crise do coronavírus

Voltamos à eleição: explode COVID, abre quase tudo em Gravataí, Cachoeirinha e região; Siga como fica a bandeira laranja

Prefeitos Luiz Zaffalon, Miki Breier e Paulo José assinaram termo junto ao governador Eduardo Leite, no Palácio Piratini

As prefeituras de Gravataí, Cachoeirinha, Glorinha, Viamão e Porto Alegre promovem, a partir deste domingo, um ‘liberou quase geral’ de atividades essenciais e não essenciais, mesmo com a confirmação da chegada da ‘COVID de Natal e Ano Novo’, índices de contágio e mortes próximos ao pico de agosto e UTIs covid e não-covid próximas à lotação, emergências e até maternidade funcionando sob restrição – como acontece desde sábado no Hospital Dom João Becker.

Voltamos às regras da eleição.

Ao fim deste artigo, detalho o Plano de Cogestão Regional que – diferente do acontece em países da Europa, que decretaram novos lockdowns com a segunda onda – não avança para a temida bandeira preta e sim recua da bandeira vermelha para a laranja, de médio risco, no Distanciamento Controlado do Governo do RS.

Fato é que, desde a igreja ao cabaré, a reabertura que antecipa a volta às aulas presenciais permite até eventos com mais de 2 mil pessoas, desde que “respeitando protocolos sanitários”.

A ordem dos governantes para evitar a tragédia 2.1 é aumentar a fiscalização sobre aglomerações, o que até agora – combinemos – operou sob a Lei Vampeta, do ‘finge de cumpre que eu finjo que fiscalizo’. Desde março, quando foi confirmado o primeiro caso na região, algumas poucas operações de fiscais, guardas municipais e brigadianos terminaram com a festa na Senzala dos pobres; agora, a promessa é de também baterem às portas da Casa Grande, e as aglomerações dos ricos.

Às 19h deste domingo o prefeito de Gravataí Luiz Zaffalon (MDB) apresenta as justificativas – técnicas e, acredito, mais políticas – em live no Facebook da Prefeitura.

– Queremos gerir saúde e economia de forma a proteger todos, melhorando as condições de quem precisa trabalhar. Faremos uma fiscalização mais rígida das aglomerações desnecessárias. Entendemos que empresários e a sociedade como um todo já possuem a expertise da maneira correta de agir para preservar as vidas, os seus negócios e os empregos – disse Zaffa, em nota.

O secretário municipal da Saúde assegura, na mesma nota, que “o pedido de abrandamento da bandeira vermelha para a laranja é possível, principalmente, por conta das condições que o sistema de saúde, incluindo o percentual de ocupação dos leitos de UTI na R10 estão apresentados neste momento”:

– Porém, é preciso ficar claro que protocolos sanitários e de distanciamento social mais rígidos são fundamentais para que consigamos manter esse cenário – disse Régis Fonseca.

– Precisamos que os artistas voltem a trabalhar para garantir o sustento de suas famílias através de regras claras e protocolos que preservem a saúde – disse Miki Breier, prefeito de Cachoeirinha, também em nota.

Os prefeitos Paulo José Corrêa (Glorinha), Valdir Bonatto (Viamão) e Sebastião Melo (Porto Alegre) também assinaram a Cogestão.

– Deixo um aviso à Cidade Baixa e Padre Chagas: se tiver aglomeração, a Guarda Municipal vai entrar em ação. Precisamos ter firmeza para recuperar a economia, e as pessoas têm que ter consciência de que não pode haver aglomeração – advertiu o prefeito da Capital.

 

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Torço para ser convencido por uma leitura mais positiva dos dados que serão apresentados pelo prefeito e o secretário na live de hoje. Salvo engano, a ‘ideologia dos números’ não parece evidenciar melhora significativa.

Os indicadores oficiais deste domingo mostram ocupação de 80% nos leitos da Região 10. No último dia de 2020, era de 82,8%. No dia 5, 79,4%.

Em Gravataí, a ocupação das UTIs covid está em 94,7%, a mesma desde dezembro de 2020. 17 das 19 UTIs estão ocupadas no Hospital de Campanha e do Dom João Becker. Dos 25 respiradores, 17 estavam em uso no fim do ano, no dia 5 são 19 e hoje 16.

Nas UTIs não-covid, segue a tragédia de antes mesmo da pandemia: as 9 unidades de tratamento intensivo do HDBJ estão ocupadas como sempre e, se dia 31 havia 39 pacientes para 14 leitos de observação, no dia 5 eram 40 e neste domingo 36, o que significa pessoas em macas, cadeiras de rodas, sentados no chão ou escorados na parede.

Em Gravataí a média de casos de janeiro é de 1 infectado a cada partida de futebol. As mortes chegam a 1 a cada 24h. Já são 10.388 casos e 244 vidas perdidas na pandemia. Para efeitos de comparação, em dezembro os indicadores mostravam 1 caso a cada 3 horas e 1 morte a cada dos dias.

É compreensível a preocupação dos prefeitos com as dificuldades enfrentadas por empreendedores, principalmente no setor de serviços, festas e eventos, e em um momento em que o auxílio-emergencial termina. Mas, não só a mim assusta a reabertura em um momento de explosão da COVID.

– Acabou. A equação brasileira é a seguinte: ou o país entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021 – alerta Miguel Nicolelis, brasileiro mundialmente famoso, professor da Universidade Duke, nos Estados Unidos e um dos criadores do Projeto Mandacaru, grupo formado por voluntários das mais diversas áreas que dá orientação e consultoria sobre o enfrentamento da pandemia aos nove estados que compõem a região Nordeste.

Em entrevista à BBC News Brasil, o neurocientista aponta a sequência de erros que colocam o país em segundo lugar no ranking de mortes por COVID-19 no mundo. Ele diz estar extremamente preocupado com o momento atual, de segunda onda de casos ou repique da primeira, agravado por campanhas eleitoras, aberturas pelo país e festas de fim de ano.

– Estamos num momento que era propício e imediato para ter uma intervenção nacional pela primeira vez. Para parar, para ter uma queda dramática e rápida de novos casos até que a campanha de vacinação começasse. Eu estou vendo esse momento com extremo pessimismo, porque a gravidade é óbvia – diz o cientista, consultado quase que diariamente pela GloboNews.

Questionado sobre o impacto econômico dessa medida drástica, Nicolelis afirma que “se realizarmos um isolamento social rígido, um lockdown por duas ou três semanas, com só serviços essenciais funcionando, é possível minimizar os danos econômicos no futuro”.

À pergunta “O sr. fala em intervenção nacional contra a pandemia. O que seria isso?”, Nicolelis respondeu:

– O Brasil precisa fazer algo muito parecido ao que aconteceu na Grã-Bretanha nos últimos dias. Isso, aliás, veio a partir do comitê científico britânico, que pressionou o primeiro-ministro e o governo para fazer um lockdown mesmo com o início de vacinação por lá. Era óbvio que não dava pra esperar pra vacina fazer seu efeito populacional. É preciso conter a escalada para o sistema de saúde não colapsar. O que nós precisávamos por aqui era justamente isso. Ter um comando central. Uma mensagem única, disseminada para o país inteiro, com transparência, com bons dados, com boas práticas. E nós precisaríamos, na minha opinião, de um lockdown por duas ou três semanas para reduzir a pressão no sistema de saúde.

Ao fim, reputo iniciaremos a semana não em um Seja O Que Deus Quiser, e sim em um Seja O Que Eu E Você Quisermos. Com regras iguais à eleição, como tantos reclamaram, enquanto esperamos a vacina cuidemo-nos ou seguiremos neste perpétuo e trágico 2020 – que hoje marca 41 de dezembro, no calendário da colega Márcia Dienstmann.

Inegável é que, sendo otimista, tudo vai de pior em mal.

 

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AS NOVAS REGRAS

Missas e cultos

: Agora: máximo de 30 pessoas ou 20% do público.

:  Como fica: 30% do público.

 

Restaurantes, bares, lanchonetes, inclusive em shoppings

: Agora: ingresso até as 22h, com encerramento às 23h / 40% a 50% de lotação.

: Como fica: sem restrição de horário / 50% de lotação.

 

Comércio essencial de rua (farmácias, supermercados etc)

: Agora: sem limite de ocupação / 50% de trabalhadores.

: Como fica: sem limite de ocupação / 75% de trabalhadores.

 

Comércio não essencial de rua (vestuários, eletrônicos, móveis etc)

: Agora: 50% dos trabalhadores / ingresso até 22h, encerramento às 23h.

: Como fica: 50% dos trabalhadores / sem restrição de horário.

 

Shoppings – Comércio não essencial

: Agora: ingresso até 22, encerramento às 23h / 50% de trabalhadores / 50% de ocupação.

: Como fica: sem restrição de horário / 50% de trabalhadores / 50% de ocupação

 

Shoppings – Comércio essencial

: Agora: sem restrição de dia e horário / 50% de trabalhadores / sem restrição de lotação.

: Como fica: não muda.

 

Bancos e lotéricas

: Agora: 50% de trabalhadores.

: Como fica: de 75% trabalhadores.

 

Condomínios

: Agora: fechamento das áreas comuns (piscina, salão de festa, churrasqueira etc) / academia com atendimento individualizado.

: Como fica: permite áreas comuns / distanciamento de 4m / academia, 10m2.

 

Serviços de forma geral (imobiliárias, salões de beleza, lavanderias etc)

: Agora: 25% de trabalhadores.

: Como fica: 50% de trabalhadores.

Obs.1: Advocacia e contabilidade: 75% dos trabalhadores.

Obs. 2: Continua sendo, preferencialmente, teletrabalho.

 

Clubes sociais

: Agora: abertos para atividades físicas de manutenção de saúde / fechados para lazer / fechamento das áreas comuns / 25% de trabalhadores / 25% de lotação.

: Como fica: abertos para lazer / abertas áreas  (piscina, academia etc), com distanciamento de 10m2 / 50% de trabalhadores / 50% de lotação.

 

Piscinas em geral

: Agora: apenas em clubes sociais e para atividades de saúde.

: Como fica: autorizadas de forma geral, com ocupação de 1 pessoa a cada 10m2.

 

Academias

:  Agora: 16 m2 / 25% de trabalhadores / 25% de lotação

:  Como fica: 1 pessoa a cada 10m2 / 50% de trabalhadores.

 

Eventos

: Agora: corporativos, sociais e entretenimento / fechados teatros, espetáculos etc. Apenas em ambiente aberto.

: Como fica: permitidos de forma geral / ambiente aberto ou fechado.

Pedido de autorização, conforme número de pessoas (trabalhadores e público) presentes ao mesmo tempo:

– Até 300: protocolos sanitários estaduais e municipais;

– 300 a 600: protocolos sanitários estaduais e municipais, mais pedido de autorização do município-sede, encaminhado pela organização do evento;

– 600 a 1.200: protocolos sanitários estaduais e municipais, mais pedido de autorização da(s) associação(ões) de municípios da Região Covid, encaminhado pelo município- sede (aprovação por no mínimo 2/3 dos municípios da Região);

– 1.200 a 2.500: protocolos sanitários estaduais e municipais, mais pedido de autorização do Gabinete de Crise, encaminhado pela(s) associação(ões) de municípios da Região Covid.

 

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