O diretório municipal do PT de Cachoeirinha aprovou, por unanimidade, na noite desta quinta-feira, a chapa David Almansa (PT) a prefeito e Dr. Rubinho (PSDB) a vice, além da coligação com os partidos que fazem oposição ao governo Cristian Wasem (MDB): PT, PCdoB, PV, PSDB, PSB, União Brasil, Cidadania, Solidariedade, e com apoio crítico do PSol.
– O nosso partido tem história e compromisso com o povo da nossa cidade. Temos compromisso com a melhora da vida de todos e com o desenvolvimento econômico e social. A confirmação desta aliança demonstra maturidade e, acima de tudo, o nosso dever em derrotar um governo tão ineficaz e corrupto. Estamos juntos, todos para mudar Cachoeirinha – celebrou Almansa, que também é presidente do partido, acrescentando em post no Instagram: “Nossa construção é ampla porque precisamos governar para todos e todas. É com união e diálogo que faremos de Cachoeirinha uma cidade grande, desenvolvida, próspera e justa! Vamos juntos, todos para mudar Cachoeirinha!”.
Ausências houve, mas ninguém saiu publicamente do anonimato para além do que reportei na quarta, sobre o constrangimento de alguns petistas com a aliança com o ‘RubiNaro’, devido ao agora vice ter se apresentado como candidato do então Jair Bolsonaro (PL) na eleição suplementar de 2022, na qual Almansa ficou em segundo e ele em terceiro, e com o partido do governador Eduardo Leite; leia em PT de Cachoeirinha deve confirmar aliança de Almansa com ‘RubiNaro’ e o ‘PSDB do Leite’; Dos ruídos à política do Lula, O Ser Político.
Ao fim, concluo como no artigo citado: é uma chapa ‘MarxDonalds’, mas inegavelmente nada estranha à política de Lula. Almansa importa para Cachoeirinha a política de ‘frente ampla’ do hoje presidente da Republica pela terceira vez. Vai além até, já que o PSDB não faz parte do governo federal.
É a ‘Real Politik’. Para a qual sempre evoco o ‘Ser Político’, do Millôr.
“Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um ímã e um calidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar, sem ver, a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra, encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo pra bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando pra história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar umas seis pra resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a redistribuição dos bens sociais, começando, é natural, por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente do gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens”.
