caso da maconha

Vereador ficou 10 dias com maconha no terreno de casa

Droga foi apreendida em agosto em depósito administrado pelo vereador Mário Peres | GUILHERME KLAMT

Pouco mais de três meses depois da maior apreensão de maconha feita em Gravataí este ano, a polícia mantém aberta a pergunta que deve definir o destino do vereador Mário Peres (PSDB): é possível que ele não soubesse da presença de 720 quilos da droga em um depósito no mesmo terreno onde vive?

O delegado Rafael Sobreiro, que comanda a investigação pela 2ª DP de Gravataí, evita adiantar qualquer posicionamento antes de concluir o inquérito, que está em fase final. Limita-se apenas a reafirmar que Peres é investigado e corre, sim, o risco de ser indiciado por tráfico de drogas, receptação de pelo menos dois caminhões roubados e clonados e um carro roubado, crimes ambientais pela existência de rinha de galo no mesmo local e por existir um poço artesiano irregular e, ainda, há suspeita de furto de energia elétrica (gato na luz) na casa do vereador e no depósito, que fica no mesmo terreno. A polícia aguarda apenas a entrega, pela RGE, de documentos que comprovem o furto de luz.

— A possibilidade do "gato" corrobora a constatação que tivemos de que aquele local concentrava uma série de crimes e irregularidades. O vereador é quem administra o local. Ele alega ter alugado uma parte do espaço, mas admite que é o administrador. Alguma responsabilidade ele tem — aponta o delegado.

 

 

Conforme o policial, ao afirmar que havia alugado o depósito da maconha, o vereador apresentou uma documentação, que ainda depende de perícia para avaliar a veracidade e quando a papelada foi assinada — se, de fato, antes do flagrante de drogas naquele local. O homem apontado por ele como locatário também foi ouvido pela polícia, e apontou um terceiro sublocatário que, por sua vez, apontou mais um. Ninguém admitiu ser o dono ou ter conhecimento dos 720 quilos de maconha.

 

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Quando os policiais chegaram ao depósito no bairro Vila Rica, seguiam a trilha de informações dando conta de que dez dias antes a maconha havia chegado a Gravataí. No momento da ação, um dos caminhões estava parcialmente carregado. De acordo com Sobreiro, a suspeita é de que o caminhão estava sendo carregado para levar a maconha a algum ponto de distribuição. 

— Provavelmente, se tivéssemos descoberto antes o depósito que estávamos procurando, encontraríamos muito mais drogas. Suspeitamos que, naquele dia, uma parte seria levada dali, mas não conseguimos determinar de onde veio e para onde iria a droga, que ainda estava acondicionada da maneira como costuma vir de fora do Brasil — explica Sobreiro.

O inquérito responderá como é possível que alguém tivesse tamanha quantidade de drogas por dez dias no seu terreno, sem qualquer sinal de que estivesse escondida, sem ter conhecimento. A casa de Mário Peres fica na parte da frente do terreno no bairro Vila Rica, com um portão entre o imóvel e uma série de pequenos galpões. No fundo deste mesmo terreno, fica o local onde a droga foi encontrada e, ao lado, outro galpão de madeira, onde galos de rinha — alguns bastante machucados — foram encontrados e entregues aos agentes ambientais.

De acordo com os investigadores, não há qualquer relato de que Mário Peres tenha sido coagido ou venha sofrendo ameaças após a apreensão.

— Não podemos afirmar a qual grupo pertence essa droga. Certamente alguém pagará este prejuízo — avalia o delegado.
 

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