O prefeito Luiz Zaffalon (MDB) já comentou com amigos uma ideia para novo uso para o prédio histórico da Prefeitura de Gravataí, na Av. José Loureiro da Silva, a partir da transferência dos órgãos públicos para a área negociada por R$ 20 milhões com a Ulbra: criar um espaço para a cultura.
A criação de um espaço cultural permitiria também dar nova destinação ao Quiosque da Cultura, localizado em frente ao Hospital Dom João Becker.
A senha já foi dada por Zaffa ao negar ao Seguinte: uma simples transformação do Quiosque em sede da Guarda Municipal.
– (O Quiosque) É da cultura. Se encontrarmos outro lugar que substitua à altura vamos conversar, até porque o comércio do Centro vê com bons olhos o uso para segurança. Mas hoje a área é da cultura – disse.
A polêmica surgiu nas redes sociais e provocou uma série de manifestações contrárias da comunidade artística de Gravataí.
Para qualquer alteração na finalidade do prédio, que fica na praça Leonel de Moura Brizola, na Anápio Gomes, é preciso autorização da Câmara de Vereadores.
Seria preciso o governo enviar um projeto para o legislativo.
O Quiosque da Cultura foi inaugurado como espaço artístico-cultural em 10 de outubro de 2011, após um plebiscito local em que a população optou e votou por sua finalidade cultural.
Diz o artigo 3º da Lei 2051 de 2003: “Fica alterada a destinação da edificação existente (Quiosque) na Praça Marechal Floriano, neste Município, que passa a destinar-se a um centro de atividades com fins de educação, cultura, lazer e ação social”.
Escrevi à época, sobre simplesmente transformar o Quiosque em sede de um órgão de segurança: “reputo uma ideia desastrosa, caso um novo espaço não seja negociado com a comunidade cultural. É o único espaço público para manifestações artísticas em Gravataí, após o fechamento do Cine-Teatro”.
Segui: “sociólogo, Zaffa – que em novembro determinou melhorias no Quiosque, participa de atividades e tem um diálogo aberto com o Conselho Municipal de Cultura – sabe que seria um crime contra a cultura, um símbolo ruim transformar um espaço de arte em um espaço de repressão”.
E conclui: “lembrou-me Millôr, sobre a arte, essa impalpável necessidade: na paisagem pintada um pássaro pintado canta uma canção silenciosa, numa sombra sem frescura, à luz brilhante de um sol que não esquenta, iluminando jasmins que não cheiram, refletidos num rio que não corre. Arte é isso? É”.
Ao fim, parece-me uma ideia válida para ser submetida à comunidade artística e à sociedade, caso o prédio, após uma avaliação técnica, comporte esse tipo de atividade sem risco de danos.
Vou além: o palacinho ocre seria um troféu para a cultura gravataiense.
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