Os poucos minutos que tenho tido em olhar alguns lances ou momentos da Paralimpíada, invariavelmente, me emocionam. Muito diferente dos Jogos Olímpicos que o precederam, dessa vez, não consigo torcer apenas pelos brasileiros. Eu torço e comemoro as conquistas de todos. Fico imaginando o que há de luta, sofrimento, preconceito, dificuldades de acessibilidade, de oportunidades profissionais, por trás de cada atleta paralímpico.
O que mais impressiona é a generosidade de cada atleta. Esses dias, no salto em distância, o derrotado correu para abraçar o vencedor. Eles projetam a sua história no próprio adversário. Em nenhuma entrevista fazem alusão às suas dificuldades. Não se vitimizam. Pelo contrário, conseguem o altruísmo de rir das suas próprias dificuldades, como o nadador brasileiro Daniel Dias, multicampeão paralímpico, que, ao explicar o porquê havia deixado escapar o ouro por uma fração de segundos, disse, aos risos, que havia perdido pelo pouco de braço a mais que tinha o seu adversário.
Eu nunca havia prestado atenção nos Jogos Paralímpicos, um erro que cometemos em um mundo que clama pela inclusão, mas eles levam consigo, nas bandeiras e nações que representam, a verdadeira e genuína alma olímpica. São exemplos de perseverança, luta e dedicação para cada um de nós. O que as Olimpíadas não havia me motivado, os Jogos Paralímpicos conseguiram.
Eles superam o seu corpo, as dificuldades impostas pelas suas próprias limitações, pelas pessoas que diziam que não iam conseguir, e seguem sorrindo, lutando e tentando. Serve de lição para cada um de nós, que na primeira dificuldade, desistimos de seguir em frente. Se existem super-heróis de verdade, os Jogos Paralímpicos está cheio deles.