RAFAEL MARTINELLI

Zaffa pede a governador inclusão de Gravataí em nova negociação para atrair Mercado Livre; A III Guerra Política, o ICI e a polêmica do pinote da ‘Ford da logística’ em 2019

Governador visitou empresa na Argentina, nesta sexta-feira

O prefeito Luiz Zaffalon pediu para o governador Eduardo Leite incluir Gravataí na negociação para receber um centro de distribuição do Mercado Livre – companhia alvo de uma polêmica que extrapolou os limites da aldeia em 2019, quando desistiu de investimento de R$ 450 milhões e 2 mil empregos no município; volto ao ‘delivery’, ou pinote de sapatênis, ainda neste artigo.

– Conversei sim e pedi por Gravataí. Porém já estavam negociando com Sapucaia. Não sei se já acertaram, mas o governador ficou de avaliar – confirmou Zaffa, ao ser questionado pelo Seguinte: na manhã deste sábado.

Nesta sexta-feira, o governador se reuniu com a direção da empresa em Buenos Aires, onde, conforme nota, “Leite reforçou a disposição do governo em criar as condições para o investimento”.

– As conversações com a Mercado Livre ocorrem há alguns meses e estamos confiantes com as possibilidades. A decisão sobre o investimento cabe à empresa. Nós, enquanto governo, trabalhamos para propiciar a ela as condições adequadas para isso – explicou o governador, que apresentou à companhia as ações do governo para atração de projetos e iniciativas na área de inovação, acompanhado dos secretários da Casa Civil, Artur Lemos; de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo; de Inovaçao, Ciência e Tecnologia, Simone Stülp; e de Inclusão Digital, Lisiane Lemos, além do procurador-geral do Estado, Eduardo da Costa, e os secretários-adjuntos de Comunicação, Alexandre Elmi, e de Agricultura, Márcio Madalena.

Voltemos à polêmica de 2019.

Para quem não lembra, o Mercado Livre já tinha alvará expedido pela Prefeitura seis meses antes de desistir de um investimento de R$ 450 milhões e dois mil empregos em um centro de distribuição em Gravataí.

O episódio – que teve troca de notas, vídeos, audiência pública e ações judiciais – provocou à época o rompimento do então prefeito Marco Alba (MDB) com Eduardo Leite (PSDB).

Denunciando a inação do Governo do Estado, o ex-prefeito – no ano seguinte ‘Grande Eleitor’ de Luiz Zaffalon na vitória eleitoral de 2020 – chegou a comparar a perda do Mercado Livre, para Santa Catarina, com o pinote da Ford para a Bahia, no governo Olívio Dutra; leia em Perder Mercado Livre é pior que Ford, diz Marco Alba a Eduardo Leite; o ’delivery’, Marco Alba critica Eduardo Leite por perda do Mercado Livre; ’parole, parole, parole’, Perder Mercado Livre é crime contra Gravataí, diz Marco Alba; Leite é o ’comunista na sala’ em 2020, O café frio que custou 2 mil empregos para Gravataí, Eduardo Leite tem 5 dias para apresentar a Marco Alba processo que impediu a vinda da Mercado Livre para Gravataí e Mercado Livre a 500 Km de Gravataí; negócio segue às escuras.

O próprio Zaffa isentou Marco Alba da responsabilidade em debate na eleição de 2020, na qual a ‘Ford da Logística’ foi pauta; leia em Na TV, Zaffa e Dimas dividiram a bola do Mercado Livre.

Ao fim, é uma negociação difícil, mas inegável é que seria uma bomba política a companhia investir na aldeia em meio à III Guerra Política de Gravataí: Zaffa x Marco, pós Abílio x Oliveiras e Bordignon x Stasinski.

Pode ser o ‘ICI, índice de coincidências incríveis’ – expressão criada pelo jornalista Reinaldo Azevedo, que já usei para analisar a ‘pauta-bomba’ em 2020, em Maior doadora de Eduardo Leite, família Jereissati é concorrente do Mercado Livre no e-commerce; o shopping da política – o fato de Zaffa adiar uma filiação que era tida como certa no PP para conversar com o PSDB do governador, recebendo convite do próprio Leite, um dia antes da viagem para Argentina na qual foi revelada a negociação com o Mercado Livre; leia em Prefeito Zaffa é o troféu que Celso Bernardi quer para encerrar 30 anos no comando do PP gaúcho; Os ‘cultos’ em Gravataí e O dilema da filiação do prefeito Zaffa: dizer sim ou não para o governador Eduardo Leite; Renato Carioca, Sofia em Auschwitz, o bang e o soluço.

Ou não.

Era Tancredo que dizia que “em política não há coincidências”.

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