crise do coronavírus

’Vereador de Gravataí’ luta para receber auxílio emergencial

Audino com a companheira e as filhas

Um gravataiense está entre os 12 milhões que ainda não conseguiram receber a primeira, das três parcelas, do auxílio emergencial para trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados como proteção durante a pandemia do coronavírus. O motivo é inacreditável. Para o governo federal, Antônio Audino é ‘vereador’.

Aos 55 anos, há dois meses sem trabalho e portador de hepatite C, uma comorbidade perigosa caso adquira a COVID-19, Audino sobrevive com R$ 123 que recebe do Bolsa Família para cuidar das filhas gêmeas Bruna e Brenda, de 10 anos, e Raíssa, de 14.

– Amigos trazem um alimento, mas está difícil – lamenta Audino, que mora na casa sorteada para a namorada, a diarista Lucilene Schultz, no loteamento Breno Garcia, na periferia de Gravataí, e cuja família encaixa no perfil da proteção social por não ter renda mensal que ultrapasse meio salário mínimo (R$ 522,50) por pessoa, ou cuja renda familiar total seja de até 3 (três) salários mínimos (R$ 3.135,00).

Audino não se cadastrou para receber o auxílio em 7 de abril, primeiro dia em que o aplicativo da Caixa foi disponibilizado porque, conforme as regras divulgadas pelo governo federal, receberia o auxílio automaticamente por estar no Cadastro Único (CadÚnico). Os R$ 600 seriam depositados junto ao Bolsa Família.

– Dia 29, só foram depositados os R$ 123 – conta Audino, que começou uma peregrinação, pessoal, digital e por telefone, até Caixa Federal, Receita Federal e DataPrev, para descobrir o motivo de não receber o ‘coronavoucher’.

A surpresa: o sistema informa que o desempregado foi “eleito ou exerce cargo público”. Para o governo federal sua situação é equiparada a de um vereador, mesmo que ele tenha concorrido à Câmara na eleição de 2016 e, com apenas 105 votos, não configure como suplente ao legislativo municipal, conforme a legislação eleitoral.

A Dataprev, empresa pública responsável por aprovar ou reprovar os cadastros do auxílio emergencial, não se manifestou até o fechamento deste artigo.

A Caixa instrui pessoas com o auxílio negado a refazer o cadastro pelo aplicativo do banco para pedir uma nova avaliação, mas não está funcionando com Audino. O CPF já aparece em uso no Cadastro Único.

O último apelo do gravataiense foi ao Ministério da Cidadania. Ele ligou para o 0800 e ficou no lugar 362 na espera. Após 45 minutos na linha, um atendente lhe forneceu o protocolo n° 1844892020 e informou que uma resposta seria dada “entre 30 e 90 dias”.

– Até lá minha família morre de fome! Não assino Carteira há 11 anos, não tenho conta em banco. Sou autônomo e crio minhas três filhas sozinho, apenas com o Bolsa Família. Minha companheira, com quem eu e as gurias moramos, é diarista e também tem pouco serviço – desabafa.

– Dá uma revolta. A gente passando dificuldades, sem ter a quem recorrer e ainda fica sabendo que 100 mil militares receberam o auxílio indevidamente…

Contatos com o Audino no e-mail as.audino@bol.com.br, ou telefone/WhatsApp (51) 995241831.

ATUALIZANDO: no último dia 29 Audino recebeu apenas "a fortuna", como conta, de R$ 123 do Bolsa Família. Seu caso ainda resta pendente na Caixa.

 

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