Tuiuti em tupi-guarani significa “lamaçal”. Como tratei em junho em Tuiuti é Haiti: maior escola de Gravataí segue interditada; Que vergonha governador!, a maior escola pública de ensino fundamental, médio e técnico de Gravataí segue uma sujeira indelével nas mãos de Eduardo Leite (PSDB). Como pode um presidenciável não conseguir consertar uma escola que cai aos pedaços a 20 quilômetros do Palácio Piratini?
As aulas retornam neste dia 3 de agosto, mas a última informação é que será preciso refazer o processo licitatório porque o meio milhão orçado em 2019 já está defasado para a obra. Os 1.200 alunos, aqueles que não desistem, vão estudar onde dá, não entra água ou não há risco de uma parede cair e acontecer uma tragédia.
Como tratei no artigo anterior, é um maltrato que deveria envergonhar não só Leite, mas seus antecessores José Ivo Sartori (MDB) e Tarso Genro (PT). Governos passam, a pandemia piora e melhora, e um crime, é cometido contra um patrimônio de 81 anos de Gravataí.
Clique aqui para assistir a um mini-doc de denúncia foi feito em uma parceria do vereador Thiago De Leon (PDT) com a produtora gravataienses Tellart Films.
– Vai demorar outros 2 anos até ser feita a licitação? – resume o parlamentar.
A polêmica na Tuiuti, contada em uma série de reportagens pelo Seguinte:, se arrasta desde 2016 quando a direção pediu a recuperação de instalações físicas, especialmente da rede de energia. Há época havia inclusive ameaça de fechamento da escola.
O que toda comunidade escolar sabia só foi oficializado em novembro de 2018 após vistoria do Conselho Estadual de Educação e de engenheiros da Secretaria de Obras do Estado que interditaram três dos quatro pavilhões da escola por apresentarem graves problemas estruturais, especialmente no forro e na parte elétrica.
Só restou espaço para quatro salas, com capacidade para 35 alunos. Em 2019, as aulas foram entre o refeitório, biblioteca e até o salão da Igreja.
Em janeiro de 2020, elementos técnicos da licitação foram encaminhados à Central de Licitações (Celic) com um orçamento de R$ 525.325,03. Com a tragédia da COVID-19 a partir de março, que suspendeu as aulas, e o decreto de calamidade pública que restringiu atividades, como a construção civil, no Rio Grande do Sul, o processo 20190000169995 parou até, no dia 11, chegar ao Departamento de Obras Públicas da Secretaria de Obras do Estado, sob o comando de José Stédile (PSB), ex-deputado federal e ex-prefeito de Cachoeirinha.
Ao fim, insisto: é uma vergonha, como trato desde o ano passado em artigos como Onde é difícil tratar piolhos e tapar buracos no telhado, volta às aulas é tragédia; Obrigado Miki, socorro Marco Alba! Façam greve, alunos, onde questionava a volta às aulas sem a devida infraestrutura nas escolas.
Escrevi: “Governador, os salões do Palácio Piratini são inspirados no Palácio de Versalhes, mas o Rio Grande do Sul não é a França. Não precisa ir a Pelotas. Convide seus burocratas e visite o Tuiuti e o Barbosa. O Haiti é aqui. Duvido o senhor não recue dessa política de morte”. E conclui: “Onde há dificuldade para tratar de piolhos, e tapar buracos no telhado, voltar às aulas é risco de uma tragédia. Como não é obrigação dos alunos irem às aulas, que tal uma ‘greve de presença’ para salvar os professores?”
Um ano depois, os professores estão vacinados. Mas o Haiti – depois do terremoto – resta ali, na rua Borges de Medeiros, 435, Bonsucesso, Gravataí, CEP 94130-110.
Resolver – ou não resolver – o problema de uma escola é um símbolo para alguém que quer ser Presidente da República.