A sexta-feira, 12 de março de 2021, foi o dia em que o prefeito ‘decretou’ o colapso na saúde pública e privada de Gravataí. Em live e nota, Luiz Zaffalon informou que a ocupação de leitos destinados a pacientes com a COVID-19 chegou a inimagináveis 500%.
Neste cenário de guerra, enojam-me ações de demagogos e comentários de negacionistas no Grande Tribunal das Redes Sociais.
Perdoem-me o desabafo, a manchete '03 às avessas' para causar, para fazer ler, incomodar e provocar reflexão, além da impopularidade da sugestão, mas só um fechamento da cidade salva, como tratei ontem em Não seria hora de um lockdown de verdade, de indústria, supers e ônibus em Gravataí e Cachoeirinha?; O exemplo que funcionou.
Entre ontem e hoje, o contato é permanente entre Zaffa, o vice-prefeito Dr. Levi, o secretário da Saúde Régis Fonseca, o superintendente do Hospital Dom João Becker/Santa Casa Antônio Weston, o diretor técnico médico, Ricardo Gallicchio Kroef e o diretor de operações, Oswaldo Luis Balparda para tentar abrir mais leitos.
Em menos de 30 dias o número de leitos subiu de 32 para 114, mas há uma média de 150 atendimentos, ou seja, mais de 30 pacientes aguardam atendimento em cadeiras, macas ou deitados no chão – alguns em ventilação mecânica. Só que as estruturas física e de equipes médicas não mais suportam ampliações.
– A situação é desesperadora. É um estado de tragédia. Não há mais espaço, camas, macas, cadeiras, ar condicionado, capacidade de energia elétrica ou instalação de oxigênio suficiente – detalhou o prefeito.
– Leitos estão superlotados. Há 20 dias não conseguimos autorização estadual para transferir pacientes para outros hospitais. E há pacientes com outras enfermidades que também precisam atendimento – acrescentou o secretário da Saúde, comunicando a ocupação de UTIs e leitos de enfermaria no Hospital de Campanha, no Dom João Becker, no Pronto Atendimento 24 Horas e nas UPAs da 74 e da ERS-020.
– Hospitais Moinhos de Vento, Conceição e Ernesto Dornelles fecharam suas emergências. Nós estamos próximos a isso – alertou Dr. Levi.
Ao fim, insisto: o prefeito precisa fechar a cidade de verdade, inclusive mercados, indústrias e transporte coletivo, mesmo que, como teste, somente em finais de semana – inclusive orientando e até multando quem está na rua sem necessidade ou em aglomeração.
Infelizmente, o que se prevê é que, dia 22, o governador Eduardo Leite ‘decrete’ a suspensão da bandeira preta e invente uma nova bandeira vermelha, roxa talvez, apostando neste interminável abre-e-fecha que não resolve a urgência da superlotação de UTIs e leitos.
Para completar a alienação em tempos de guerra, reputo dos Grandes Lances dos Piores Momentos a Câmara de Vereadores, com votos de governo e oposição, ter aprovado nesta semana projeto de Fernando Deadpool que “reconhece como essencial a prática da atividade física e do exercício físico” e “estabelece que as atividades podem ser realizadas em estabelecimentos prestadores de serviços destinados a essa finalidade e em espaços públicos inclusive em períodos de calamidade pública”.
Como assim? Em resumo transformaram academias e quadras esportivas em atividade essencial no pior momento da pandemia.
Semana que vem será a creche tornada serviço essencial? Parece-me até mais necessário. E, depois, os vereadores atenderão ao cidadão que quer vender folha de ofício, ou ao vendedor de carro usado?
Já no Grande Tribunal das Redes Sociais, desinformados e informados do mal elegem seus vilões e os usam como habeas corpus para negar a tragédia, cobram as pessoas erradas, denunciam improváveis desvios de corrupção sem saber o que significa um zero após a vírgula, fazem política, ideologizam a doença, exercem do curandeirismo e mentem, mentem e mentem sobre a gestão da ‘gripezinha’ que mataria 800 e já destruiu mais de 250 mil famílias.
É muita tristeza. Espero ao menos evitem que suas carreatas atrapalhem o engarrafamento de carros funerários em frente aos hospitais.
Assista à live de Zaffa
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