opinião

O novo prefeito de Cachoeirinha

Fernando Medeiros será prefeito interino até sexta

Vamos à notícia, depois comento.

Prefeito em exercício nas férias de Miki Breier (PSB), que reassume segunda, o vice Maurício Medeiros (MDB) transmitiu há pouco o cargo ao presidente da Câmara, Fernando Medeiros (PDT), antes de viajar até Brasília, onde fica até sexta. Cristian Wasem Rosa (MDB) assumiu a presidência do legislativo. 

– Gostaria de convidar a sociedade a se unir ao poder público para lutar junto ao Estado pela ampliação do Hospital Padre Jeremias e pela instalação de uma UTI em Cachoeirinha – convocou Fernando que, para dar tamanho a cerimônia que teve a presença do deputado federal Afonso Motta (PDT), apresentou aquela que é uma de suas principais bandeiras, ao lado da causa animal, para a qual anunciou, em entrevista ao Seguinte:, pretende direcionar recursos de quase R$ 1 milhão que anualmente sobram dos repasses da Prefeitura para a Câmara.

– Ninguém faz nada sozinho. É muito importante esta integração entre os poderes – disse, na transmissão do cargo, Maurício, o vice que todo prefeito gostaria de ter, pela discrição e aversão às conspirações tão comuns na política.

– É um sinal de sintonia, harmonia e respeito entre os poderes executivo e legislativo – complementou Juliano Paz, secretário de Governança e Gestão e número 1 de Miki.

Comento.

Se há uma coisa que funciona no governo Miki é essa sintonia com a Câmara e os arranjos políticos. Coisa que o PSB soube aprimorar nos últimos 18 anos desde os governos de José Stédile e Vicente Pires. Sem mandatos, a oposição vive à míngua em Cachoeirinha. Todos os vereadores eleitos são da base do governo. Há rebeldes pontuais, como Jaqueline Ritter (PSB) e o próprio Wasen, mas não se tem notícia de divergências que tenham levado a retirada de todos os espaços dos parlamentares no governo, ou dissidências com apoio a candidatos de oposição nas eleições de 2018.

Com a prefeitura travada, ainda precisando de seis em cada dez reais que arrecada para cobrir a folha de pagamento, o que conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal impede a tomada de financiamentos, e sem certidões previdenciárias negativas devido à dívida de mais de R$ 100 milhões com o Iprec, o instituto de previdência dos servidores, o que tem restado ao governo é contar com recursos estaduais e emendas parlamentares da bancada federal.

Para dar certo, a fórmula Miki parece ser pouca briga e bastante conversa. Para além fronteiras, ficou ao lado de José Ivo Sartori (MDB) até o apagar das luzes. Rendeu, por exemplo, o asfaltamento de 33 ruas. Depois, deu um silencioso consentimento ao companheiro Stédile como secretário do governo Eduardo Leite (PSDB) antes mesmo de esfriar o corpo do ex-governador. Antes, também tinha optado pelo som do silêncio quando o cunhado, vereador Marco Barbosa (PSB-quase-tucano), foi dissidência da reeleição de Sartori e apoiou o pelotense. Mais: em entrevista ao Seguinte: no balanço de 2018 e perspectivas para 2019, foi crítico a Jair Bolsonaro, mas citou a disposição do bolsonarista Nereu Crispim, eleito deputado federal pelo PSL do presidente – e com parentes e negócios em Cachoeirinha – em fazer uma ligação do governo com Brasília.

Do ponto de vista doméstico, em 2017, 2018 e agora, 2019, Miki articulou para o presidente da Câmara assumir a Prefeitura, como sinal de boas relações com os partidos aliados. Inegável que o prefeito tem sido habilidoso em convencer a todos a botar mais água no feijão. Resta à oposição reclamar, nas redes sociais, da falta de sal.

 

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