opinião

Veto do prefeito é derrubado; surpresa em votos ’governistas’

Plenário da Câmara de Vereadores de Gravataí

O projeto não muda o mundo e, se não for aplicado, logo ninguém lembra, mas a votação joga fogo na base do governo. Pela primeira vez, a Câmara derrubou veto do prefeito Marco Alba, que desde o primeiro governo mantém uma maioria entre os vereadores.

Por 11 votos a nove, o legislativo não aceitou o veto ao projeto 36/2019, de Bombeiro Batista (PSD), que “dispõe sobre a publicação em meio eletrônico a autorizações e licenças para corte de árvore ou supressão de áreas verdes, no município de Gravataí, garante o acesso a informação no portal da transparência”.

O governo alertava para o vício na origem da propositura, que deveria partir do executivo e não do legislativo.  

Para quem não lembra, Bombeiro saiu este ano da base do governo, como já tratei nos artigos Bombeiro oficialmente fora da base de Marco Alba, Base de Marco Alba tem um vereador a menosBombeiro, o voto ’Acorda Gravataí’ no Ipag Saúde? Como prefeito pode perderO ’Beijo de Judas’; prefeito ainda tem 12 apóstolos?Vereador do governo vota mais uma vez com oposição e Bombeiro votará contra extinção do Ipag Saúde; o vídeo e a entrevista do dissidente da base do governo, publicado pelo Seguinte:.

Exóticos foram os votos de Fábio Ávila (PRB) e Jô da Farmácia (PTB), partidos com secretários e cargos na Prefeitura e que nunca tinham votado contra o governo.

Ao fim, são coisas da política, principalmente quando está chegando a hora de escolher mais uma vez entre fumantes e não fumantes. Millôr, genial, tratou desses Grandes Lances dos Piores Momentos dos seres políticos, em véspera de eleição:

 

“(…)

Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um ímã e um calidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar, sem ver, a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra, encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo pra bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando pra história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar umas seis pra resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a redistribuição dos bens sociais, começando, é natural, por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente do gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens.

 

OS VOTOS 

: Votaram pela derrubada do veto do prefeito: Alex Peixe (PDT), Bombeiro Batista (PSD), Carlos Fonseca (PSB), Dimas Costa (PSD), Dilamar Soares (PSD), Demétrio Tafras (PDT), Fábio Ávila (PRB), Jô da Farmácia (PTB), Paulo Silveira (PSB), Rosane Bordignon (PDT) e Wagner Padilha (PSB).

Votaram para manter o veto: Airton Leal (PV), Alan Vieira (MDB), Alex Tavares (MDB), Evandro Soares (DEM), Mario Peres (PSDB), Paulinho da Farmácia (MDB), Nadir Rocha (MDB), Neri Facin (PSDB), Roberto Andrade (PP),

* O presidente Clebes Mendes (MDB) só precisa votar em caso de empate.

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