RAFAEL MARTINELLI

Justiça eleitoral aceita pedido de investigação contra Cristian por abuso de poder político em Cachoeirinha; O ‘tapetão 2.4’, o ‘fantasma Miki’ e a crítica ao denuncismo

A juíza eleitoral Suélen Caetano de Oliveira, da 143ª Zona Eleitoral de Cachoeirinha, abriu investigação sobre suposto abuso de poder político cometido pela candidatura à reeleição do prefeito Cristian Wasem (MDB).    

O pedido de abertura da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) – feito pelo candidato a prefeito David Almansa (PT) – inclui também o vice, Delegado João Paulo Martins (PP), e pede a cassação dos registros da chapa ou dos diplomas caso eleitos, além da inelegibilidade pelos 8 anos seguintes e multa.

Na petição inicial da AIJE aceita pela juíza eleitoral, Almansa denuncia que caminhadas da campanha de Cristian e Delegado foram precedidas por máquinas e caminhões da Prefeitura fazendo a limpeza dos locais.

O candidato também denuncia que funcionários informaram terem sido deslocados aos locais a partir de ordens diretas da empresa contratada pela Prefeitura para limpeza urbana.

“(…) de acordo com os agentes, solicitações como essa começaram a surgir após o início do período eleitoral, inclusive com deslocamento repentino das equipes de limpeza urbana para determinadas regiões da cidade, sem que tivessem finalizado o serviço já iniciado (…)”, diz o documento.

Além de abrir prazo para defesa de Cristian e Delegado, a juíza eleitoral também pediu manifestação da empresa concessionária da limpeza urbana.

“(…) os fatos narrados podem, em tese, caracterizar o ilícito sustentado pela parte autora. Indicadas as testemunhas e provas a produzir (…)”, decidiu a juíza, ao receber a petição inicial para abertura da AIJE.

Clique aqui para ler a decisão completa.

André Lima, coordenador geral da campanha de Cristian e assessor especial do prefeito, disse ao Seguinte: considerar a ação movida por Almansa “utilização indevida do judiciário”.

– É uma estratégia de denuncismo para fazer mídia, que já foi utilizada na eleição complementar, onde todas as ações semelhantes foram arquivadas – avalia o advogado.

Conforme André Lima, na apresentação da defesa “tudo será esclarecido”.

– Há, sim, um abuso da oposição em querer desmerecer o trabalho do prefeito em prol do povo. Já que não tem nada para mostrar, querem avacalhar. O que não terá guarida, seja no Judiciário, sejas nas urnas – concluiu.

Ao fim, resta inaugurado o ‘tapetão 2.4’, que rememora o ‘fantasma Miki’.

Mesmo que André Lima demonstre tranquilidade no convencimento da justiça eleitoral de que não houve abuso de poder político, em 2022 o prefeito Miki Breier (PSB) e o vice Maurício Medeiros (MDB) foram cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por condutas vedadas em período eleitoral – que, insisto sempre, reputo absurdas – também denunciadas em uma AIJE, à época movida pelo hoje vice de Almansa, Dr. Rubinho (PSDB).

Foi assim que Cristian, então presidente da Câmara de Vereadores, assumiu a Prefeitura, até vencer a eleição suplementar naquele ano.

E Miki resta inelegível por 8 anos.

A decisão no caso Miki – absolvido na Justiça de Cachoeirinha, mas depois condenado pelo TRE – demorou mais de dois anos. Na loteria de toga, dá tempo de ao menos assombrar.

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