política

Preso líder de facção suspeito de financiar campanha de vereador de Cachoeirinha

Polícia Civil considerava irmão de vereador foragido número 1 do Rio Grande do Sul | Foto PC-RS

A delegada Vanessa Pitrez, diretora da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), estabelece ligação entre a investigação sobre o vereador de Cachoeirinha Juca Soares (PSD) e a prisão nesta sexta, pela Operação Cidade de Deus, de seu irmão Tiago Soares da Silva, 38 anos, o 'Pequeno', conforme a reportagem de GZH Líder de facção investigado por 11 homicídios é preso em apartamento de luxo no litoral de SC, que inclui vídeo e fotos.

Considerado pela Polícia Civil o "foragido número 1 do Rio Grande do Sul", o preso de alcunha 'Pequeno' é suspeito de participação em assassinato de empresário no bairro Anchieta e de ataque a tiros que deixou dois mortos na Avenida Sertório, entre outros crimes.

Na reportagem de Cid Martins a delegada afirma que "o investigado, apontado por liderar facção criminosa, também é suspeito de financiar a campanha eleitoral do irmão dele, o vereador de Cachoeirinha Juca Soares (PSD)".

O parlamentar foi alvo de operação do Ministério Público em janeiro deste ano, justamente por suspeita de financiamento de campanha eleitoral com dinheiro ilícito, como tratei em Vereador é investigado por suspeita de ter campanha eleitoral financiada por facção criminosa.

Em 29 de janeiro, um mandado de busca foi cumprido na residência do político. Em nota, divulgada na época da ação, e que você lê clicando aqui, o parlamentar disse que as denúncias eram infundadas, que era alvo de perseguição política e que todos os fatos serão esclarecidos em âmbito judicial.

Nesta sexta, o vereador ainda não se manifestou.

Reproduzo a íntegra da reportagem da RBS e, abaixo, concluo.

 

"…

Tiago Soares da Silva, 38 anos, conhecido como Pequeno, foi preso pela polícia gaúcha na noite de quinta-feira (11) em Itapema, no litoral norte de Santa Catarina. Ele era considerado o foragido mais procurado do Rio Grande do Sul, apontado por envolvimento em 11 homicídios, sendo três deles ocorridos na zona norte de Porto Alegre.

Silva é investigado pela morte de um empresário dentro de uma Range Rover, no bairro Anchieta, e por ataque a tiros com dois mortos e três feridos na Avenida Sertório, após saída de uma festa em casa noturna. É suspeito também de furto em banco e assalto a empresa de transporte de valores.

A prisão, divulgada na manhã desta sexta-feira (12), foi realizada pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). No final da manhã, Silva chegou a Porto Alegre de helicóptero e foi encaminhado, em seguida, para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), também por via aérea.

Segundo a diretora da unidade, delegada Vanessa Pitrez, Silva estava em um apartamento de classe alta junto à praia. O imóvel tinha um veículo de luxo — Mercedes — na garagem e até segurança. Ela diz ainda que o suspeito de fazer segurança para Silva não estava no imóvel no momento da abordagem policial.

— Os policiais do departamento estavam há muito tempo no encalço do foragido que, com o tempo e devido à periculosidade, tanto é que estava com segurança própria, passou a ser o foragido mais procurado do Rio Grande do Sul — ressalta.

O alvo dos agentes tem mandados de prisão definitiva por furto em banco e outros dois de prisão preventiva por homicídios. Durante a prisão de Silva, a polícia apreendeu dinheiro no apartamento onde ele estava — reais e dólares. 

Silva é um dos seis réus no caso da morte do empresário Jair Silveira de Almeida, ocorrido dentro de uma Range Rover no bairro Anchieta, zona norte de Porto Alegre, no dia 31 de outubro de 2019. Almeida, 53 anos, foi morto com 11 tiros na Rua Bartolomeu Bernardi, em frente a uma clínica terapêutica que funcionava em um prédio alugado em nome dele.

A mulher de Almeida era sócia da clínica à época, junto com uma sobrinha dele — casada com o empresário que procurou a polícia dizendo acreditar que era o verdadeiro alvo da execução. No dia do crime, Almeida estava na Range Rover de propriedade deste empresário.

motivação para o crime ainda não está totalmente esclarecida. O processo sobre o caso está na 2ª Vara do Júri da Capital.

De acordo com a delegada, Silva também responde por um ataque a tiros ocorrido no dia 18 de abril de 2018 na Avenida Sertório, nas imediações da Ponte do Guaíba, também na Zona Norte. Duas pessoas morreram e três ficaram feridas dentro de um Vectra, com placas de Tramandaí, na saída de uma festa em uma casa noturna da região. Um dos mortos tinha antecedentes por tráfico de drogas.

Ao todo, seis suspeitos de envolvimento no crime foram identificados, entre eles, Silva. Em uma operação policial realizada em novembro do ano passado, em Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí, três foram presos.

Silva também foi indiciado pela participação no roubo a uma empresa de transporte de valores ocorrido no dia 1º de abril de 2018 no bairro São Geraldo. Na ocasião, os criminosos renderam e amarraram cinco funcionários para levar dinheiro de um cofre, além de armas e coletes balísticos.

A delegada diz ainda que o investigado, apontado por liderar facção criminosa,  também é suspeito de financiar a campanha eleitoral do irmão dele, o vereador de Cachoeirinha Juca Soares (PSD). O parlamentar foi alvo de operação do Ministério Público em janeiro deste ano, justamente por suspeita de financiamento de campanha eleitoral com dinheiro ilícito.

Um mandado de busca foi cumprido na residência do político. Em nota, divulgada na época da ação, em 29 de janeiro, Soares disse que as denúncias eram infundadas, que era alvo de perseguição política e que todos os fatos serão esclarecidos em âmbito judicial.

Segundo a delegada Vanessa Pitrez, Tiago Soares da Silva  não havia apresentado advogado até as 16h de sexta-feira.

…"

 

Ao fim, mantenho minha posição de sempre: não sou daqueles que, para caçar-cliques, permito aos políticos apenas a presunção de culpa.

Ser irmão de um suspeito de alta periculosidade não significa que o vereador Juca é culpado.

Aguardemos a investigação.

Já no Grande Tribunal das Redes Sociais a condenação é impiedosa.

 

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