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Sofreu chantagem? Cortou ’mensalinho’? Sob ameaça de cassação, Miki responde essas e outras

Miki Breier, prefeito de Cachoeirinha eleito para o mandato 2017-2020

A Câmara de Cachoeirinha abriu processo de impeachment do prefeito Miki Breier (PSB) e do vice Maurício Medeiros (MDB), como antecipei no Seguinte: com exclusividade, trouxe informações e análise nos artigos Golpeachment contra Miki e Maurício pode ser apresentado hoje; respeitem o voto, vereadores!,  Conheça o pedido de impeachment de prefeito e vice e Câmara aceita abertura de impeachment de prefeito e vice.

Siga entrevista com Miki, que experimentará a ameaça de cassação pelos próximos três meses. Tuiteiro, o prefeito postou na tarde desta quarta uma frase de Saint-Exupéry e uma reflexão:

– A flor disse ao principezinho que era preciso suportar as larvas se quisesse ver as borboletas. Sempre atual. Cremos que Deus não dá uma cruz que não possamos suportar, mesmo que às vezes pareça difícil. Sigamos com fé e coragem!

 

Seguinte: – Estavas sendo chantageado por vereadores, políticos ou envolvidos no pedido de impeachment?

Miki – Não usaria o termo chantagem. Como chefe do Executivo é normal a pressão por mais espaço no governo, mas isso é da política. Cumpri o acordo firmado com os partidos no início do governo, mas também sempre deixei bem claro que a Lei de Responsabilidade Fiscal nos impedia de aumentar o número de nomeações. Os 10 vereadores que votaram pela admissibilidade do impeachment tinham cargos na Prefeitura até ontem, responsabilidades no governo, influência em secretarias, exceto a vereadora Jack Ritter. Marco Barbosa tinha CCs literalmente até ontem, quando saiu do governo e entregou os cargos. Desconfiavam do governo? Bom, isso poderia ter sido resolvido com diálogo dentro do governo. Nunca escondemos nada, nem dos políticos e muito menos da população. Aí vem um advogado que não ganhou o cargo que queria na Câmara, na Prefeitura, e do dia para a noite é aberto um processo de impeachment.

 

Seguinte: – Lucas Hanisch, advogado autor do impeachment, queria a Procuradoria-Geral de Cachoeirinha e negaste. É isso?

Miki – Não, pelo que sei esse cidadão queria a Procuradoria da Câmara, mas não foi nomeado para o CC. Na Prefeitura, o que digo sempre aos aliados é que, a cada nova indicação, sugiram pessoas que tenham aptidões para as funções e digam quem sai. É como no futebol, ninguém pode jogar com 12.

 

Seguinte: – Cortaste um ‘mensalinho’ para políticos?

Miki – Não sei se existia ‘mensalinho’. Mas garanto que em nosso governo nunca existiu. Governamos com uma composição política que ganhou as eleições, o que faz parte da democracia.

 

Seguinte: – Na terça em que foi aberto o processo de impeachment, ligaste para vereadores. Qual foi a explicação que ouviste?

Miki – Alguns estão de boa fé, ficaram preocupados e querem explicações, e garanti que tudo é explicável. Outros querem antecipar as eleições de 2020. Também aconteceu de alguns, por dois dias, não terem agenda para atender o prefeito. Houve também quem disse que faria uma coisa e fez outra. Mas tenho a mania de acreditar no ser humano. Bola pra frente.

 

Seguinte: – O pedido de impeachment é ‘fogo amigo’? O autor prestou serviços ao PSB e vives mesmo que não admitas relação difícil com os ex-prefeitos José Stédile e Vicente Pires…

Miki – Me afastei politicamente do ex-prefeito Vicente, mas converso normalmente, e muito, com o secretário de Estado José Stédile. O que sei é que o advogado autor do pedido de impeachment prestou serviços para a direção estadual do PSB por indicação do Vicente. Não gosto de fazer ilações, mas não discordo da suspeita.

 

Seguinte: – O pedido de impeachment de Cachoeirinha tem trechos de Control C + Control V da peça que levou à cassação da prefeita Rita Sanco (PT) e do vice Cristiano Kingeski (PT), em Gravataí. Cita operações de crédito proibidas, mas que não provocaram nenhum prejuízo aos cofres públicos. Envolve teu filho, como foi envolvida a filha de Rita. Não é apontado nenhum indício de corrupção. Em 2011, à época sua esposa, a vereadora Anabel Lorenzi foi voto decisivo para afastar Rita. E apoiaste o impeachment. Hoje és a vítima. Faz uma mea culpa?

Miki – Não tenho nenhum problema em fazer meã culpa, em pedir desculpas. Mas entendo que o impeachment foi banalizado no Brasil. Não importam os motivos, basta reunir uma maioria e cassar. Em 2011 era deputado e não acompanhei de perto. Há semelhanças nos dois processos, mas são momentos diferentes. A peça apresentada na Câmara não tem nenhuma suspeita de corrupção, de desvio de dinheiro público. Não tem cabimento! Confio no bom senso dos vereadores.

 

Seguinte: – É notório que Juliano Paz, secretário de Governança e Gestão, é como um ‘primeiro-ministro’ do governo, é teu ‘número 1’. Foi teu candidato a deputado estadual. A inclusão de supostas irregularidades na prestação de contas da campanha revela o incômodo, o ciúme que sentem políticos da base do governo da relação que tens com ele?

Miki – Crio que sim. Tem toda aquela coisa de eu ter exercido três mandatos como deputado estadual e ele morar em Gravataí. Alguns não gostaram. Mas o Juliano é da minha mais absoluta confiança.

 

Seguinte: – Te preocupa o mérito das denúncias?

Miki – Nossa gestão é pautada pela transparência, ética e contato direto com as pessoas. É possível que tenhamos cometido erros administrativos, mas nada que tenha provocado prejuízo aos cofres públicos. Provaremos a fragilidade das denúncias.

 

Seguinte: – A inclusão do prefeito e do vice na denúncia e a apresentação após o prazo para realização de nova eleição, o que, em caso de cassação, tornaria o presidente da Câmara prefeito interino até a escolha indireta de um novo prefeito pelo voto dos parlamentares, é forte indício de que já há um acordo para afastá-lo da Prefeitura. É o script de 2011 em Gravataí, onde se instalou a República dos Vereadores. Como escapar?

Miki – Trabalharemos em uma frente jurídica e uma política. Vamos apontar erros no processo e, ao mesmo tempo, dialogar muito com os vereadores, para esclareces eventuais dúvidas. Reafirmo: confio no bom senso de todos.

 

Seguinte: – Apelidei de golpeachment a cassação de Rita e Cristiano, em Gravataí. Usei a mesma expressão para descrever o pedido de teu impeachment. Para Miki, é golpe?

Miki – Não gosto de falar em ‘golpe’ porque é uma expressão que ficou muito batida. Se o processo transcorre dentro da legalidade, não é golpe. Mas é sim forçar a barra. Costumo dizer que pior que TPM só a TPE, ‘tensão pré-eleição’. Acho que alguns estão exagerando na ansiedade. São denúncias vazias demais!

 

Seguinte: – Que mensagem deixas aos vereadores?

Miki – Nosso governo veio para fazer o que precisa ser feito, para entregar uma cidade melhor. Assumimos com 80% do orçamento comprometido com a folha de pagamento e já reduzimos para 60. Há muito por fazer, mas conseguimos evitar a perda de recursos importantes, como para UPA 24H, que conseguimos inaugurar. É acredito que somos exemplo de transparência. Nunca escondemos as dificuldades de ninguém.

 

Seguinte: – E que mensagem deixas para a população?

Miki – Tenho 27 anos de vida pública, desde que fui eleito vereador de Gravataí em 92. Orgulha-me ter sido secretário municipal, secretário estadual, deputado estadual, vice e agora prefeito. Não há uma vírgula sequer a ser apontada. Sou um prefeito, e o Maurício é um vice, que respeitamos as coisas públicas e vamos continuar assim. 

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