A pressão dos servidores da Câmara de Gravataí por reajuste é quase diária sobre os vereadores, entre visitas formais aos gabinetes e conversas de corredor, elevador e cafezinho. O pedido é de 18%, cálculo que soma 14,14% de perdas acumuladas com a inflação pelo INPC de 1º de maio de 2015 a 31 de março de 2017, mais 3,88% de ganho real.
– A Câmara tem recursos. É uma questão política – resumiu há pouco ao Seguinte: Ivete Medeiros, presidente da associação dos servidores do legislativo, que entregou a cada parlamentar um levantamento que mostra outros aumentos regionais que, na avaliação dos servidores, não são medidos na inflação nacional e pesam no bolso.
– Água e esgoto subiram 20,5%, saúde e cuidados pessoais 11,4%, plano de saúde 14%, alimentação 9,99%, educação 9,12% e transporte, sem levar em conta o reajuste deste ano, mais 7,68% – lista a funcionária concursada que exerce o quarto mandato.
Ivete revela a existência de um projeto, já assinado pelo presidente e integrantes da mesa diretora, garantindo próximo a 10% de reajuste.
– Esperamos a entrada na pauta. Não repõe as perdas e nem garante ganho real, mas já é alguma coisa – argumenta, se referindo ao percentual que atingiria os 48 funcionários concursados e 81 CCs, os cargos de indicação política dos vereadores em seus gabinetes e da presidência da casa nas funções de assessoria interna.
Nadir Rocha (PMDB), presidente da Câmara, confirma que há um projeto assinado pela mesa diretora, mas não fala em percentuais e nem em prazo para apresentação.
– Não posso garantir nem que será apresentado – alerta Nadir, que há duas semanas anunciou o congelamento dos salários dos vereadores para este ano.
Nadir: sem garantias
O presidente confirma a interpretação da associação, de que a decisão é política, já que a Câmara tem orçamento para comportar o reajuste pedido pelos servidores.
– Mas necessário pesar o momento. A Câmara nunca esteve sob tanto ataque por parte da sociedade. Precisamos cuidar as decisões – alerta, com a experiência de cinco mandatos como vereador e duas vezes como prefeito interino.
Nadir diz se solidarizar com os servidores, mas joga para o PDT a responsabilidade pela categoria não ter recebido reajuste ano passado.
– A Câmara aprovou 8,12%, mas o partido de Alex Peixe e Rosane Bordignon entrou na justiça e barrou. Por que não entraram contra os servidores do executivo? Fizeram marketing em cima da Câmara – aponta, se referindo à ação em que os pedetistas barraram o reajuste judicialmente, por ser ano eleitoral.