Fernando Deadpool (sem partido).
Restou no brete, isolado, o ‘G-6’, grupo de vereadores que deve ter um dos peões indicado para disputar a eleição para a Presidência da Câmara, em dezembro.
Bombeiro, por sua vez, talvez perceba que, mesmo sendo o vereador mais votado, não está mais no alto na magirus do governo do o vereador menos votado; além de, na Câmara, todos os votos valerem a mesma coisa, o ‘eu sei o que você fez no verão passado’ é chasque repetido na política.
Ao fim, é notória minha suspeição para tratar rodeios com ‘isenção’, por ser ativista da causa animal.
Sou crítico da lei federal, aprovada sob bolsonarismo, que tornou rodeios – inclusive as cruéis vaquejadas – uma manifestação cultural nacional.
Mas não é nada que o Zeitgeist, o ‘espírito do tempo’, não possa mudar; e vai, mesmo que só em próximas gerações, assim como se proibiu a exploração de animais em circos.
A escravidão também era uma cultura, lembram?