Senti falta de uma manifestação do vereador Policial Federal Evandro Coruja (PP) condenando os atos de terrorismo em Brasília após a terceira diplomação de Lula como Presidente da República.
Salvo engano, o político, que usa a alcunha da instituição de estado para ser eleito, não fez nenhum pronunciamento na Câmara e nem se manifestou nas redes sociais, onde restam apenas posts com lacrações ao estilo ‘bolsonarismo-raiz’.
Coruja é PF da ativa.
Fosse o MST tentando dar um pé na porta no bunker da Polícia Federal para resgatar um sem-terra, e não um índio de festa junina, talvez o policial até tivesse pedido para ir a Brasília colaborar com o que aprendeu no curso de operações especiais ‘Bope/RJ Caveira’.
Coruja já participou de ações fora do Rio Grande do Sul, como reportei em Vereador de Gravataí PF Coruja e criança são baleados em operação contra milícia em favela do Rio; operação na qual foi baleado em favela do Rio onde milicianos aterrorizam moradores.
Fato é que o delegado federal Alexandre Saraiva, por exemplo, aponta como terroristas e parte de organização criminosa os supostos bolsonaristas que cometeram uma ‘noite dos cristais’ na capital federal.
– É coisa de organização criminosa como o PCC em São Paulo e o Comando Vermelho, no Rio. São bandidos que se aproveitam de pessoas com mente fraca e vulnerável, assim como é a da grande massa carcerária, que traficantes aliciam para ser bucha de canhão – disse o delegado ao ICL Notícias, lembrando que os policiais federais tem as áreas e prédios da Polícia Federal como “solo sagrado”.
– Esses criminosos cometeram uma heresia. Aquilo ali para nós, policiais federais, é solo sagrado. Não se faz isso impunemente contra a Polícia Federal. Dentro da lei, tenho certeza absoluta que vamos localizar um por um. E vão responder – garante.
Ao menos Coruja, que já deve ter consultado suas fontes na PF de Brasília, não acusou os terroristas de serem ‘infiltrados de esquerda’; uma delinquência intelectual que cometeu, por exemplo, como um ‘napoleão de hospício’, Bibo Nunes.
Vídeos circulam pelas redes sociais mostrando pessoas que estavam nos acampamentos nos quartéis e no Palácio da Alvorada participando dos atos terroristas.
Em algumas imagens, criminosos e criminosas se apresentam com orgulho, enquanto nomeiam as parcerias com as quais se associaram na queima de ônibus e carros de trabalhadores, como o Fiat velho e sem seguro da maquiadora Gabriela Braga, que era usado na garantia do sustento dos filhos que cria sozinha.
A revista Fórum também denunciou a ligação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República com os atos terroristas, como reportei em As digitais de Bolsonaro terrorista? Servidor da PF lotado na Presidência acusa GSI por terror em Brasília, denuncia revista; A Tia Dedé, o Bibo e os ‘comunistas infiltrados’.
Para completar, a quinta-feira amanheceu com a Polícia Federal cumprindo mandados de busca e apreensão “contra suspeitos de organizar atos antidemocráticos que contestam o resultado da eleição presidencial”.
A operação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e que determina o bloqueio de contas dos investigados e quebra de sigilo bancário, cobre o Distrito Federal, Acre, Amazonas, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Ao fim, parafraseio “No Caminho, com Maiakóviski”, poema do brasileiro Eduardo Alves Costa, transformando em “No Caminho, com a PF”:
Na primeira noite eles se aproximam e trocam um diretor que os investigava
E não dizemos nada,
Na segunda noite, já não se escondem;
Atiram em nossos colegas com fuzil e jogam granadas
E não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa sede,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo, ou delírio,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Ao fim, quando considerei dúbia a manifestação do vereador Policial Federal Evandro Coruja ao criticar o atentado de Roberto Jefferson contra policiais federais, era sobre isso que me referia.
À época, conclui assim o artigo Vereador policial federal de Gravataí chama Jefferson de ‘bandido”, mas relativiza atentado; O político e o policial: “Obrigado por ter chamado Jefferson de bandido, Vereador Policial Evandro Coruja. Mas, se me permite, e cada um que avalie se isso é bom ou ruim, ao misturar uma questão política com uma questão policial, o senhor se mostra mais um político do que um policial”.
O silêncio de hoje é pior.
Na política o silêncio grita.
Assista ao delegado Alexandre Saraiva entre os minutos 34 e 58