Não é por nada que resta cada vez mais pálida a influência política do Sindilojas em Gravataí.
No último Dos Grandes Lances dos Piores Momentos, comitiva da entidade, comandada desde as calendas por José Rosa, desprestigiou os deputados estaduais gravataienses Dimas Costa (PSD) e Patrícia Alba (MDB) ao priorizar um ‘estrangeiro’, Gustavo Victorino (Republicanos), para pedir ajuda para o município.
Mais: salvo melhor juízo, cria uma crise desnecessária ao arrastar os dois políticos gravataienses para uma polêmica que já não existe mais.
Explico.
Conforme postagem no site da entidade, a visita foi para “tratar de pautas de interesse da entidade e da comunidade local”.
“O encontro teve como foco o debate de temas importantes, como o veto ao pedágio na RS-118, o projeto da comissão de combate à pirataria e a iniciativa de aquisição de poltronas para acompanhantes no Hospital Dom João Becker”, conclui o post.
Dimas e Patrícia, acionados, certamente poderiam atender a demanda.
A deputada em segundo mandato é esposa do ex-prefeito Marco Alba (MDB), que ao aumentar os repasses para o hospital foi decisivo para a vinda da Santa Casa para Gravataí, e tem relação próxima à direção da mantenedora: foi uma das primeiras a aderir ao plano de construção de um novo hospital, o Bárbara Maix, e buscar articulação com a bancada federal gaúcha de Brasília.
Já Dimas articulou mais de R$ 3 milhões em emendas federais para o hospital, de leitos para covid ao banco de sangue, e foi ele, ao lado do prefeito Luiz Zaffalon (PSDB), a viabilizar agenda da direção da Santa Casa com a secretária da Saúde do Rio Grande do Sul, Arita Bergmann, para buscar R$ 10 milhões e garantir a conclusão da fase 2 da Emergência SUS.
Faz o Sindilojas parecer que, para conseguir umas cadeiras para o hospital, é preciso procurar um deputado de fora. Que, se a memória não me trai, nunca conheceu pessoalmente a realidade do Becker; não vou dizer que aquilo que Victorino mais conhece de Gravataí é a Freeway no caminho para o Litoral, porque já fez bastante campanha na aldeia.
Mas o pior foi ressuscitar a pauta do pedágio na ERS-118. O governador já garantiu que a rodovia não será pedagiada. Uma entidade de Gravataí requentar a pauta só serve para constranger seus conterrâneos deputados: Dimas, o ‘embaixador’ de Leite em Gravataí, que já defendeu o governador de ataques de que não cumpriria a palavra da campanha de 22 e instalaria um pedágio gourmet, o free flow, e Patrícia que até integrou o Movimento RS 118 Sem Pedágio, mas agora está oficialmente na base de apoio do governo estadual.
O pedágio da 118 já era. Fossem lá buscar apoio contra pedagiar a ERS-020, até se justificaria, porque é o que deve acontecer no bloco de concessão a que pertence a rodovia que passa por Gravataí.
Fato é que a política tem seus símbolos. Cujo significado cresce na mesma proporção com que se aproximam as eleições.
Foi, no mínimo, inabilidade, uma gafe.
Seria um erro estratégico – que recuso acreditar – traduzir a visita como rasa ideologia travestida com grife de entidade, por José Rosa ser eleitor convicto de Jair Bolsonaro, assim como Victorino, e todos críticos ao governador Eduardo Leite (PSDB), do qual Dimas e Patrícia integram a base parlamentar.
Ao fim, reputo o Sindilojas, que no passado já foi líder de campanha que pedia voto em candidatos locais, só faz perder em influência política em Gravataí.
Resta inevitável a maledicência de alguns nos bastidores da política, e também das entidades, ao chamar de “Sindifestas”.