O Hospital do Câncer, até agora o grande feito da sua vida política, é também o que Jones Martins mais se orgulha em mostrar em sua campanha para reeleição como deputado federal.
E não é só promessa, como já foi, para políticos de governo e oposição, um hospital regional para Gravataí: as obras começaram em fevereiro e não pararam após os selfies e o corte da fita. Nesta sexta, Jones ouviu em Porto Alegre o barulho das máquinas ao lado de Jorge Mendes Ribeiro, gerente de engenharia e patrimônio do Grupo Hospitalar Conceição.
Assista ao vídeo que Jones gravou antes de seguir a leitura do artigo
Faz bem Jones em exaltar sua articulação para construção do Centro de Hematologia e Oncologia, junto ao GHC. Seja pela importância da obra, quando se sabe que um a cada quatro pacientes que chega à emergência do GHC, a maioria de Gravataí, Cachoeirinha e Viamão, tem câncer e não recebeu o diagnóstico, seja pelo seu papel incansável nos gabinetes ministeriais, parlamentares e no próprio Palácio do Planalto.
Suplente, Jones aproveitou o ano e meio em que assumiu o mandato e, na articulação da megaobra, cumpriu a difícil missão de ultrapassar barreiras partidárias – justamente no momento em que a guerra política explodiu no Brasil.
O primeiro contato de Jones com o projeto foi em 2010, quando era conselheiro do GHC. Ao assumir uma diretoria no ministério da saúde em 2015, o projeto se arrastava pela burocracia pública. Aproveitando as relações que criou com políticos e técnicos nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, o gravataiense começou a sondar aqui e ali a possibilidade do hospital de 100 leitos, com atendimento todo pelo SUS, sair dos computadores para a realidade.
– Com vontade política, vai – ouviu de Gilberto Barrichello, que na troca de governo deixava o comando do grupo hospitalar que no Rio Grande do Sul tem um orçamento que só é menor que o do governo do estado e da prefeitura de Porto Alegre.
Articulando com a nova direção do GHC viu a área para o hospital ser viabilizada numa troca com a prefeitura da Capital por uma dívida, além de comemorar o principal: a inscrição de R$ 33 milhões no orçamento do grupo para 2018.
Era hora de buscar a “vontade política”: conseguiu mais de 200 assinaturas de congressistas e criou a Frente Parlamentar pelo hospital, com assinaturas do PMDB ao PT. Com apoio de toda bancada gaúcha, a obra também foi inscrita entre as três prioridades que os deputados indicaram ao governo federal para ser feitas em 2018. Ficou em terceiro lugar, atrás da duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, e de uma ponte no Rio Uruguai, entre Porto Xavier e a cidade argentina de San Javier – que não tem nem projeto, nem tratativas com o governo hermano, o que deve fazer com que os R$ 160 milhões prometidos para o Rio Grande do Sul sejam divididos entre a 116 e o Hospital do Câncer.
E a obra está andando há cinco meses, com os R$ 33 milhões todos na conta do GHC – por ordem de Eliseu Padilha, poderoso ministro-chefe da casa civil, uma das poucas verbas públicas que escapou do contingenciamento feito pelo governo federal para equilibrar as contas na crise que nunca termina.
– Como não estamos no Japão, que em 6 meses faz uma obra dessas, dá para projetar que o hospital abra as portas em dois anos. São necessários R$ 100 milhões para construção e outros R$ 50 milhões para equipamentos, que projetamos viabilizar com R$ 33 milhões por ano, entre emendas coletivas da bancada, emendas individuais e dinheiro do próprio GHC – calcula Jones, que aos 46 anos completa três décadas de política.
– É uma obra que valeu meu mandato. Não há família que não tenha enfrentado essa doença terrível. Estou muito feliz por ajudar na construção de um hospital que vai ser referência em atendimento não só para Porto Alegre, mas para Gravataí, Cachoeirinha, Viamão e toda região metropolitana.
Não é qualquer candidato que tem um hospital em construção para mostrar na campanha. Justo que Jones apresente sua participação nisso aos eleitores.