Tudo começa numa maternidade e acaba num cemitério.
No intervalo dá pra conhecer lugares mais interessantes.
Tudo vai dar certo. Mas não hoje, não aqui, não pra nós.
Tudo é ponto de vista. Por exemplo, a beleza:
os animais torturados nos testes cosméticos a odeiam.
Ser a favor de tudo? Não acho favorável.
Ser contra tudo? Acho contraditório.
Tudo que um vinho precisa para ser apreciado
corretamente é de pessoas de boa safra.
Tudo que a noite mais quer, no dia seguinte,
é ser chamada de noitada.
Tudo se espatifa, menos os patifes.
Tudo é ponto de vista: para os serralheiros que
gradeiam prédios e condomínios, a insegurança
no país é que leva seu negócio pra frente.
Tudo tem volta, exceto bumerangue defeituoso.
Tudo que deixa de ser usado atrofia.
O crediário, por exemplo, atrofiou o fiado.
Tudo é obsoleto. Menos o boleto.
Tudo passa. Mas, como dizia Millôr Fernandes,
no Brasil o passado não passa.
Tudo na vida tem jeito. Se não funcionar, tente trejeitos.
Tudo é exigido: quesitos, requisitos, pré-requisitos.
Tudo esquisito.
Tudo as portas giratórias dos bancos bloqueiam,
só deixam passar o vil metal.
Tudo é ponto de vista. Para os vermes,
os cemitérios são os melhores restaurantes.
Tudo tem sua razão de ser, até o que não é razoável.
Tudo vai dar certo. Mesmo que não dê.