O secretário da Fazenda Davi Severgnini desmontou a mentira espalhada por políticos de que o governo Luiz Zaffalon (PSDB) tem relação com Gravataí não ser mais a quarta economia gaúcha.
– É a economia global – disse, ao prestar contas em audiência pública na Câmara de Vereadores, apontando a ‘GMdependência’ como responsável pela queda de cinco posições no ranking do PIB, que tem como base de cálculo 2021.
– A GM responde por cinco vezes mais que a segunda colocada no valor adicionado – diz, sobre o índice de cálculo para retorno do imposto para o município.
Conforme Davi, as vendas da GM caíram um terço entre 2019 e 2021, principalmente devido à pandemia.
– No próximo ranking voltaremos à quarta economia – projetou, informando que entre 2022 e 2023 houve incremento de 340% nas vendas com a retomada da indústria automotiva.
– Os resultados permitirão que até 2026 recuperemos as perdas da pandemia – calcula.
Davi também garantiu aos vereadores que o governo Zaffa vai cumprir a meta de investimentos de R$ 240 milhões projetados para os quatro anos de governo.
– Estamos equilibrados, apesar de não ser fácil para o poder público em nenhum lugar do mundo. “Não há bem que dure para sempre, nem mal que nunca acabe” – disse, citando o ministro da Fazenda de Lula, Fernando Haddad, e também citando na palestra que o socorro de R$ 120 milhões (entre compensação de perdas no ICMS e autorização para pedalar a previdência) do governo Bolsonaro na pandemia “salvou Gravataí”.
Ainda em dezembro, em A queda no PIB e a ‘GMdependência’: a verdade sobre Gravataí não ser mais a quarta economia gaúcha; Entre a narrativa e a vida real, eu já tinha desmontado a ‘narrativa’ da queda do PIB.
Escrevi:
“(…)
Gravataí não é mais a quarta economia gaúcha conforme dados do PIB divulgados pelo Governo do Estado. São informações novas, mas cuja base de cálculo se refere a 2021.
Parafraseando James Carville, economista e marqueteiro de Bill Clinton, que cunhou a célebre frase “é a economia, estúpido!”, no caso da aldeia, a explicação é lógica: “é a pandemia, estúpido!”.
Antes que alguém esqueça das vidas perdidas – e salvas – e culpe o ‘fique em casa’, no caso de Gravataí é nada menos que o efeito da ‘GMdependência’.
Antes vamos às informações.
Gravataí perdeu cinco posições e passou a ser o município com o 9º maior PIB do Estado.
Os dados divulgados dia 15 pelo Governo do Estado são referentes a 2021 e consolidados nos últimos dois anos pelo IBGE.
Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Rio Grande, Triunfo, Passo Fundo, São Leopoldo e Pelotas superaram Gravataí.
Gravataí caiu de 2,26% para 1,77% a representação no PIB gaúcho, na relação dos dados de 2019 e 2021.
No segmento industrial está em 6º lugar, com R$ 3,3 bilhões de Valor Adicionado Bruto (VAB), que é o PIB menos o valor dos impostos, principalmente provenientes da fabricação de veículos, reboques e carrocerias.
Nos serviços desceu para o 10º lugar, arrecadando R$ 5,269 bi.
Vamos à análise então.
A queda está diretamente ligada à paralisia da GM em 2021, na crise do covid-19. Dos poucos meses em que trabalhou, produziu muito menos do que a média, considerando que não havia insumos (semicondutores, especialmente).
Em 2019, a GM produziu R$ 13,7 bilhões; em 2021, foram R$ 6,4 bi. Ou seja, caiu à metade a fonte que representa a metade do PIB do município.
Já em 2022 produziu e vendeu R$ 15 bi, ou seja, voltou acima do patamar anterior, o que leva o secretário da Fazenda Davi Severgnini a prever que “tranquilamente” Gravataí volta à 4ª posição quando for revelado o PIB de 2022.
– Não é por outra razão que estamos amargando queda de ICMS: em 2023, tivemos retorno de R$ 50 milhões menor do que em 2022 no imposto, e este patamar deve se repetir em 2024. Já em 2025, volta aos níveis anteriores, com folga – projeta o secretário, enviando tabela com dados mensais e os consolidados, ano a ano, cujos quadros finais apontam redução e crescimentos acumulados.
Clique aqui para acessar a ‘ideologia dos números’.
Ao fim, sem torcida ou secação, é falso usar este ranking como plataforma político-eleitoral, tentando ‘culpar’ o governo Luiz Zaffalon (PSDB) pela queda no PIB, assim como também seria falso creditar aos governos Daniel Bordignon (PT) o crescimento exponencial de Gravataí no pós-GM.
Reputo construtivo, e real, não ‘narrativa’, debater na campanha eleitoral de 2024 como tratarmos a ‘GMdependência’ a longo prazo.
Se a montadora der pinote levando metade do orçamento municipal e deixando como legado 100 mil habitantes a mais e suas necessidades diárias, como evitaremos Gravataí virar uma Alvorada?
(…)”
Ao fim, só acrescento hoje que, mesmo seja necessário debater proteções para a ‘GMdependência’, que é um bom problema, o fantasma de um pinote da montadora desapareceu por pelo menos pelos próximo cinco anos, já que Gravataí terá sua parte no investimento de R$ 7 bilhões anunciado pela General Motors nas fábricas brasileiras; leia em artigos como EXCLUSIVO | Presidente da GM América do Sul confirma: Gravataí vai receber parte dos 7 bilhões em investimentos até 2028; O ‘Fica GM’.
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