convenção do pt

Vai ter Valter, Beatriz e os resistentes

Adelaide, Valter, Beatriz e Rita Sanco na convenção de sábado

O PT confirmou a dupla de professores Valter Amaral e Beatriz Pereira Prestes como candidatos a prefeito e vice no 'veraneio das urnas', numa eleição em que, recuperando-se do 'golpe das urnas', que fez o partido cair de 41 mil votos em 2012 para 2,5 mil em 2016, entra para manter viva a história da sigla que governou por três vezes a hoje terceira cidade mais rica do estado.

A convenção petista realizada em clima de resistência na escaldante tarde deste sábado trouxe como principal estrela o ex-deputado federal, estadual, e ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont. 

 

E a esposa

 

Com o partido sob assédio do 'Grande Eleitor' Daniel Bordignon, e perdendo lideranças para a campanha de Rosane Bordignon, como Bino Lunardi, candidato a vereador mais votado com 1.004 votos, Valter Amaral, não considera surpresa a filiação da companheira Luciane Medeiros ao PDT e a adesão dela à campanha adversária.

Ao Seguinte: ele explicou, antes da convenção petista iniciar, que encara a decisão com maturidade e que Luciane cedeu às pressões da família já que tem um irmão vereador eleito pelo PDT em Cachoeirinha, Fernando Medeiros.

Valter também disse que, embora ele e Lu tenham uma vida como se fossem casados, ambos não moram na mesma casa.

— Se morássemos na mesma casa seria uma situação mais complicada. Mas estou tranquilo — disse, encerrando o assunto.

 

Nota triste

 

O tom de pesar do encontro dos trabalhadores foi a morte da ex-primeira dama, Marisa Letícia Lula da Silva, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e que foi cremada nesta tarde, em São Paulo.

A presidente municipal do PT e ex-candidata a vice ao lado de Amaral no pleito de outubro, Adelaide Klein, abriu a convenção pedindo um minuto de silêncio em homenagem à memória da ex-primeira dama, seguido de aplausos.

 

Discursos

 

Presente no encontro, a ex-prefeita Rita Sanco – destituída do Executivo em outubro de 2011 após um processo de impeachment na Câmara de Vereadores – abriu a fase de discursos.

— Temos que combater as forças de direita que fazem um ataque brutal aos trabalhadores — disse Rita, acrescentando que a ascensão do presidente Michel Temer ao poder foi um golpe às conquistas dos últimos 30 anos, do PT e do povo brasileiro.

Rita Sanco reafirmou a necessidade de os petistas espalharem “aos quatro cantos” a convicção que têm do projeto ideológico do PT, em defesa dos trabalhadores que, disse, vêm sendo prejudicados a cada nova decisão governamental, estadual e federal.

 

Jogo duro

 

O ex-deputado Raul Pont fez o discurso mais longo e bateu forte nos governos de José Ivo Sartori, no estado, e Michel Temer, federal, dizendo que ambos praticam uma agressão à democracia.

Pont também jogou pesado nas críticas em relação ao Judiciário, questionou a integridade do ex-relator da Lava-Jato, Teori Zavascki, ministro do Supremo Tribunal federal (STF) que morreu dia 19 em um acidente aéreo no Rio de Janeiro.

— O que ele estava fazendo no avião de um empresário que era réu no STF? — questionou Pont, enfatizando que o Judiciário é “um braço da direita que defende os interesses da elite desse país”.

Para ele, a ex-primeira dama Marisa Letícia sofreu um AVC pelo estresse e tensionamento vivido nos últimos meses pelo que chamou de perseguição opressora ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff.

— A dona Marisa só queria comprar um barquinho de lata para seus netos brincarem. Mas, do outro lado, até hoje não se sabe quem era o dono do avião em que viajava o Eduardo Campos (então candidato à presidência da República pelo PSB e que morreu em acidente aéreo em Santos, São Paulo, em 13 de agosto de 2014) — afirmou.

 

Batalha difícil

 

O ex-deputado gaúcho reconheceu que o Partido dos Trabalhadores está com a imagem desgastada e que, por isso, tem enfrentado dificuldades nas urnas, como em outubro passado.

— Na campanha de 2016 era difícil até falar com as pessoas. Felizmente não nos jogaram pedras. E o que o Valter enfrentou, e vai enfrentar de novo aqui em Gravataí, eu enfrentei em Porto Alegre.

Mesmo assim, pregou a união da militância petista e o uso das “armas” disponíveis, como as redes sociais e o espaço disponibilizado pela imprensa para divulgar as ideias do partido, o programa do governo, e conclamar o povo à retomada do poder.

 

Colinha

 

A professora Beatriz Pereira Prestes fez uso de uma “cola” para realizar seu discurso, o que ensejou pelo menos uma brincadeira de um militante:

— Olha só, a professora Bea vai colar! — uma referência aos tempos de escola em que colar nas provas era proibido.

Estreante numa campanha eleitoral, a candidata a vice-prefeita de Gravataí fez um discurso breve, afirmando que prefere ações às palavras, e comentou que este sábado era um dia triste pela morte da ex-primeira dama.

— Perdemos uma mulher guerreira, uma companheira, que era uma mãe dedicada, uma esposa e avó, e agora é mais uma estrela brilhando no céu.

A fala de Beatriz arrancou um grito uníssono:

— Companheira Marisa, presente!

Beatriz, que é professora de educação inclusiva, falou da necessidade de, no governo municipal, assumir o compromisso e uma política de “pensar” a cidade, na defesa das pessoas de modo geral e dos animais. Ela é ativista da causa animal.

Novo comentário na sala:

— A Beatriz é tão defensora da inclusão e dos animais que tem em casa uma cadela Labrador que é cega!

 

Sonhos e utopias

 

O professor Valter Amaral, como manda o protocolo nestas ocasiões, foi o último a se manifestar. Com calça de brim e camisa branca de mangas longas, arregaçadas, contrastou com o festival de bermudas e regatas da maioria. E nem estava suando.

Como se estivesse em uma sala de aula, Valter bateu firme e de modo didático nos governos de Brasília, de Porto Alegre e de Gravataí. Jogou giz em forma de petardos contra Temer e Sartori e, aqui na Aldeia, contra o ex-prefeito Marco Alba.

Mas bateu com a régua nos dedos, mesmo, das duas candidatas, Rosane Bordignon – que ele chamou de Rosane Massulo para desvincular do nome do ex-deputado e ex-prefeito Daniel Bordigon – e Anabel Lorenzi, do PDT e PSB, respectivamente.

— O Marco (Alba) a gente sabe e todo mundo sabe quem é. Mas o que as pessoas precisam mesmo saber é que estas duas candidaturas (Rosane e Anabel) estão aliadas aos governos federal e estadual, dão aval às medidas contra o trabalhador — disse.

O candidato petista à Prefeitura não poupou críticas à questão da segurança pública, ao que chamou de “desmonte do estado gaúcho”, à reforma previdenciária e ao desemprego. Se pudesse, colocava o presidente e o governador de castigo.

— O que estamos propondo é uma mudança. A sociedade atual exige que a gente reafirme nossos sonhos e utopias. E o nosso projeto é responsável, voltado para temas de muita importância como a saúde, a segurança, a educação, moradia, e tudo que interessa aos trabalhadores e às minorias — afirmou.

E concluiu:

— Não somos muitos, hoje e aqui, mas temos o melhor exército para lutar pela reconstrução de uma sociedade mais justa e mais fraterna!

 

No Cartório

 

A presidente Adelaide Klein informou que segunda-feira (6/2) vai registrar no Cartório Eleitoral a dobradinha Valter Amaral e Beatriz Prestes como candidatos a prefeito e vice de Gravataí na eleição 12 de março.

E já convocou a militância para o start da campanha no dia seguinte, terça, às 18h. Vai ser realizada uma reunião para definir as estratégias e tratar de material para a campanha que deve ser colocada nas ruas até o meio da semana que vem.

 

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