Candidata a prefeita pela segunda vez, Anabel Lorenzi revela que mira o médico do PSD para ser seu companheiro de chapa e diz ver com naturalidade a migração de votos de Daniel Bordignon para sua candidatura, caso ele seja impedido de concorrer
– Não tenho acordo nenhum com o Cláudio Ávila. Acho que as pessoas veem com naturalidade que haja uma migração de votos e fantasiam essa tese de que está tudo combinado – diz Anabel Lorenzi, 48 anos, candidata do PSB à prefeitura de Gravataí, avaliando a hipótese do apoio do PDT e seu candidato, Daniel Bordignon, à campanha dela se ele não tiver condições jurídicas de entrar na disputa.
Professora de Português e Literatura com quase 30 anos de militância política em partidos de esquerda – começou no PT, aos 20 anos, nas comunidades eclesiais da Igreja Católica, onde viria conhecer o ex-marido Miki Breier -, Anabel parte em direção à sua segunda campanha para prefeitura. A segunda pelo PSB. E, de novo, mira os votos que hoje orbitam a candidatura de Bordignon.
Para ela, a proximidade ideológica levaria esses eleitores para o seu lado.
– Mas acordo, para isso, não tem – refuta.
Começa a Fase 2
Anabel diz não pensar muito nisso – pelo menos por enquanto. Ela vem trabalhando para buscar parcerias que engordem a força política e eleitoral no partido nas urnas.
– Vamos conversar com todos que querem a mudança. Não estou procurando ninguém que está com o governo por uma questão de respeito e nem com os partidos que já tem candidatos definidos – informa.
Isso incluiria o PT.
– Vamos falar com o PT, sim, por que não?
Anabel espera que as mágoas eventuais da sua saída do partido em 2005 estejam superadas e que a conjuntura política alivie alguma tensão que ainda possa persistir de seu voto favorável à cassação de Rita Sanco, em 2011.
– Acho que se o PT tiver candidato, enfraquecemos como oposição. Serão quatro nomes contra o candidato do governo. O ideal seria a união.
Para isso, ela pretende inclusive procurar o PSD e propor uma aliança com Levi Melo na condição de vice.
– Formaríamos uma chapa muito forte se ele aceitar. Temos até o período de convenções para amadurecer o assunto, mas vamos conversar.
Anabel conversou com o SEGUINTE: na quinta-feira, dia 7, à tarde. À noite, teria o primeiro encontro com João Portela, presidente do PSD de Gravataí, que confirmou a conversa no sábado, dia 9, no jantar de aniversário de Levi. Portela, no entanto, não quis comentar o conteúdo da discussão.
Em caso de negativa de Levi, a alternativa pode ser um vice do próprio PSB – que hoje conta com os vereadores Carlos Fonseca, Paulo Silveira e Carlito Nicolait, egresso do PT. Um nome do partido menciona uma negociação aberta com a Rede e o PPS, mas os dois partidos vem tratando paralelamente a aproximação com outras legendas. A Rede, por exemplo, tem boa relação com Anabel e filiou a vereadora Maribel Wagner, antes no PCdoB.
O partido, no entanto, promete estar com Marco Alba em outubro.
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Plano de governo
Enquanto as negociações por alianças avançam, o PSB trata de mobilizar sua base em torno de um projeto coletivo para governar a cidade. Nesse sentido, percebem a pré-campanha como estratégica no conjunto de ações que pode levar os socialistas à primeira vitória eleitoral para Prefeitura.
Anabel está disposta a iniciar uma cruzada pela cidade com a missão de construir um plano de governo, da Morada do Vale até a Caveira.
– Vai ser construído com muito diálogo, ouvindo as pessoas, os diferentes setores da cidade.
E vê com bons olhos a redução do período de campanha.
– A campanha mais curta é uma novidade para todos. Acredito que a eleição vai ser mais criativa e mais barata – avalia.
Segundo Anabel, a convenção do PSB deve acontecer logo nos primeiros dias do prazo oficial, no final de julho, para permitir que os candidatos a vereador façam seu registro a tempo de começar a pedir votos logo nos primeiros dias da campanha de rua.
Vice de Bordignon ou Marco Alba?
Anabel descartou que haja qualquer tratativa de aliança que indique seu nome como vice – tanto na chapa de oposição, com o PDT de Daniel Bordignon, quanto na do governo, encabeçada pelo prefeito Marco Alba.
– Não tem nada disso. O nosso presidente Beto Albuquerque vem falando diretamente comigo e deixando claro que não haverá solução de cima para baixo. Nosso partido é sólido em Gravataí, fui escolhida candidata a prefeita por unanimidade em um congresso do PSB e, portanto, não há qualquer possibilidade de recuo nessa decisão.
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Reforços
Anabel elogiou a chegada de Carlito Nicolait ao PSB – e conta com o vereador como um reforço ao time socialista na corrida eleitoral.
– É um vereador experiente, conhece administração pública. Tivemos um ganho qualitativo.
O campo político que apoia o prefeito, segundo ela, não teve o mesmo ganho.
– Na base do governo, por exemplo, as trocas foram internas. Além de nós, o PDT e o PSD também se reforçaram. Só a oposição ganhou nesse processo de trocas que encerrou no início do mês.
Contra o impeachment
Diferente de como algumas lideranças do PSB vem se manifestando até o momento, Anabel disse ser contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo ela, o PSB primeiro discutiria na bancada uma posição a respeito e depois, se necessário, nas demais instâncias partidárias.
A decisão só foi tomada na tarde desta segunda-feira, dia 11, favorável à cassação da presidente.
– Pessoalmente, acho que não é bom para democracia. É a minha posição, não do partido. Nas redes sociais principalmente, a gente nota que há um conteúdo machista que vem sendo rechaçado da qual a presidente é vítima – comentou, antes da decisão partidária.