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Sônia Zanchetta, uma das mulheres que amamos

Sônia Zanchetta é uma da estrelas da revista estilo, da Cia Zaffari

Radicada em Cachoeirinha, a agitadora cultural Sônia Zanchetta ilustra um dos perfis do Mulheres Que Amamos, assinado pela jornalista Dóris Fialcoff na revista Estilo, da Cia Zaffari. O Seguinte: recomenda e reproduz o artigo

 

Leitura poderia fazer parte do sobrenome da porto-alegrense Sônia Zanchetta. Jornalista e produtora cultural, há muitos anos compreendeu que os momentos entre os livros na infância alinhavaram o seu futuro. As obras que iniciaram tal encantamento foram itens de destaque no enxoval da mãe: a coleção completa de Monteiro Lobato, de 1930, e a coleção Thesouro da Juventude.

– Apesar dessa ligação com a literatura ter se estabelecido desde bastante cedo na minha vida, dei muitas voltas antes de, de repente, cair na área da leitura, que é onde eu deveria ter estado sempre – conta Sônia.

Formada em jornalismo pela PUCRS, em 1979, chegou a trabalhar em assessoria de imprensa, mas por pouco tempo. Já no ano seguinte, aprovada em um concurso do Ministério das Relações Exteriores, fez as malas e foi para o Equador. Faria estágio na área de Comércio Exterior e a ideia era voltar para casa dois anos depois e atuar no segmento. Porém, no final do período ela estava namorando um equatoriano – com quem se casou e teve três filhos –, e quis ficar. A Embaixada, então, a contratou como funcionária local do novo departamento de Promoção Cultural. Para Sônia não poderia ter sido melhor, pois desde que lá chegou esteve ligada ao cenário das artes.

Nos 17 anos que viveu em solo equatoriano, a gaúcha realizou muitas ações culturais, inclusive como empreendedora. Com uma sócia, também brasileira, teve, por cerca de 11 anos, o Bangalô Salón de Té, um “salão de chá”, que se tornou ponto de encontro de apreciadores de arte.

 Em 1997, quando voltou a Porto Alegre, mesmo com a insistência da família para que atuasse no mercado ascendente do Comércio Exterior, ela não se rendeu. Queria mesmo transitar pela área cultural, de preferência pela da leitura. E realmente não há nada como uma certeza! Mal Sônia tinha chegado ao Brasil e, como ela mesma diz, “aconteceu algo muito interessante”. A convite de um amigo, foi ao lançamento da revista literária Blau, editada pelo escritor Walmor Santos. Como o amigo se atrasou, Sônia olhou em volta e, após tanto tempo fora, não conhecia ninguém. Como é comum em situações assim, ela aceitou um cálice de vinho e ficou dando voltas.

– De repente, um cidadão se aproximou: ‘Tu estás tão perdida, acho que não és daqui’ – relembra a jornalista.

Era o escritor Dilan Camargo, e assim que ela disse ser daqui, mas ter ficado anos no Equador levou-a até uma pessoa que sabia também ter estado lá:

– Júlio, tu estiveste no Equador, não é?.

Pronto, ela estava conhecendo o então presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Júlio Zanotta Vieira. E o papo, cheio de felizes coincidências, foi a introdução para os inúmeros capítulos que viriam imprimir o nome Sônia Zanchetta na história de um dos acontecimentos anuais mais aguardados pelos gaúchos: a Feira do Livro de Porto Alegre. Dois dias depois desse encontro, a pedido de Júlio, ela foi à Câmara do Livro ajudá-lo no contato com um importante dramaturgo equatoriano e por lá ficou. Há 20 anos, portanto, integra a comissão executiva do evento e coordena a Área Infantil e Juvenil, a Área Internacional e a programação para professores do Ensino Básico.

Esta é uma das inúmeras facetas de Sônia, que é incansável no compromisso de promover a cultura por onde quer que passe. A comunidade de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre, sabe bem disso. Desde que se mudou para lá, em 2000, ela já lançou um bom número de projetos de leitura e cidadania, incrementou outros e segue idealizando novidades. O primeiro de todos, e guarda-chuva de tantos outros posteriores, começou na garagem de casa, onde a nova moradora organizou a sua biblioteca. Os mais de mil livros ali expostos chamavam a atenção das pessoas, que eram convidadas a entrar e escolher o que desejassem levar emprestado. E assim nasceu o projeto Quitanda da Leitura, que atualmente abastece outros, como a biblioteca comunitária Ponto da Leitura Sol e Lua, na Praça Telmo da Silveira Dornelles – projeto premiado pelo concurso Mais Cultura/Pontos de Leitura, do Ministério da Cultura, em 2014; o Piquenique da Leitura, criado com a contadora de histórias Rosane Castro, em 2011, para organizar troca-trocas de livros em praças; além de apoiar mais várias iniciativas. O fato é que, muito provavelmente, neste exato instante em que estou escrevendo ou em que você está lendo o Mulheres que Amamos, a Sônia Zanchetta está se mobilizando para que a leitura cumpra mais e mais a sua missão. E qual seria, Sônia?

– Se eu tivesse que resumir a leitura em uma palavra, diria emancipação.

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