O 'corpo clínico' da aliança do PSD com Anabel perdeu mais um médico. Antes mesmo de Levi desistir de ser vice, um descontente Alberto Rebelato pediu desfiliação para apoiar Marco Alba
Alberto Rebelato fazia sua caminhada matinal, pela segunda quente e entre as luxuosas casas da Paragem Verdes Campos, quando o telefone tocou. Era Marco Alba (PMDB). O prefeito abria um caminho para o médico que, minutos antes, soubera que Levi Melo, colega de profissão que o filiara ao PSD, tinha sido lançado vice de Anabel Lorenzi (PSB).
– Sei que é difícil pra ti estar com ela, que não comungam das mesmas ideias. Gostaria de contar contigo do meu lado – convidou Marco, que tinha no candidato a vereador que fez 563 votos em 2 de outubro um dos integrantes do Codes, o conselho de desenvolvimento econômico e social de Gravataí.
– A Anabel é minha cliente, gosto muito dela, mas não temos nada a ver ideologicamente – concordou o médico, que levantou um porém:
– Vou falar primeiro com o Levi. Devo isso a ele.
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O calor daquela manhã virou bafo para cima de Rebelato, que começou a receber telefonemas, visitas, whatsapps e áudios de amigos, personalidade da elite da aldeia e irmãos da maçonaria incomodados com o anúncio da aliança do partido dos dois com uma esquerdista.
O médico enviou um áudio para Levi, de quem aluga andar na clínica Millenarium. Enviou dois. Três. Não obteve resposta. Talvez porque o colega, que nesta quinta-feira desistiu de ser vice de Anabel, por aqueles dias ainda não soubesse o que dizer.
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Ao ler no Seguinte: desta terça-feira entrevista do presidente do PSD, João Portella, ameaçando expulsar quem não apoiasse Anabel, Rebelato já tinha uma decisão: apoiaria Marco. Por mensagem, comunicou ao partido a desfiliação.
– Só tenho a agradecer ao PSD, mas sou um cara que não consegue entender alguns conchavos da política, esquerda com direita… – explicou Rebelato, agora há pouco, ao Seguinte:
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– Acho o Marco um bom gestor, que fez o que podia nas condições em que recebeu a Prefeitura. Conversamos e ele, ao contrário da má fama de arrogante que tentam imputar a ele, é muito humilde, sabe ouvir e reconhece erros. Confio que num segundo mandato, com a casa em ordem, o Marco conseguirá fazer mais investimentos – aposta Santos Alberto Rebelato Junior.
Terça ele e Marco almoçam no Hokkaido, onde em meio ao Shimeji pode surgir um convite de filiação ao PMDB. O médico vai então relatar ao prefeito que já foi procurado pelo vereador Beto Pereira, do PSDB, e por Selma Fraga, do DEM.
De chateado pela votação que fez e pela – ele vai negar, mas é – falta de atenção do partido antes, durante e depois das eleições, Rebelato é hoje um homem encantado com a política.
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