RAFAEL MARTINELLI

3 anos após afastamento, Miki resta um homem inocente, mas assassinado politicamente

Dia 30 completou três anos das operações que afastaram Miki Breier da Prefeitura de Cachoeirinha sob suspeita de corrupção milionária em contratos de limpeza urbana. Até hoje, o ex-prefeito não foi denunciado pelo Ministério Público e nem processado no Judiciário.

Resta um homem inocente, apesar de assassinado politicamente.

O professor, atualmente na sala de aula em Gravataí, enviou mensagem a amigos.

“Olá! Completamos três anos da operação que nos afastou da prefeitura e afirmou que tinha “provas robustas contra mim”. E agora, sem processo, sem julgamento, restou uma história política interrompida e um recomeço com muitos fragmentos e grandes parcerias construídas”.

Rosane Oliveira, principal analista política a RBS, também lembrou a kafkiana efeméride.

“No dia 30 de setembro, fecharam-se três anos do afastamento do então prefeito de Cachoeirinha, Miki Breier. O Ministério Público dizia ter provas robustas de corrupção, mas até hoje Miki não foi julgado, nem processado”, escreveu, em sua coluna em GZH.

Já tratei da polêmica em uma série de artigos. Digite “Miki” no buscador do portal de notícias do Seguinte: que há dezenas de textos. Mais recentemente, rememorei o caso em agosto, em 15 anos depois, Yeda Crusius é inocentada. O que isso tem a ver com Miki Breier, prefeito cassado em Cachoeirinha.

As operações Proximidade e Ousadia, deflagradas em 2021 pelo Ministério Público estadual, com autorização do Tribunal de Justiça, afastaram Miki por um ano do cargo em investigação sobre “corrupção ativa e passiva, responsabilidade, desvio de verbas públicas, dispensa indevida de licitação, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa”, além de reincidência nos supostos crimes.

O MP apontou “evidências” de desvios de 45% em contratos de mais de R$ 10 milhões, entre 2017 e 2021. Miki receberia uma mesada de R$ 40 mil mensais de empresários. O procurador-geral Marcelo Dornelles falou até em “vídeo” e “malas de dinheiro”.

Sempre alertei que, com uma suposta corrupção que chegaria à METADE de um contrato, ou era caso para aparecer no Fantástico, caso comprovado, ou no Zorra Total, caso provas não fossem apresentadas.

Fato é que, desde a decretação da morte política de Miki, ou de sua transformação em um cadáver, um zumbi político, em 30 de setembro de 2021, não resta o ex-prefeito réu em ação criminal.

Pelo princípio constitucional da presunção de inocência, Volmir Miki Breier é um homem inocente.

Em único processo criminal no qual era réu, Miki foi absolvido, por suposto superfaturamento no hospital de campanha instalado durante a pandemia; leia em Miki absolvido em investigação sobre hospital de campanha de Cachoeirinha; O ‘covidão’ era um ‘covidinho’, como avisei.

Inelegível é, sim, por oito anos a contar de 2022. Mas não por condenação criminal. A cassação ocorreu na justiça eleitoral, pelo suposto pagamento de benefícios a servidores em período vedado pela legislação eleitoral; como já analisei em É absurda cassação de Miki e Maurício pelo TRE.

Por que referi que o 30 de setembro é uma ‘efeméride kafkiana’?

Miki resta um Josef K. da vida real. Sem denúncia do MP aceita pela justiça, sem ser réu, a quem lhe duvidar, pode responder “inocente de quê?”, como fez personagem de O Processo, de Kafka, quando questionado sobre culpa ou inocência, no caminho para execução.

Pena Miki já cumpre, sob presunção de culpa. Não apareceu no Fantástico. E o Zorra Total já saiu do ar.


Assista a entrevista exclusiva de Miki sobre o caso, para a SEGUINTE TV, publicada em setembro de 2022em A primeira entrevista de Miki em vídeo após ser tirado da Prefeitura de Cachoeirinha; “Pensei em desistir de tudo, mas a vida é bela”

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