RAFAEL MARTINELLI

Zaffa diz sim a Cláudio Ávila em Gravataí; ‘O Encantador de Serpentes’

Ávila, Zaffa, Levi e Fabio, na convenção do UB na Câmara de Vereadores

O prefeito Luiz Zaffalon disse sim a Cláudio Ávila, o poderoso chefão do União Brasil em Gravataí, e o partido aprovou em convenção a participação formal na coligação que reúne PSDB, Podemos, Republicanos, Cidadania, PP, PL, PRD, PRTB, Novo, UB e PSD. A foto e vídeo do vereador com Zaffa, e também com o vice-prefeito Dr. Levi Melo (Podemos), aconteceu. Clique aqui para assistir.

Era uma das questões abertas da pré-campanha. O prefeito pré-candidato à reeleição não tinha ido ao aniversário de Ávila; leia em O festão de Cláudio Ávila em Gravataí: o grito das presenças e ausências.

Em maio, em Partido de Cláudio Ávila quer apoiar reeleição de Zaffa em Gravataí; O amor por correspondência, escrevi:

“(…) Zaffa, Dr. Levi e a base da reeleição ainda tem que aceitar Ávila e o União Brasil na coligação.

O prefeito, se não foi convidado, por ser uma reunião interna para definição eleitoral, até o fechamento deste artigo ainda não tinha curtido as postagens. Hoje, na política, repleta de fiscais de like, uma curtida por vezes é mais comemorada, ou criticada, que um discurso.  

Hoje notícia é que o União Brasil quer apoiar Zaffa. Reputo o aceite será notório quando aparecer uma foto do prefeito com Ávila e o partido.

Por enquanto, resta amor por correspondência (…)“.

Além de Ávila, o UB ganhou o reforço do vereador Fernando Deadpool, na janela de transferências partidárias de março.

Mesmo sem secretarias municipais, os vereadores integram a base de apoio parlamentar de Zaffa, indicam em torno de 20 cargos na Prefeitura e votam a favor de projetos enviados à Câmara.

Sarcasticamente, Ávila é apontado por vereadores ligados ao ex-prefeito Marco Alba (MDB), como Alan Vieira (MDB) e Alison Silva (MDB), como “líder informal do governo”.

Também faz Ávila, na tribuna da Câmara, as críticas mais violentas aos governos de Marco Alba e, mesmo tendo sido vice na eleição de 2016, que venceram, mas não assumiram, pela suspensão dos direitos políticos do ex-prefeito, também a Daniel Bordignon (PT).

– É o prefeito da criança – disse Ávila na convenção, referindo “2,4 mil vagas abertas em creches” como exemplo de políticas sociais cobradas por ele e pelo partido e adotadas pelo governo.

Ideologicamente, em seu discurso posicionou o partido em Gravataí como de “centro-esquerda”. Quando o hoje presidente estava preso, fazia uma defesa quase solitária na Câmara. Em artigos, chamava-o de “o vereador do Lula”.


Ao fim, é o estreitamento de inimizades que a política permite. O UB sai do “apoio à governabilidade”, como dizia Ávila, para a coligação formal com Zaffa-Levi.

Nos dois primeiros anos do governo, quando Zaffa ainda não tinha rompido com Marco Alba (PMDB), seu ‘Grande Eleitor’ de 2020, Ávila foi uma espécie de líder da oposição. Votou contra projetos polêmicos, como a reforma da previdência e o subsídio milionário para a Sogil.

A presença de Levi também deu fidúcia à aliança. O vice-prefeito tinha sido alvo de Ávila, e do então candidato a prefeito Dimas Costa (PSD), na campanha de 2020, quando teve pedida sua impugnação. O Ministério Público Eleitoral opinou que o médico deveria ter se desligado de sua clínica Millenarium a três meses da eleição por ter contrato de prestação de serviços para a Prefeitura de Gravataí, mas Levi restou absolvido pelo TRE, foi diplomado e assumiu como vice-prefeito de Zaffa; leia em Cláudio Ávila saiu do grupo; advogado não coordena mais campanha de Dimas e mira em impugnação do Dr. Levi.

Levi também mostra ter superado a polêmica com João Portella, pai do hoje presidente do UB, Fabio Pereira, por reclamar ter que pagar dívidas de cerca de R$ 200 mil da campanha a prefeito em 2016; leia em Dr. Levi é candidato a prefeito em 2020; e espera por Marco Alba e Bordignon e Portella detona Levi: chega de mimimi; o que acontece em Vegas, fica em Vegas.

O desprendimento do vice também foi demonstrado ao sentar ao lado do vereador Deadpool, com quem teve enfrentamentos políticos e judiciais, quando o parlamentar estava na oposição; leia em Vereador Deadpool terá que pagar 20 mil em custas mesmo após desistir de ação indenizatória de 200 mil contra Prefeitura de Gravataí, Dr. Levi e médica; O embrulho do Popular.

Ao fim, Zaffa consolida um necessário frentão de 11 partidos para apresentar por Gravataí suas realizações na busca pela reeleição contra dois populares ex-prefeitos, Marco Alba e Daniel Bordignon, cada qual com 8 anos de legado na Prefeitura.

Articulação que precisou fazer em pouco mais de ano, após o rompimento com o MDB; leia em Declarada III Guerra Política de Gravataí: Zaffa vai sair do MDB para enfrentar Marco Alba; Bem-vindo à política, prefeito! e Bomba em Gravataí! Nota do MDB é um aceite da guerra entre Zaffa e Marco Alba.

E o controverso Ávila, personagem de eleições na aldeia desde que foi artífice do golpeachment que vitimou a prefeita Rita Sanco (PT), mostrou mais uma vez ser querido por um dos favoritos. No ouroboros da política, picando por vezes com, outras sem veneno, novamente fez jus ao apelido eternizado em livro pelo comunicador Chico Pereira: “O Encantador de Serpentes”.

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