sobre lúcia

Uma mente vibrante

 

Lúcia Corrêa Monteiro conta com orgulho que trabalhou na roça desde criança e, depois, como rapadureira, em Morro Agudo, no interior de Santo Antônio da Patrulha, para onde a família, integrada por pai, mãe e 11 filhos, mudou-se de Miraguaia, outra localidade do município, onde nasceu em 1946.

Diz que lá surgiu seu amor pela natureza e a mania de colecionar coisas curiosas, raras ou antigas, que a acompanharia vida afora. Aos sete anos, encantou-se com uma pedra grande, com um lado fosforescente, que encontrou em uma de suas andanças pelo campo, e não sossegou enquanto o pai não a levou para casa em sua carreta.  

Desde então, carregou a pedra de um lugar a outro, enquanto milhares de outros itens, dos mais variados tipos, iam sendo reunidos, a ponto de que, em 1988, mudou-se com o marido e os dois filhos para uma casa com um terreno amplo, localizada na Rua Tamoios, em Cachoeirinha, para poder concretizar os sonhos de construir um espaço adequado para seu museu particular e de criar um jardim.        

Logo se espalhou a notícia de que ali vivia uma pessoa que colecionava utensílios antigos, fotos, documentos, selos, moedas e dinheiro de papel de vários países, cartões de telefone e embalagens de cigarro, e começaram a chegar doações de todos os lados.

Conta que foi a primeira mulher a integrar a Associação dos Colecionadores de Embalagens de Cigarros e Afins e que, além de assinar a revista da entidade, participou de um encontro que promoveu em Porto Alegre, do qual voltou com 800 embalagens recebidas de participantes de outros estados.

Ao se aposentar, depois de 20 anos de trabalho na Cia Souza Cruz, decidiu se dedicar à confecção de roupas sociais, em sua própria casa, e pôde, enfim, cuidar mais do museu, que se transformou em atração da cidade, assim como seu jardim, que, com o tempo, assumiu as características de um minibotânico.   

Ali, entre pardais, bem-te-vis, pombos, cambacicas e pombas-rolas,  cultiva cerca de 50 espécies de cactos, 50 de orquídeas e 30 de bromélias, além de inúmeras outros tipos de flores, folhagens, chás e árvores frutíferas como laranjeiras, araçazeiros e jabuticabeiras.    

Foi também em 1988 que Lúcia entrou para o Coral Municipal de Cachoerinha, que integra até hoje. Ela conta que o prefeito Francisco Medeiros, que criara o Coral, por decreto, no ano anterior, costumava aparecer em ensaios do grupo. Nessas ocasiões, divertia-se contando piadas que faziam a seu respeito, em função de sua baixa escolaridade. Mas era muito considerado, não só pelo carinho que tinha com relação ao Coral, como por seu interesse pela música.

Lúcia também mantém uma boa biblioteca e escreve poemas, um dos quais foi premiado pelo concurso Poesia no Ônibus, promovido pela Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura, da Câmara Municipal de Cachoeirinha, em 2016.   

Sempre atenta ao que ocorre nas áreas cultural e ambiental da cidade (recebeu o título de Amiga do Meio Ambiente, de SMAM, em 2014),  comemora, nos últimos dias, a notícia de que será criado um espaço de lazer com um pier, às margens do Gravataí, diante da Casa da Cultura Demósthenes Gonzales, pois não se conforma em ver a cidade de costas para seu rio.

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