RAFAEL MARTINELLI

Queda do Setor de Compras da Prefeitura de Cachoeirinha revive irregularidades e ameaças de morte denunciadas por ex-secretária

Acusada de espetacularizar denúncias com interesses eleitorais, a redenção da advogada Aline Mello em Cachoeirinha pode estar chegando com a revelação de ontem do Seguinte:, em EXCLUSIVO | Cai Setor de Compras da Prefeitura de Cachoeirinha após suspeitas em novo contrato de iluminação pública; O recado do prefeito Cristian, a Mulher de César, Publios e Pompeias.

Denunciando ao Ministério Público irregularidades no Setor de Compras e registrando ocorrência policial por supostas ameaças de morte, em abril de 2022 a ex-secretária de Modernização Administrativa e Gestão de Pessoas pediu demissão do governo Maurício Medeiros (MDB), prefeito após o afastamento de Miki Breier (PSB), em setembro de 2021, por suspeitas de corrupção em contratos de limpeza urbana; os dois depois cassados pela Justiça Eleitoral em condenação por abuso de poder econômico e político na campanha de 2020.

No artigo de ontem reportei que suspeitas de irregularidades na concorrência para contratação emergencial de empresa de engenharia elétrica para prestação de serviços continuados de manutenção e reforma no sistema de iluminação pública de Cachoeirinha, ao custo de R$ 4.287.000,00 pelos próprios seis meses, derrubaram o Setor de Compras do governo Cristian Wasem (MDB), que assumiu interinamente a Prefeitura em abril de 2022, após a cassação de prefeito e vice, e, em 30 de outubro, foi eleito nas urnas em eleição suplementar.

Cristian afastou três servidores, todos concursados, que permanecem no quadro da Prefeitura, e determinou nesta sexta-feira a realização de nova licitação.

Antes do afastamento dos servidores das funções, o procurador-geral Rodrigo Silveira concordou, sem contestação, com liminar concedida na tarde da quinta-feira pela juíza da 3ª Vara Cível da Comarca de Cachoeirinha, Vanessa Caldim dos Santos, que suspendeu a contratação a pedido de empresa derrotada no pregão eletrônico do dia 9, que denunciou que “a disputa foi eivada de múltiplos vícios que denotariam favoritismo da administração para com a empresa que se sagrou vencedora, como a identificação indevida desta ou a prorrogação arbitrária e imotivada de prazos, frequentemente descumpridos, para que pudesse enviar e ajustar a documentação pertinente”.

Aline, que é filha do vereador Deoclécio Mello e preside o PSDB de Cachoeirinha, compartilhou nas redes sociais o artigo do Seguinte: e divulgou “carta aberta” na noite desta sexta-feira, relembrando o episódio.

Reproduzo na íntegra e, abaixo, sigo.

“(…)

Carta Aberta

As notícias  que hoje circulam nas redes sociais  de Cachoeirinha referente as irregularidades apontadas no setor de compras da prefeitura municipal  de Cachoeirinha nada me surpreendem.

É  uma tragédia anunciada!

Uma tragédia  que denunciei  a quase  um ano atrás,  e por conta das minhas insistentes denúncias,  sofri todos os tipos de ameaças  e  retaliações existentes.

Fui coagida a fechar os olhos para as irregularidades  e me neguei! 

Por conta desta negativa sofri pressão  psicológica,  ameaças contra a minha integridade  e a de meus familiares.

Quando a antiga administração municipal  foi afastada e o atual prefeito assumiu como interino, tive esperanças de que as investigações sobre minhas denúncias,  fossem apuradas  com maior rigor, ledo engano… As coisas permaneceram como sempre foram, as pessoas permaneceram as mesmas e suas velhas práticas também!!

É  triste  ver uma cidade  com as potencialidades  de Cachoeirinha, estar sendo gerida de maneira tão torpe e leviana.

Me entristece  profundamente  pensar que permaneceremos  inertes até o final da gestão  em 2024.

Ainda tenho fé  na justiça e hoje, quase um ano, foram OBRIGADOS A ABRIREM OS OLHOS, espero que realmente sejam tomadas as medidas cabíveis, não mascarem, não enrolem o povo e o mais importante respeitem o dinheiro do povo. 

Aline Mello

(…)”

Ao fim, concluo da mesma forma que ontem: é uma bomba; e de efeito prolongado.

A exoneração, se serve de habeas corpus preventivo para Cristian, levanta suspeitas de participação dos servidores nas supostas irregularidades na concorrência pública.

Não desconfiasse, bastaria ao prefeito cancelar o pregão. Ao afastar os funcionários, não só avisa TCE, MP e Judiciário de que não tem nada a ver com isso, mas parece ter mandado um recado para a futura equipe de Compras e o restante do governo: como na festa de 1º de maio de 62 a.c., na casa do imperador romano Júlio César, se suspeitar de algo, demite Publios e Pompeias.

Fato é que elementos para investigar o Ministério Público tem; se é que algum procedimento foi aberto a partir das denúncias de Aline, o que não consigo apurar em um sábado. Começando por ouvir os servidores afastados.

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