RAFAEL MARTINELLI

Prefeito Cristian anuncia da China investimento bilionário em fábrica de chips; o ‘efeito Cachoeirinha 2050’

Cristian e Garcia no Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), em Pequim, China, nesta segunda-feira

Cachoeirinha foi confirmada como o endereço de um dos maiores investimentos industriais em discussão no Rio Grande do Sul. A cidade abrigará uma fábrica de chips da Tellescom Semicondutores, fruto de uma joint venture com uma empresa da Malásia, com investimento estimado em até R$ 1 bilhão. O anúncio oficial será feito nesta segunda-feira (23) pelo governador Eduardo Leite, durante a inauguração do novo escritório da Invest.RS, em São Paulo.

A informação foi antecipada ao Seguinte: pelo prefeito Cristian Wasem (MDB), que está em missão na China. Segundo ele, o investimento é resultado de uma articulação iniciada em 2022 e se consolidou graças ao projeto Cachoeirinha 2050, maior programa de resiliência climática da história do município, que inclui financiamento de US$ 78 milhões (cerca de R$ 500 milhões) com o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB).

– Era uma negociação sigilosa. O planejamento do Cachoeirinha 2050 foi fundamental. Teremos uma ‘Cidade Tellescom’ no município – afirmou Cristian, que também já se reuniu com o CEO da Tellescom, Ronaldo Aloise Júnior, e o governador para fechar os detalhes do acordo.

A vitória de Cachoeirinha

Cachoeirinha superou concorrentes de peso, como Gravataí, que pleiteava o investimento pela presença da General Motors e seu plano de R$ 4 bilhões em veículos elétricos e conectados até 2028. A definição da cidade como sede da nova fábrica é atribuída à visão estratégica da atual gestão, que articulou, junto ao AIIB, recursos para obras de infraestrutura que garantem mobilidade mesmo em eventos climáticos extremos.

Entre elas está a construção da ERS-010, apelidada de “Eletrovia”, que ligará a cidade ao Cientec, onde será instalada a unidade da Tellescom. Com custo de US$ 20 milhões, o trecho facilitará o transporte de cargas de alta tecnologia e a logística do polo industrial.

– Com a 010 e as obras do Cachoeirinha 2050, nem um dilúvio isola a cidade. Teremos ligação direta com a ERS-118, BR-116, BR-290, aeroporto e portos – destacou o secretário de Planejamento, Paulo Garcia, ressaltando que a receita do município pode praticamente dobrar em menos de 10 anos.

Fábrica de chips: tecnologia e futuro

A unidade da Tellescom produzirá chips para os setores automotivo, de telecomunicações e internet das coisas (IoT). A expectativa é de que a construção comece em 2026 e a operação inicie até 2029. A empresa firmou um termo de cooperação em fevereiro, na Malásia, com apoio técnico do polo tecnológico de Penang, em missão liderada pelo presidente da Invest.RS, Rafael Prikladnicki.

– Queremos tornar o RS um polo nacional de semicondutores, aliando nossa tradição em microeletrônica com inovação – disse Prikladnicki, referindo-se ao programa Semicondutores RS, criado após o fechamento da Ceitec, em 2022.

A diretora da Malaysia Digital Economy Corporation, Yvonne Yong, elogiou a sinergia entre os ecossistemas de inovação dos dois países e anunciou interesse em ampliar parcerias nas áreas de cidades inteligentes, semicondutores e games.

Cachoeirinha 2050: resposta às enchentes de 2024

A escolha da cidade também tem forte componente climático. Em 2024, Cachoeirinha foi duramente atingida pelas enchentes que devastaram o RS, deixando 3 mil desabrigados. O programa Cachoeirinha 2050 é uma resposta ambiciosa a essa tragédia e envolve três frentes principais:

1. Infraestrutura resiliente (R$ 78 mi): inclui a Eletrovia como dique, viadutos com drenagem e urbanização de arroios.

2. Edificações à prova de clima (R$ 72 mi): construção de novo centro administrativo com tecnologia de controle de desastres.

3. Inovação (R$ 2,4 mi): capacitação em gestão de riscos e monitoramento hidrológico.

– Cada centavo será monitorado. É um pacto com as próximas gerações – garantiu o prefeito, destacando soluções sustentáveis como jardins de chuva e 8 km de parques lineares.

Cristian afirma que as medidas já mostraram resultado durante os últimos eventos de chuva, com alagamentos pontuais e controle mais eficaz da água, a partir do desassoreamento de 14 quilômetros em arroios e 100 km em desobstrução de redes pruviais. Ele também confirma a abertura de licitação para a revitalização do arroio Passinhos, que o Seguinte: reportou em Prefeito anuncia licitação de R$ 20 milhões antes de voo para China: obra é contrapartida de megaempréstimo para Cachoeirinha.

– Enfrentamos dificuldades financeiras e políticas, mas estamos entregando as respostas. Precisávamos de um grande investimento, especialmente depois da perda da Souza Cruz em 2016 – disse o prefeito.

O ‘jardim da região metropolitana’

A meta da gestão Cristian II é fazer de Cachoeirinha “um jardim da região metropolitana”, abrindo o Parque Tancredo Neves ao público e integrando o Mato do Júlio como área de preservação e contenção de cheias.

Nesta quinta-feira, Cristian e Garcia apresentam o programa Cachoeirinha 2050 em plenária no banco asiático, evento que poderá contar com a presença do presidente chinês Xi Jinping. A assinatura oficial do financiamento está prevista para a COP30, em novembro, em Belém (PA).

– Queremos ser a cidade brasileira mais próxima da China. Enquanto alguns esperam por obras federais, buscamos soluções. E conseguimos – finalizou Garcia.


Assista na SEGUINTE TV vídeo enviado pelo prefeito da China

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