Recomendamos o artigo de Walter Casagrande Jr., publicado pela Folha de S. Paulo
Este texto sobre a seleção brasileira será mais crítico.
Duas Copas seguidas com Tite no comando e as duas com rendimento de mediano para fraco.
Assim como em 2018, não tivemos um jogo, e sim jogadores em campo. Novamente, quando batemos de frente com uma seleção europeia de médio ou grande porte, “dançamos”.
Só demonstramos força e imposição contra a fraca Coreia do Sul, e os ufanistas, juntos com os fãs de Neymar, já transformaram a seleção num “fenômeno”.
Teve jogador que se preocupou em ensaiar dez dancinhas, mas não fez um gol e foi mal na Copa.
Tiveram jogadores que, na folga, foram a convite de Ronaldo comer a famosa carne folhada a ouro.
Tiveram também ex-jogadores se juntando para me atacar, junto com curtidas do camisa 10, em meio à Copa do Mundo.
Onde estava o foco dessa moçada?
Riram da minha cara enquanto eu estou fazendo só o meu trabalho numa Copa, que é o de dar opinião.
Tiveram contusões que prejudicaram o trabalho, é verdade. Mas não tinham 26 jogadores convocados?
Não era um elenco muito qualificado?
Tite se deu ao luxo de trazer para cá Daniel Alves, com 39 anos, para bater o recorde do jogador mais velho a vestir a camisa da seleção e a faixa de capitão numa Copa. Além, claro, de tocar pandeiro e imitar o chef de cozinha jogando ouro na carne. Ele foi de uma inutilidade incrível para a seleção brasileira.
Em contrapartida, Pepe foi o jogador mais velho a fazer um gol em Copa por Portugal, também com 39 anos. Quanta diferença!
Pintaram o cabelo, mas a bola faltou.
Tanto os pentacampeões quanto os veteranos desta seleção (Daniel Alves, Thiago Silva e Neymar) não têm a mínima identificação com o povo brasileiro. São de uma outra classe social.
Enquanto no Brasil as 35 milhões de pessoas que passam fome se viraram para torcer pela seleção, eles faziam careta para a câmera depois de marcarem gols.
Careta para o povo brasileiro, porque eram eles que estavam assistindo à Copa pela TV.
Esses caras não foram capazes de jogar pelo povo brasileiro. Só por eles.
Enquanto o verdadeiro torcedor sofria e passava fome, o camisa 10 ofereceu um gol e uma comemoração a um fascista.
O gol ele fez, e talvez tenha ficado pela primeira vez na vida com vergonha, porque não comemorou como queria.
Fico triste e, ao mesmo tempo, aliviado porque vejo uma molecada boa de bola. Se o próximo treinador for um pouco inteligente, afastará Neymar dessa nova geração para não estragá-la.
O ano de 2023 vai começar com um governo verdadeiramente democrático e talvez com um novo treinador de seleção brasileira. Espero que tudo, mas tudo mesmo, comece a mudar.
Faremos um novo time, teremos novos ídolos, mas com certeza esses caras do penta estarão novamente em 2026 no mesmo camarote da Fifa, ganhando para ficar ali fazendo papel de papagaio de piratas de dirigentes.
Esta Copa desmascarou muita gente —não preciso citar nomes porque todos acompanharam os últimos dias.
Quero terminar com um trecho de uma música linda do meu saudoso amigo Gonzaguinha:
“Eu acredito na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão”.
E vamos à luta.