Os vereadores de Gravataí não receberão a reposição proposta pelo prefeito Marco Alba (MDB) para o funcionalismo. O presidente da Câmara Clebes Mendes acaba de confirmar ao Seguinte: que encaminhará projeto estendendo o 1,69% – relativo à inflação acumulada no período 1º de maio de 2017 a 30 de abril de 2018 conforme o INPC-IBGE – apenas para os servidores concursados e CCs.
– Vivemos uma interminável crise nacional e acredito que é momento da Câmara fazer sua parte. Não está fácil para ninguém. Mesmo que os vereadores estejam sem aumento desde a legislatura anterior, e haja orçamento, o legislativo de Gravataí, que é um dos que menos gasta no Brasil, vai dar exemplo – explica o ‘Bolsonaro da Aldeia’, que estreou neste mês com mão de ferro frente à presidência do poder.
Segunda, no anúncio da reposição, Marco Alba já tinha informado que, apesar do reajuste ser estendido aos secretários municipais e CCs do governo, os salários do prefeito e do vice Áureo Tedesco (MDB) não seriam reajustados.
– Desde 2012 peço para o salário do prefeito não ser incluído nos reajustes e o Áureo concordou – explicou.
Informações sobre o impacto do reajuste, suas consequências e a análise política, você lê no artigo Marco Alba dá inflação ao funcionalismo; o que isso significa, publicado nesta segunda pelo Seguinte:
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Comento a boa notícia do dia.
Acerta Clebes em não dar a reposição aos vereadores. Seja 1%, ou fosse 100%, o momento não é bom para a política e os políticos, a quem resta nada mais que a presunção de culpa até por roubar a umidade relativa do ar no calorão.
Após a publicação da notícia da reposição inflacionária, no Grande Tribunal das Redes Sociais teclados já metralhavam um possível aumento para os vereadores.
Escrevi ontem:
“(…)
Vai ser difícil encontrar algum servidor que se contente com 1,69%, já que o cálculo dos sindicatos dos professores e municipários é de perdas de 16,6% desde 2015. Mas o rombo previdenciário em Gravataí exige que se calcule além dos percentuais de reposição que são enviados pelo governo para aprovação dos vereadores. É muito dinheiro que a Prefeitura precisa obrigatoriamente destinar para garantir a aposentadoria dos funcionários pelos próximos 35 anos. Não é um dinheiro que entra na conta amanhã, mas é como uma poupança. Bom seria todos os professores e servidores poderem ganhar mais e ter seu plano de saúde semelhante aos melhores do mercado. Mas, se vamos todos esquecer, ou avalizar os porquês de chegarmos a esse ponto, que pelo menos nos questionemos “Quanto Gravataí pode pagar hoje?”.
Concluo com um elogio ao prefeito e ao vice que mantém seus salários congelados em R$ 12 mil desde 2012. Não representa o quarto zero depois da vírgula no orçamento quase bilionário de Gravataí, mas é um símbolo importante para um professor de nível 1 que tem salário de R$ 1.200.
(…)”
Estendo o elogio aos vereadores, que devem aprovar por unanimidade a exclusão do aumento. O legislativo teve deslizes nos últimos anos, como quando em 2016 se gastou mais do que São Paulo em diárias e passagens aéreas para cursos de nome comprido e curto interesse público, mas como atesta seu presidente gasta pouco mais de um terço do orçamento e, nos últimos 20 anos, cortou férias de inverno, reduziu assessores, não seguiu outras câmaras aprovando 14º salário e não tem mordomias como auxílios combustível ou excrescências como auxílio paletó.
Quando Clebes foi eleito, muitos apostavam que, por ser um defensor do papel de vereador, pelo temperamento que lhe rendeu o apelido de ‘Bolsonaro da Aldeia’ e por não ser um político caça-cliques de redes sociais, na presidência poderia bancar mimos para os vereadores, como aumento de salários, liberar o hangar para o CâmaraTur ou mesmo peitar o Ministério Público e embarcar em um bonde dos cargos. Não foi o que aconteceu. Pelo menos até agora não caiu em nenhum ‘pega-ratão’ e, talvez por isso, seja jocosamente chamado por alguns colegas de ‘Maduro’, e tem conduzido as sessões sem estresses e mostrado frieza ao assimilar críticas da imprensa.
Ao fim, mesmo que estejamos falando de 1,69%, é bom ver sensibilidade nos políticos em dias, anos, décadas nos quais a política ocupa a página policial e, ao sabermos de determinados comportamentos pensamos, “fazem isso tudo em público e ainda vão para a cama?”
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