RAFAEL MARTINELLI

Primeira-dama de Cachoeirinha viaja com Cristian a Brasília com custeio de passagens; É um erro político do prefeito

Cristian e Fabi na posse do prefeito, na Câmara de Vereadores

Antecipei o protagonismo da primeira-dama em Cachoeirinha tem sua ‘Janja’. Fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos, e quatro dias depois comprovam o que reportei: Fabi Medeiros embarcou junto a Cristian Wasem (MDB) para Brasília, em agenda oficial com custos para a Prefeitura.

O vice, Delegado João Paulo Martins (PP), é o prefeito até quarta-feira.

Não é usual.

Ao saber da viagem, questionei a Prefeitura. Reproduzo a nota enviada pela Comunicação e, abaixo, sigo.

“(…)

O prefeito Cristian foi participar das atividades da Frente Nacional dos Prefeitos, que ocorrem hoje e amanhã em Brasília.

As agendas da primeira-dama são com os deputados Márcio Biolchi, Franciane Bayer e Pompeo de Mattos, com vistas a aquisição de micro-ônibus para atender o projeto de mulheres com câncer, para melhorias no transporte de pacientes que fazem o tratamento em hospitais da capital, além de ser usado em atividades de combate ao câncer.

A presença em Brasília também é em busca de recursos para a implantação de uma sala da mulher, que são estruturas essenciais do programa de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher, uma vez que visa promover uma ruptura da situação de violência e à construção da cidadania por meio de ações globais e de atendimento interdisciplinar (psicológico, social, jurídico, de orientação e informação) à mulher em situação de violência. Devendo, assim, agir e exercer o papel de articuladores dos serviços e organismos governamentais e não-governamentais que integram a rede de atendimento as mulheres de enfrentamento à violência contra a mulher.

Neste sentido o município de Cachoeirinha, por ações do gabinete da Primeira-dama e da secretaria municipal de Cidadania e Assistência Social, tem o objetivo de qualificar os atendimentos e estruturar um local mais adequado, específico para realização dos acolhimentos realizados no cotidiano, sugere montar e equipar uma Sala de Atendimento Especializado para atender Mulheres e seus filhos, garantindo um espaço de escuta qualificado e humanizado em um momento de tanta fragilidade emocional.

A primeira-dama viajou somente com o custeio de passagens, sem disponibilidade de diárias.

(…)”.

Sigo eu.

Por que não é usual?

Não recordo de episódio de primeira-dama de Cachoeirinha acompanhando prefeito em missão oficial.

Pelo que pesquisei no Portal Transparência, Vanessa Morais, companheira do ex-prefeito Miki Breier, nunca viajou às custas da Prefeitura para agendas oficiais.

Salvo engano, também não localizei viagens com a participação das primeiras-damas nos governos Vicente Pires e José Stédile.

Há de se diferenciar que a reforma administrativa aprovada pelo governo Cristian criou o Gabinete da Primeira-Dama; o que Miki evitou.

Mas também é preciso alertar que Fabi não recebe salários, assim não tem um vínculo jurídico com a Prefeitura para responder administrativamente, frente ao Tribunal de Contas, por exemplo, por convênios que venham a ser firmados.

Minha conclusão no artigo Cachoeirinha tem sua ‘Janja’, que escrevi na abertura do ‘mês da mulher’, e soube Fabi não curtiu, foi assim:

“(…)

É isso. Recebam! E aí recomendo como homem criado em décadas machistas: aprendam! Não adianta mensagem bonita para a mãe, a esposa e a filha se não ajudarmos a quebrar os espinhos que restam às mulheres que se arriscam a ocupar os espaços de poder.

Seja Fabi, Fabi. Que teus acertos e erros sejam medidos pela mesma régua que a dos machos em seus vestiários de governo.

(…)”.

Pois hoje considero um erro a primeira-dama viajar junto para Brasília; a não ser que embarcasse como turista, por suas próprias custas.

Salvo engano, não identifico um erro administrativo, improbidade ou algo do gênero. Por favor, não tratem como escândalo, porque não é.

A nota da Prefeitura explica o ‘interesse público’ e confirma o pagamento das passagens, mas sem recebimento de diárias – até porque o casal certamente ficará no mesmo quarto de hotel.

Não trato a coisa pelo viés do uso do dinheiro público; que é troco frente a um orçamento de meio bilhão.

Entendo um erro político.

A delegação do voto nas urnas é do prefeito, Cristian.

Uma coisa é Fabi ter opinião e ascendência junto ao companheiro, e dentro do governo, o que até defendi em Cachoeirinha tem sua ‘Janja’; mesmo que o artigo tenha sido usado por muitos maldosamente, e até provocado um apelido jocoso.

Outra coisa é a representação governamental.

Mesmo sem diárias, ao ter passagens pagas pela Prefeitura Fabi resta oficialmente em Brasília. E, corrijam-me, analisando suas agendas, a assinatura de eventuais convênios futuros serão de reponsabilidade do prefeito e secretárias e secretários municipais, não dela.

Ao fim, reputo não pega bem. Dentro do governo já não pegou. Aguardemos agora perante à opinião pública.

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